2. A Toca

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Harry não conseguia acreditar – estava livre. Baixou a janela, o ar da noite chicoteou seus cabelos, e ele virou a cabeça para contemplar os telhados da rua dos Alfeneiros que desapareciam ao longe. Tio Válter, tia Petúnia e Duda estavam todos debruçados, estupefatos, na janela de Harry.

– Vejo vocês no próximo verão! – gritou Harry.

Os Weasley soltaram gargalhadas e Harry se acomodou no banco, sorrindo de orelha a orelha.

– Solte a Edwiges – Harry pediu a Rony. – Ela pode voar atrás do carro. Há séculos que não tem uma chance de esticar as asas.

Jorge passou o grampo a Rony e, um momento depois, Edwiges voou feliz pela janela e ficou deslizando ao lado do carro como um fantasma.

– Então, qual é a história, Harry? – perguntou Rony impaciente. – Que aconteceu?

Harry contou tudo sobre Dobby, o aviso que dera a Harry e o desastre com o pudim de violetas. Fez-se um silêncio longo e assombroso quando ele terminou.

– Muito esquisito – disse Fred finalmente.

– Decididamente suspeito – concordou Jorge. – E ele nem quis lhe dizer quem estaria tramando tudo isso?

– Acho que ele não podia – respondeu Harry. – Eu lhe contei, todas as vezes que ele estava quase deixando escapar alguma coisa, começava a bater a cabeça na parede.

Harry viu Fred e Jorge se entreolharem.

– O quê, vocês acham que ele estava mentindo para mim? – perguntou Harry.

– Bom – respondeu Fred –, vamos colocar a coisa assim... elfos domésticos têm poderes mágicos próprios, mas em geral não podem usá-los sem a permissão dos donos. Calculo que o velho Dobby foi mandado para impedir que você voltasse a Hogwarts. Deve ser a ideia que alguém faz de uma brincadeira. Você pode imaginar alguém na escola que tenha raiva de você?

– Claro – disseram Harry e Rony, juntos, na mesma hora.

– Draco Malfoy – explicou Harry. – Ele me odeia.

– Draco Malfoy? – perguntou Jorge, virando-se. – O filho de Lúcio Malfoy?

– Deve ser, não é um nome muito comum, é? – disse Harry. – Por quê?

– Já ouvi papai falar nele. Era um grande seguidor de Você-Sabe-Quem.

– E quando Você-Sabe-Quem desapareceu – acrescentou Fred, esticando- se para olhar para Harry –, Lúcio Malfoy voltou dizendo que nunca tivera intenção de fazer nada. Um monte de bosta... Papai acha que ele fazia parte do círculo íntimo de Você-Sabe-Quem.

Harry até pensou em falar isso para Olivia mais tarde porém desistiu. Olivia não se afastaria de Draco Malfoy por causa de algo que o pai fez.

– Não sei se os Malfoy têm um elfo doméstico... – disse Harry.

– Bom, seja quem for, os donos dele devem ser uma família de bruxos antiga e rica – disse Fred.

– É, mamãe sempre desejou que a gente tivesse um elfo doméstico para passar a roupa – comentou Jorge. – Mas só o que temos é um vampiro velho e incompetente no sótão e gnomos por todo o jardim. Elfos domésticos combinam com grandes casas senhoriais, castelos e lugares do gênero; você não toparia com um na nossa casa...

Harry estava calado. A julgar pelo fato de que Draco Malfoy em geral tinha do bom e do melhor, a família devia rolar em dinheiro de bruxo; ele podia até imaginar Malfoy se pavoneando por uma grande casa senhorial. Mandar o criado da família impedir Harry de voltar a Hogwarts também parecia bem o tipo de coisa que Malfoy faria. Ele teria sido tão burro a ponto de levar Dobby a sério?

Olivia Potter e a Câmara Secreta [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora