13. Tom Riddle

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Harry sentou-se na cama de colunas e folheou as páginas em branco, nenhuma das quais tinha sequer vestígio de tinta vermelha. Então tirou um tinteiro novo do armário ao lado da cama, molhou a pena e deixou cair um pingo na primeira página do diário. A tinta brilhou intensamente no papel durante um segundo e, em seguida, como se estivesse sendo chupada pela página, desapareceu. Excitado, Harry tornou a molhar a pena uma segunda vez e escreveu: “Meu nome é Harry Potter.”

As palavras brilharam momentaneamente na página e também desapareceram sem deixar vestígios. Então, finalmente, aconteceu uma
coisa. Filtrando-se de volta à página, com a própria tinta de Harry, surgiram palavras que ele nunca escrevera.

“Olá, Harry Potter. Meu nome é Tom Riddle. Como foi que você encontrou o meu diário?”

Essas palavras também se dissolveram, mas não antes de Harry recomeçar a escrever.

“Alguém tentou se desfazer dele no vaso sanitário.”

Ele esperou, ansioso, pela resposta de Riddle.

“Que sorte que registrei minhas memórias em algo mais durável que a tinta. Mas sempre soube que haveria gente que não ia querer que este diário fosse lido.”

“Que quer dizer com isso?”, escreveu Harry, borrando a página de tanta excitação.

“Quero dizer que este diário guarda memórias de coisas terríveis. Coisas que foram abafadas. Coisas que aconteceram na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.”

“É onde eu estou agora”, respondeu Harry depressa. “Estou em Hogwarts e coisas terríveis estão acontecendo. Sabe alguma coisa sobre a Câmara Secreta?”

Seu coração batia forte. A resposta de Riddle veio depressa, a caligrafia mais desleixada, como se estivesse correndo para contar tudo o que sabia.

“Claro que sei alguma coisa sobre a Câmara Secreta. No meu tempo, disseram à gente que era uma lenda, que não existia. Mas era uma mentira. No meu quinto ano, a Câmara foi aberta e o monstro atacou vários alunos e finalmente matou um. Peguei a pessoa que tinha aberto a Câmara e ela foi expulsa. Mas o diretor, Prof. Dippet, constrangido porque uma coisa dessas acontecera em Hogwarts, proibiu-me de contar a verdade. A história que foi divulgada é que a menina morrera em um acidente imprevisível. Eles me deram um troféu bonito, reluzente e gravado, pelo meu trabalho, e me avisaram para ficar de boca fechada. O monstro continuou vivo, e aquele que tinha o poder de libertá-lo não foi preso.”

Harry quase derrubou o tinteiro na pressa de responder.

“Está acontecendo outra vez agora. Houve três ataques, e ninguém parece saber quem está por trás deles. Quem foi da última vez?”

“Posso lhe mostrar, se você quiser”, veio a resposta de Riddle. “Você não precisa acreditar no que digo. Posso levá-lo à minha lembrança da noite em que o peguei.”

Harry hesitou, a pena suspensa sobre o diário. Que é que Riddle queria dizer? Como é que ele podia ser levado para dentro da lembrança de outra pessoa? Olhou, nervoso, para a porta do dormitório que estava ficando escuro. Quando tornou a olhar para o diário, viu novas palavras se formando.

“Deixe eu lhe mostrar.”

Harry parou por uma fração de segundo e em seguida escreveu duas letras:

“OK.”

As páginas do diário começaram a virar como se tivessem sido apanhadas por um vendaval e pararam na metade do mês de junho. Boquiaberto, Harry viu que o quadradinho correspondente ao dia treze de junho parecia ter-se transformado numa telinha de televisão. Com as mãos ligeiramente trêmulas, ele ergueu o livro para encostar o olho na janelinha e antes que entendesse o que estava acontecendo, viu-se inclinando para a frente; a janela foi se alargando, ele sentiu o corpo abandonar a cama e mergulhar de cabeça na abertura da página, num rodamoinho de cores e sombras. Depois, sentiu o pé bater em chão firme e ficou parado, trêmulo, e as formas borradas à sua volta entraram de repente em foco. Soube imediatamente onde se achava. Essa sala circular com os retratos que cochilavam era o escritório de Dumbledore – mas não era Dumbledore quem se sentava à escrivaninha. Um bruxo mirrado e frágil, careca, exceto por alguns fiapos de cabelos brancos, lia uma carta à luz da vela. Harry nunca vira esse homem antes.

Olivia Potter e a Câmara Secreta [2]Onde histórias criam vida. Descubra agora