001 - Leitora

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ʕ⁠·⁠ᴥ⁠·⁠ʔ

"Esteja sempre em primeiro lugar."

Essa frase incessante de minha mãe era dita todos os dias, talvez seja a forma dela de dizer que me ama.

Ser a melhor é minha maior característica, seja falando sobre matérias escolares ou atléticas. Sou a aluna n° 1 da escola de Hurricane, além de capitã da liga de torcida e representante do grêmio estudantil.

Minha vida sempre foi regada de elogios, não importa de onde viriam, mas não é que eu desgoste, eu adoro. É a aprovação que eu preciso.

Eu até sou arrogante, mas tenho medo de perder amizades caso demonstre isso, então geralmente guardo meu ego para mim, o que me ajuda a enturmar, todos parecem gostar de mim, exceto...

─ Quando é que você vai crescer, Afton!? ─ eu exclamei para o babaca que havia colocado taxinhas na minha cadeira.

─ Qual é? Tenha um pouco de humor.

─ Enfia seu "humor" no centro do seu... ─ o professor chegou, me obrigando a retirar as taxinhas com as mãos e me sentar, após mandar um olhar mortal para o de olhos azuis.

Michael Afton tem sido o terror do High School desde que entramos nele. É o cara mais ridículo, infantil, imaturo e sem noção que eu já conheci. Ele é tão metido e ridículo que apenas um minúsculo grupo de pessoas o considera amigo.

─ O que fez na escola hoje, princesa? ─ Mary, a governanta, perguntou ao me ver entrar.

─ Nada demais... Só me estressei com o...

─ Michael Afton de novo?

─ Isso...

─ Vá tomar um banho, seus pais chegarão logo para o jantar.

Eu acenei subindo as escadas e indo ao meu quarto. Ali, eu me troquei e fui para a suíte a fim de um banho. Me pergunto como papai está, não o vejo há alguns dias devido ao seu trabalho...

Devidamente arrumada, eu desci para a sala de jantar, encontrando meus pais, com faces nada boas.

─ Sejam bem-vindos de volta... ─ eu disse em tom de voz baixo no batente da porta antes de minha mãe sinalizar para me sentar.

─ O que fez de bom hoje? ─ minha mãe perguntou.

─ Nada, eu...

─ Como nada? Não teve aula!? É impossível não ter feito nada. ─ ela respondeu irritada, com ênfase na palavra "nada".

─ Nada de especial... Eu respondi algumas perguntas dos professores e...

─ Algumas? Por que não todas? ─ ainda me interrompendo, ela indagou.

─ Os outros alunos também sabiam a resposta, e eu queria dar a chance de...

─ Não, garota, não... Você ainda precisa aprender muito para se tornar a mulher que deve ser. Um dia será igual a mim, e então você perceberá que não se chega no topo sem pisar em algumas pessoas.

─ ...Sim, mamãe.

─ Deus abençoe essa terra se minha filha se tornar a metade do demônio que você é. ─ meu pai finalmente disse algo.

─ Esse "demônio" é quem mais lucra na sua vinícola, então cale a boca.

─ Seus métodos são anti-éticos.

─ Mas funcionam!

O silêncio se instaurou novamente, eu não me atrevi a levantar os olhos até minha mãe, apenas comi em silêncio.

Após o jantar, escovei os dentes e me sentei em minha cama, observando a casa Afton ao lado. Olhando por entre a janela, eu vi um menino chorando no chão. Abri o vidro e coloquei a cabeça para fora, me apoiando no batente.

─ Oi... ─ ao me ouvir, ele ergueu os olhos assustado, ainda chorando. Com a mão, eu fiz um sinal para que se aproximasse, e assim ele o fez. ─ Qual é seu nome, garotinho?

─ E-Evan... Evan Afton.

─ É um belo nome, Evan.

Eu me apresentei e perguntei o que havia acontecido com ele, timidamente, disse que o irmão o assustou. Conversando, eu o acalmei com minhas palavras, afirmando que ficaria ali observando para caso o Afton mais velho voltasse a aparecer, assim, fiquei ali na janela de vigia até que o jovem dormisse.

Assim que me virei para entrar em meu quarto, a porta do quarto infantil se abriu, revelando o adolescente com máscara de raposa. Imediatamente, eu peguei uma bolinha da minha cachorra, acertando o rosto do idiota.

─ Que... Porra foi essa!?

─ Vai dormir, babaca. Deixa o menino em paz!

─ Não se mete, idiota. Isso é entre eu e meu irmão.

─ Eu prometi proteger ele.

─ O bebê chorão foi implorar sua ajuda?

Dessa vez o que o acertou foi um pequeno bloco de notas que estava sobre minha escrivaninha.

─ Deixa ele em paz.

─ Se você jogar mais alguma coisa em mim, eu juro que... ─ ele é interrompido ao ter que se abaixar para não ser atingido por uma borracha velha. ─ Ok, cacete! Eu deixo o pirralho dormir! Vai se foder também, que merda...

Logo, ele saiu do quarto, e eu fechei minha janela, mas ao vê-lo voltando, eu o acerto com uma caneta acabada.

─ Tá bom!

Rindo eu volto para o quarto.

No dia seguinte, cheguei na escola pouco antes do horário, e fui direto para a sala de aula, onde na porta, haviam o idiota e seus amigos.

─ Não vou devolver nada daquilo...

─ Não é como se eu não pudesse comprar tudo de volta.

─ Para de se meter nos assuntos de família.

─ Pare de assustar aquela criança.

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Why Is Love So Contradicting?~ Michael Afton imagine Onde histórias criam vida. Descubra agora