007 - Leitora

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ʕ⁠·⁠ᴥ⁠·⁠ʔ

Outra criança se foi. Muitas se foram, na verdade. E o único que sabem o que provocou a morte foi Evan. Às vezes eu penso. Será que foi o Michael que...

Não... Não pode ser.

Bree e Peter são meus melhores amigos, e mesmo que eu fique mais tranquila com eles, eu sei que aqueles sentimentos horríveis não vão se afastar de mim tão cedo...

Ele e Peter andam muito próximos... Será que o Peter e ele...

Eu estou ficando maluca.

A cada dia que se passa, eu fico cada vez mais preocupada. Passei a dar carona para as crianças da escola fundamental, mas é claro que nem todas cabem no meu carro, mas eu tento.

Eu passo o mais longe possível de qualquer Afton que não seja a Elizabeth. E não quero que isso mude tão cedo.

Minha mãe acha isso um problema, visto que é amiga do Afton. Meu pai nunca foi com a cara dele.

Todos os dias eu vou até a lápide de Evan, deixo ali flores, doces, e conto as coisas sobre meu dia. Faço o mesmo com Susie, e ultimamente comecei a levar flores para os túmulos de cada uma daquelas crianças.

Hoje, quando cheguei na escola, vi viaturas da polícia na porta da escola, e todos com sacos do posto de gasolina, provavelmente escondendo suas bebidas e drogas. Como sempre, eu não tinha nada disso. Ao descer do meu carro, cumprimentei o delegado, e perguntei se ele veio pelas drogas que descartam atrás da escola pensando que ninguém sabe.

─ Não dessa vez, querida. Vim dar uma palestra. ─ respondeu.

Todos estavam no auditório. Eu cheguei meio tarde, e me sentei no lugar livre perto dos meus amigos entre Bree e Michael(que eu não sei porque está aqui). Ele perguntou se Peter não queria trocar de lugar, e fez cara de confuso quando meu amigo perguntou o motivo, mas no fim trocaram.

Então, o delegado entrou, com um breve:

─ Bom dia. Meu nome é Lewis Jacobs. Alguns me conhecem como o "Delegado cuzão que me escoltou pra casa depois de me encontrar com drogas". ─ ele diz olhando para o grupo de maconheiros, fazendo 90% dos adolescentes rirem ao ver uma figura de autoridade dizendo "cuzão". ─ Outros como "tio Lewis" ─ ele olha para mim com um sorriso ─ E um de vocês me chama de sogrão.

O namorado de Bree se levanta dizendo: "É isso aí, sogrão!". E novamente, os adolescentes se colocam a rir.

─ Brincadeiras à parte, eu tenho certeza que vocês sabem o que anda acontecendo com as crianças de Hurricane. Seus irmãos, seus amigos, seus vizinhos, seus parentes... Eu não vou usar de eufemismos, vocês estão grandes o suficiente para saber que tem um serial Killer entre os moradores dessa cidade.

Enquanto ele dizia, eu percebi Michael ficando tenso.

─ E por incrível que pareça, não é Michael Afton. Então tirem seus olhinhos curiosos dele.

Ele deu uma grande palestra sobre compra precisamos avisar caso soubemos de alguma coisa, não ter medo de denunciar, e mesmo que ele tenha dito sobre os álibis do Michael, eu sei que ele ficou tenso.

Eu estava com Bree e Peter na casa dele depois da aula, estudando enquanto Bree desenhava e ele servia chá.

─ Ah, o Mike vai vir aqui hoje pra estudar. ─ ele disse simples.

─ Vocês andam muito próximos...

─ Ele é legal...

Bree riu.

─ Imagino... ─ disse sarcástica.

─ Eu já vou. ─ eu me levantei quando Bree segurou a manga da minha camisa.

─ Não pode fugir dele pra sempre. ─ Peter disse sem olhar pra mim.

─ Mas vou fazer isso enquanto posso.

─ Mas eu vim de carona, amiga... ─ Bree choramingou.

─ Você nem está fazendo nada, o que te impede de ir comigo?

─ Gosto da casa do Pete... É claro, silencioso, e tranquilo.

─ Passo pra te buscar mais tarde.

Assim que abri a porta, dei de cara com ele, assim que me viu, desviou os olhos. Eu também não consigo o encarar olho a olho.

─ Será que você pode... ─ eu comecei.

─ Beleza... ─ ele saiu da frente, e eu saí da casa. ─ Jhonson! ─ eu o olhei, meio sem jeito. ─ Eu sinto muito por aquilo...

Eu não sei se ele deu suas condolências pelo Evan ou se desculpou por matá-lo. Não importa para mim. Ainda assim, não sei se quero me aproximar dele...

Eu não sabia como responder, então disse a primeira coisa que me veio à mente:

─ Foi proposital?

─ O que? ─ sei que ele ouviu, mas parecia em choque.

─ A sua intenção era machucar ele desde o início?

Ele ficou quieto por um tempo.

─ Me desculpa... ─ foi tudo o que disse.

Eu subi alguns degraus da varanda, o pegando pela gola da camisa, eu não via mais nada. Estava com raiva, estava triste, estava maluca.

─ Valeu a pena!? ─ eu gritei enquanto continuava segurando sua gola quando percebi que desciam lágrimas de meu rosto. ─ Foi engraçada a sua brincadeira!?

Em silêncio, Michael me abraçou com força. Do mesmo jeito que havia feito na biblioteca.

E a minha raiva sumiu.

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Why Is Love So Contradicting?~ Michael Afton imagine Onde histórias criam vida. Descubra agora