𝐀𝐍𝐀 𝐅𝐋Á𝐕𝐈𝐀
ροint οf viεw'4 meses depois
São Paulo - São Paulo
Ana Flávia ajeitava o jaleco recém passado em seu corpo pela milésima vez em um curto intervalo de tempo, enquanto se olhava no espelho.
Do outro lado do quarto, escostado no batente da porta, Gabi olhava para a irmã mais velha com os olhos brilhando.
- Nem acredito que você mal se formou e já conseguiu um estágio naquele lugar. Eu estou tão orgulhosa, Ana!
- Aí pirralha, eu estou tão nervosa. - caminhou até a irmã e segurou em seus ombros - e se eu não souber o que falar? OU PIOR! E se eu falar a coisa errada? E se eu não fizer amigos? E se meu chefe for um velho tirado e que não vai gostar de mim?
Gabi abraçou a irmã rapidamente, e logo a soltou enquanto ria.
- Calma mulher! Você não precisa ficar assim, sabe que é mais inteligente do que pensa, e se conseguiu esse estágio dentre tantas pessoas que tentaram é porque você consegue lidar com o que está por vir.
- Você acha, Gabi?
- Eu tenho certeza, a mamãe estaria orgulhosa de você. Eu te amo, e estou muito orgulhosa.
Gabi beijou os cabelos castanhos de Ana e saiu do quarto para terminar de arrumar suas coisas para o trabalho, Gabi havia arrumado a poucos meses, um trabalho como babá, o salário era bom e ajudava nas despesas de casa.
- Eu te amo - Ana sussurrou por fim.
Tocar no assunto "mae" sempre trazia uma dor absurda para o peito de Ana.
Ela é Gabi cresceram somente na companhia de Michele, sempre foram as três contra tudo e todos. Quando o pai de Ana descobriu que Michele estava grávida de Gabi, ele duvidou que a criança fosse dele, e as deixou sem dar explicações e muito menos amparo.Toda essa situação fez com que a mãe de Ana desenvolvesse uma depressão profunda quando Gabi nasceu, e como não tinham conhecimento ou dinheiro para tratar, a situação foi se alastrando até que Michele desistiu de lutar.
Foi quando reunindo as forças que nem sabia que tinha, Ana decidiu que faria o que pudesse para ajudar as pessoas que se encontravam na mesma situação.
E assim, cursou medicina na Universidade de São Paulo e, com honra e mérito, se formou como primeira da turma.Hoje, com 26 anos, conseguiu um estágio no Centro se Tratamento Santa Clara. Era seu primeiro dia e ela estava uma pilha de nervos, e sem saber que sua vida mudaria drasticamente a partir dali, pegou sua mochila, se despediu de sua irmã em direção ao ponto de ônibus.
São Paulo - São Paulo
atualmente
- Obrigada Gabriela, as coisas de Aurora estão todas na sala de jogos, você já conhece o caminho, tem comida na geladeira para das duas, fique a vontade. Estou mega atrasado! Qualquer coisa é só me ligar, não hesite. Até mais!
Gustavo falava tudo de maneira rápida enquanto pegava sua maleta, seu copo tamanho grande de café e as chaves de seu carro. O elevador pareceu demorar mais do que de costume, morar na cobertura tinha suas desvantagens, pensou por um milésimo de segundo.
Ainda estava em processo de adaptação no novo trabalho, e não queria decepcionar a supervisão chegando atrasado. Com Aurora em sua responsabilidade, as dificuldades se duplicaram. A pedido de Nicole, Gustavo resolveu trazer Aurora consigo para São Paulo, pois de acordo com a esposa, a mesma não queria ter mais responsabilidades agora que estava em um cargo maior. Gustavo aceitou pois não queria arranjar mais discussões.
Entrou no carro e acelerou o quanto era legalmente permitido até chegar ao CTSC. Estacionou, pegou suas coisas no banco de trás, segurou sua bebida com uma das mãos e a maleta com a outra e saiu como um foguete até a entrada do local, entretanto, aquele era o dia em que o novo grupo de estagiários iniciaram os trabalhos e foi tentando desviar de todos aqueles jovens recém formados, que Gustavo esbarrou em uma mulher mais baixa do que ele, fazendo com que todo o café fosse de encontro ao jaleco branco.
- Aí meu Deus! - a mulher falou tirando o jaleco imediatamente, no intuito de não deixar o líquido quente queimar a sua pele. - Você tá maluco?
- E- eu - Gustavo desviou os olhos da roupa manchada e encarou os olhos castanhos escuros da mulher a sua frente, em seu olhar havia raiva e ele arriscaria dizer que um pouco de desespero.
- Por que você não olha por onde anda? Você poderia ter me queimado!
- E- Eu sinto muito, mesmo. Eu estava atrasado, foi um completo acidente. - Gustavo tentou se justificar enquanto as pessoas olhavam aquela cena patética.
- Acidente? É o seu primeiro dia também? Seu "acidente" manchou o único jaleco que eu trouxe, o meu melhor jaleco. - Ana esbraveja tão possuída pela raiva que nem notou o quanto o homem alto e forte a encarava, assim como todas as pessoas.
No intuito de diminuir a atenção que estavam recebendo, o homem tirou seu próprio jaleco - que era o dobro do tamanho de Ana Flávia - e entregou nas mãos da mulher.
- É o meu, você pode usar, não quero causar maiores problemas. Mais uma vez, sinto muito.
Ana pegou o tecido e olhou em volta, logo as pessoas voltaram ao que estavam fazendo como se nada tivesse acontecido, quando voltou sua atenção para frente, o homem alto já havia saído também.
Juntou as suas coisas que haviam caído no chão e foi até o banheiro para se trocar. Felizmente não tinha outro jaleco, mas tinha levado outra blusa por precaução. Vesti-a e em seguida vestiu o jaleco que o homem havia lhe dado um pouco antes, as mangas ficaram maiores que os braços de Ana e a barra tocava na metade de suas coxas. Suspirou olhando-se no espelho, imaginando que seu primeiro dia no novo emprego não poderia piorar, e foi então que seus olhos desviaram para baixo, na caligrafia preta, onde notou o nome bordado no canto do jaleco.
"Dr. Gustavo Mioto
Chefe de Psiquiatria"
- Puta que pariu.
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Caso tenham alguma dúvida ou queiram pedir novos capítulos, estarei por lá tentando responder todos.
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Mente, Corpo & Alma | miotela
Romance|| 思想、身體和靈魂 ᥫ᭡ 𝐆𝐔𝐒𝐓𝐀𝐕𝐎 𝐌𝐈𝐎𝐓𝐎 é um médico bem sucedido que recebe uma proposta de emprego irrecusável. 𝐀𝐍𝐀 𝐅𝐋Á𝐕𝐈𝐀 é uma estudante de especialização recém formada. Vidas opostas, a mesma paixão: a mente humana. Iria o destino, uni...