Mente, Corpo & Alma | miotela

CONTRAMÃO

Maratona 1/10.

Narrador

A viagem de volta para casa nunca demorou tanto. Diferente de algumas horas atrás, Gustavo dirigia em alta velocidade, furando até alguns sinais vermelhos, estava preocupado com sua filha e também animado por ter finalmente tido a coragem de beijar Ana Flávia.

Quando estacionou no prédio e pegou o elevador até a cobertura, o homem aproveitou para consultar o relógio prata que estava em seu pulso.

02h20min da manhã.

Entrou em casa às pressas, deixando as chaves em cima da mesa no Hall de entrada. Tudo estava em silencioso, passou os olhos por toda a sala mas não encontrou Aurora ou a babá, foi então em direção ao quarto da pequena, que tinha a porta pintanda de rosa ( sua cor favorita, graças a princesa Aurora), entretanto, teve uma grande surpresa quando encontrou Nicole sentada ao lado da filha na pequena cama com vários adesivos de princesas e estrelas colados por todo canto.

- Olha só! Alguém lembrou que tem uma casa.

A mulher estava vestindo uma roupa social, como de costume. Ela direcionou um olhar decepcionado e um pouco bravo para a mulher a sua frente, falando baixo para não acordar a filha, enquanto se levantava e ia em direção a Gustavo, que com a surpresa ficou estagnado na porta.

- Nicole? O que você está fazendo aqui?

Questionou enquanto caminhava até a cama de Aurora, ela estava toda encolhida embaixo de um cobertor fino, e dormia com um semblante sereno. Beijou seus cabelos e tocou seu rosto, notando que a temperatura já havia se normalizado graças aos remédios e aos cuidados se Gabi.

- Hm.. me deixe pensar... o quê eu estou fazendo na casa do meu marido, que por questões legais também é minha?

Respondeu num tom carregado de sarcasmo.

- Eu estava com saudades de Aurora, e de você. -  continuou- Então cumpri todos os prazos que precisava o mais rápido que pude e peguei o primeiro voo que consegui, para poder passar o fim de semana com a minha família.  Mas e você, Gustavo? Onde caralhos você estava a essa hora?

Como se tivesse jogado um balde de água fria sobre a cabeça do loiro, Gustavo decidiu sair do quarto, para não acordar a filha e tentar evitar uma nova confusão.

Mas não pode deixar de pensar sobre a vinda de Nicole.

De repente ela lembra que é mãe e decidi vim ver a filha? Por um lado é bom, talvez essa febre repentina de Aurora seja por sentir saudades e falta de afeto da mãe.

- Eu sai com Giana.

Disse, simplesmente.

- Claro, a Giana. Olha, eu sei que ela é a sua irmã e depois a gente é a única família que você tem, mas você sabe o que eu acho dela.... ela continua... daquele jeito?

O loiro entendeu exatamente o que a mulher quis dizer no momento em que falou.  Giana namorava há quase quatro anos com Julia, elas eram lindas, se respeitavam, e principalmente, se amavam. Nicole nunca gostou da ideia de que a irmã de Gustavo fosse lésbica, por que segundo ela:

"Já não bastava a minha irmã, agora a sua também? Nós somos mesmo a salvação dos nossos pais."

O homem estava pronto para lhe direcionar todos os tipos de xingamentos possíveis e mandar ela para o lugar mais obscuro chamado "puta que pariu". Realmente o respeito entre eles estava por um fio. Mas foi quando Gabi bateu na porta do quarto que Gustavo repensou a ideia.
Ela havia ido tomar banho quando Nicole chegou, e estava ali para avisar que já iria se deitar. Com um sorriso sem dentes e um aceno de cabeça concordando e agradecendo por toda a ajuda naquele e nos demais dias, Gustavo fechou a porta após a mulher sair rumo ao quarto de hóspedes.