Prógolo

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Quando pego no sono sentado na mesa do quarto ouço um barulho vindo da porta. Levanto assustado e verifico a hora no pulso. Está de madrugada, o que me faz despertar o mais rápido e ir na porta a fim de saber o que aconteceu, o que não deve ser coisa boa. Assim que abro a porta vejo o comandante Calebe:

- Boa noite, Alteza- diz se curvando- a Majestade solicita a sua presença no escritório, é uma urgência - diz como uma feição de preocupação.

-Tudo bem - digo preocupado também - meu pai disse do que se trata comandante?

-Não Alteza, mas se me permite dizer, não parece algo bom - diz olhando para frente enquanto andamos em direção ao escritório.

-Isso é previsto comandante, realmente não acho que meu pai me chamar com urgência para uma reunião no meio da noite seria algo bom.

Assim que chegamos lá, ele para ao lado da porta, a abre e fecha assim que entro, e acho que queria ficar lá fora também depois do que vi.

O rei está perturbado andando de um lado para o outro, o que a rainha sempre diz para ele parar, ela já está sentada em uma poltrona, o que me assusta é ela estar com um lenço que usou para secar lágrimas que rolaram antes da minha presença.

Rodolfo também está presente. Sozinho. E com uma cara péssima. Algo realmente aconteceu, mas não quero brincar de adivinhar o que de ruim pode ter acontecido. Vou à rainha para beijar a sua testa.

-Querido - diz olhando para mim, por mais que esteja angustiada me lança um sorriso de ternura.

-Mãe, tudo bem?

-Fale com seu pai querido.

Vou à mesa que o rei está sentado depois que decidiu parar de andar em círculos.

Majestade - digo me curvando- o que houve?

Quando ele levanta seu rosto direcionando o para mim vejo seu olhar perturbado, porém logo o desvia para Rodolfo:

-Amigo, vá descansar, você precisa - diz assim que Rodolfo se levanta angustiado e vai em sua direção- quando isso passar conversaremos, tente descansar.

-Obrigado - disse em seguida, cumprimentou a todos e saiu.

-O que houve? - pergunto de novo sem pensar em outra coisa que poderia falar.

-Bom é do seu conhecimento que Rodolfo viria com sua esposa e a Sophia para passar tempo aqui até você completar dezoito anos para noivar, mas o avião caiu filho - ele disse com a voz falhando e eu entrei em choque, não falei nada, só deixei que prosseguisse- Rodolfo tinha últimos detalhes para resolver, as moças foram na frente e ele no segundo voo - ele disse ao passo que a rainha limpava mais lágrimas pela perda da grande amiga e sua única filha - ninguém resistiu infelizmente - terminou olhando para baixo e se sentou dando um suspiro alto.

Rodolfo era um grande amigo do rei, quando os dois se casaram suas esposas viraram grandes amigas, ao passo que engravidaram muito próximas uma da outra. A esposa deu à luz a Sophia e a rainha a mim, David.


Desde criança a única pessoa que tive uma pouco intimidade sem ser os reis de Luzis fora ela, tempo depois decidiram por nós que nos casaríamos, isto foi decidido a sete longos anos.


Não tínhamos muita intimidade, mas mesmo assim fico triste por sua partida e por seu pai que perdeu as únicas mulheres de sua vida, deve estar transtornado.

-E agora? O que faremos? - pergunto porque em quatro meses tinha que ter uma noiva.

-Bom, te chamamos para isso, querido- disse minha mãe, se levantando e entrando na conversa.

-Bom- disse meu pai pensativo- não conhecemos mais ninguém de confiança para casar com você, então temos que conhecer alguém, bom você tem - disse ele olhando para minha mãe buscando ajuda.

-Bom a única forma que vejo e sendo sincera acho que seria legal e um entretenimento para o povo, algo novo, seria um torneio.

-Um torneio? - perguntamos eu e o rei ao mesmo som.

-Escolheríamos uma certa quantidade de moças que viriam para o Palácio, você- disse se virando para mim- falaria com elas e as conheceria, acho que em até quatro meses você se dá muito bem querido, e daremos a chance de uma moça de vida simples poder se tornar princesa - disse sorrindo só imaginando - que tal? - perguntou olhando para nós.

-Eu gostei, aliás é a única e melhor solução que vejo, muitas moças te dariam opções, e enquanto estiverem aqui podemos chamar a senhora Elma para ser tutora delas e prepará las para quem será a futura princesa - disse meu pai entusiasmado, como se não estivessem acabado que perder alguém importante.

Eles me olharam esperando minha resposta. Estava borbulhando com tantas informações. Minha futura noiva morreu e sua mãe também. E agora tenho que conhecer alguém a ponto de querer que seja minha noiva em quatro meses. E isso num torneio cheio de moças e donzelas. Só de pensar em tantas mulheres no Palácio me sinto aterrorizado e arrepiado.


Porém é a única solução,a melhor que também vejo nessa situação, mas se for para dar a oportunidade a moças que queiram vir ao Palácio, quero seja do meu jeito.


A maior parte da minha vida fora traçada pelos meus pais e vou fazer agora meu único pedido:

-Concordo com vocês, vamos fazer isso, mas se formos fazer isso quero que um pedido meu seja realizado - falo olhando para cada um deles.

-Diga qual é, e se for possível realizaremos- disse o rei me olhando com surpresa, a rainha também está e está sorrindo como se estivesse pensando " esse é meu filho!".

-Pode acreditar que é possível realizar ele- disse sorrindo também - se formos dar a oportunidade de moças virem para cá, quero que seja quinze, mais que isso é demais para mim, quinze já vai ser difícil, mas o pedido é que a oportunidade seja dada a todas as moças do continente e não só do reino de Luzis!

-Como assim, querido?- perguntou a rainha.

-A oportunidade estará aberta a moças do reino de Luzis e de Obskur!

-De jeito nenhum- protestou o rei- eles vivem na imundície, fazem coisas que não aprovamos, e são escravos, iludidos pelo rei deles achando que são felizes com as migalhas que recebem até se verem na cova, sem nada e nenhuma lembrança feliz!

-Por mim pode ser- disse a rainha.

-Porque? - perguntou ele, não vou falar mais nada, sei que minha mãe me entende, e assim que ela o explicar, ele entenderá e será o fim da conversa.

-Ele vai dar a oportunidade a todas as moças, querido, como você bem disse o povo do rei Clarkson vive oprimido e iludido em sua escravidão achando que vivem felizes, as moças de Obskur terão não só a oportunidade de ser princesa e futura rainha, mas também de mudarem e conherem a verdadeira alegria e o verdadeiro amor e não a migalha momentânea que estão acostumadas a receber! - terminou com ternura nos olhos.

-Ok - disse meu pai entendendo e feliz com a ideia - desculpe filho, gostei do pensamento! - sorrio para ele que sabe que o desculpo - amanhã mandarei as cartas, podem voltar a dormir, porque amanhã teremos muitas coisas para definir! - disse se sentando.

Me despedi deles e fui para o quarto, certo de que não conseguiria dormir. Pessoas de Obskur terão a oportunidade de vir para Luzis e não há nada que me deixe mais feliz. Serão longos quatro meses!

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