Capítulo 10 - Ensaio

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Os dias se passaram tão rápidos que quando percebo já tinha se passado um mês desde a minha vinda para esse lugar. Sim, podem ficar surpresos também, mas posso dizer que também não aconteceu nada muito interessante durante todos esses dias desde a minha trégua com Mikhael.

Devem estar curiosos como se desenrolou minha nova relação com Linnyker. Bem, depois daquele dia do cinema, ficamos bem mais próximos, mas não o suficiente para que se levasse em consideração. A gente se fala de vez em quando pela manhã, não tomamos café juntos em nenhum desses dias que se seguiram porque Rafael sempre estava comigo, não que isso importasse de fato. A gente se via pelos corredores e na sala de aula, mas não trocávamos nenhuma palavra, talvez aquilo fosse um acordo silencioso que tivemos sem perceber sobre deixar as coisas só entre nós dois.

Pela noite, quando geralmente eu estava estudando, ele chegava, perguntava se estava tudo certo e depois se deitava. Nas primeiras vezes estranhei sua pergunta, mas então me dei conta que ele se certificava se Pedro apareceu em algum momento do meu dia. Felizmente, não via esse babaca desde aquele dia no corredor, realmente Mike tinha dado algum fim nele por um bom tempo.

Então meio que estávamos indo o melhor possível, ou seja, não houve nenhum desentendimento durante esse tempo. Cada um vivia sua vida, mas sem ameaças e brigas ou um ignorando o outro já que a gente se falava em certos momentos.

Descobri que o mesmo também é viciado em jogar alguma coisa, isso porque vivia em seu notebook ou celular jogando algum jogo diferente a cada dia. Mas notei algo diferente, geralmente ele passava o dia todo jogando quando aparentava está estressado com alguma coisa. Não deixo de associar com a conversa que ouvira do banheiro, onde acho que ele discutia sobre algo muito sério. Aliás, também não o ouvi mais conversar pelo telefone desde aquele dia.

Percebi também durante esses dias que Mikhael é muito perfeccionista quanto a suas coisas, tudo sempre no lugar extremamente impecável. Sem nenhuma roupa suja por aí largada ou sua mesa bagunçada. Agradeço muito por isso, não que eu fosse o mais organizado do mundo, mas gostava de manter a ordem e limpeza o máximo que podia. Não suportaria um colega de quarto bagunceiro.

Mudando de assunto, Rafael e eu estávamos melhores do que nunca, isso me fez lembrar em como ele era necessário na minha vida e sua ausência me fez afundar numa tristeza que antes não sentia. Tudo com o loiro era leve e divertido, nada mudou afinal. Tínhamos nossas brincadeiras que faziam sentido só nas nossas cabeças e nada mais importava. Não tive tempo de conversar com ele sobre Mikhael, mas não fiz questão, tudo estava tão bem e fluindo de maneira incrível que não valia a pena estragar isso o pressionando a falar algo que não se sentia confortável ainda.

Outra pessoa que está mais próxima que tudo é Lorena, apesar de ter criado um bom vínculo de amizade com todos, a loira continuava sendo a nova pessoa que mais me senti conectado. Ela amava fofocar a vida dos outros e eu amava ouvir, então tínhamos o combo perfeito. Foi através dela que descobri que alguns alunos do terceiro ano já chegaram a fazer orgia dentro de um quarto e talvez um dos monitores estava envolvido por isso não foi descoberto até hoje. Além de contar que em toda festa "clandestina" sempre haviam drogas da pesada que deixavam muitas pessoas passando mal, só que não poderiam ser levadas à enfermaria e por causa disso também aconteceu de uma menina quase ter uma overdose. Mesmo assim, até hoje não há uma fiscalização adequada, apesar dos responsáveis da festa serem expulsos. Lorena acredita que vários monitores estão envolvidos nisso e fazem vista grossa. É cada história que fico perplexo a cada vez que descubro algo novo, não podia acreditar nos absurdos que vários adolescentes podiam fazer quando estão juntos.

Descubro também que os alunos têm direito de planejar suas próprias festas 2 vezes no mês em um salão que a escola disponibiliza. Lorena explicou que durante muito tempo a direção era rígida quanto a isso, mas por algum motivo perceberam que a melhor saída para diminuir os casos absurdos que aconteciam nessas festas era liberar esses dois dias no mês. Talvez o diretor viu que os alunos tinham necessidades de socializar e direito a se divertir, fazendo com que o colégio não seja como uma verdadeira prisão. A loira disse que funcionou, mas ainda existem as festas clandestinas com casos isolados de pessoas que acabam tendo um porre daqueles.

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