Parte 6

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Evelynn estava distraída em seu celular com uma música ambiente sutil em volume baixo, deitada de bruços no enorme sofá em sua suíte. Já era noite, mas mais uma vez, a diva não teve qualquer disposição para sair do hotel, por mais que estivesse com roupa e maquiagem montadas.

Tudo parecia a mesma coisa em suas redes sociais, na Internet e até nos aplicativos em seu novo smartphone, por mais que trocasse de uma página para outra, continuava tedioso demais, provocando a consciência do vazio em sua rotina.

A porta se abriu sem aviso, levando a atenção da mulher até Akali, a única que tinha acesso ao quarto além dela mesma. Depois de um dia cansativo de horas intermináveis de ensaio, a mais nova ainda parecia ligada a uma corrente elétrica infinita e entrou dançando, animada com a música.

Inicialmente a mais velha apenas arqueou a sobrancelha, intrigada com uma abordagem tão incomum, mas logo foi inevitável rir com os passos que imitavam o Rei do Pop, que embora só demonstrassem talento por parte da rapper, o fazia de um jeito engraçado.

Evelynn largou o celular onde estava, virando o rosto completamente para a invasora, que se demorava mais em sua performance. Dessa vez, a mulher não teve tempo para pensar em suas frustrações amorosas e sexuais, ou no quanto Akali parecia incrivelmente mais gostosa depois daqueles anos longe. O pacote deixado sobre a mesa de centro só foi notado ao fim dos movimentos da garota, que àquela altura, também ria bastante.

Nenhuma palavra foi dita, a morena desembrulhou o enorme pacote e montou o prato que ofereceu à mais velha em seguida. Comida japonesa, constatou a mulher assim que baixou o olhar, mas aquela era diferente do que já tinha provado, ou ouvido falar.

Sem demora, a platinada sentou e estendeu a mão para pegar o que era oferecido. Parecia ainda quente e bastante saboroso. Os olhos azuis se perderam no rosto de Evelynn e o olhar foi imediatamente correspondido, como um imã, uma vontade incontrolável de se fazer algo, mesmo quando não se quer fazer. Uma luta da parte emocional e racional em um mesmo corpo, onde o racional é muito mais fraco. No entanto, Evelynn parecia ter mais controle, levantando ainda mais o rosto, como se estivesse se ajeitando para encarar melhor a japonesa, sem pudores, sem qualquer receio, ou medo.

Em outro momento, Akali diria qualquer coisa estúpida por achar que precisava acabar com o terrível silêncio, mas não sentiu que precisava disso para se sentir bem. Percebendo isso, Evelynn sorriu, livre também de qualquer pretensão de seduzir. Ela preferia o silêncio, afinal.

A mais nova sentou sobre a mesa de frente para a diva e começou a comer, levando Eve a fazer o mesmo. Ninguém comentou sobre a comida, mas o ato de degustar o prato sem interrupções até o fim, deixava claro que agradava o paladar.

Notando que Akali havia sujado o queixo com molho, a platinada tentou desviar o olhar e evitar abrir a boca pela primeira vez para uma interação verbal apenas para chamar a atenção para algo assim, mas acabou rindo de novo. Ainda sem dizer nada, Eve se aproximou, se inclinando levemente na direção da garota apenas para limpar seu rosto com o polegar, embora estivesse perigosamente perto. A simples proximidade da mais velha, fez com que a rapper tivesse dificuldade em respirar com seus batimentos acelerados.

Seria fácil para a diva iniciar um beijo ali, depois de um momento de descontração e intimidade, tendo claros sinais de que sua proximidade afetava a mais nova, mas esse era o oposto de seu objetivo.

O olhar de Akali mais uma vez se prendeu ao da mulher, que tinha seus olhos âmbar adornados com um delineado escuro com um efeito quase hipnótico, como se fosse uma serpente.

Evelynn saboreou de um jeito delicioso as palavras ditas pela garota, que apenas moveu os lábios sem emitir som algum.

"Foda-se!!"

Só não esperava ter os lábios da japonesa se chocando contra os seus com tanta violência, ou seu corpo inquieto sentando em seu colo e a empurrando de uma vez contra o encosto do sofá. Definitivamente Eve podia esperar qualquer coisa de uma aparição repentina da morena, exceto isso, mas só tornava o sabor da vitória como um doce veneno a ser degustado lentamente.

Primeiro Evelynn cravou as unhas no estofado macio ao seu lado, na tentativa inútil de aliviar um pouco a tensão abrupta, ainda que fosse gostosa, em seguida levou ambas as mãos para as coxas da rapper, apertando na mesma intensidade que sua vontade, subindo então devagar por suas costas por dentro da blusa, provocando a pele quente da garota com suas unhas bem de leve.

As línguas entrelaçadas em movimentos urgentes e intensos deram lugar a um suspiro de Akali, que não fazia questão de controlar a forma como seu quadril se movia, quase de forma involuntária, contribuindo para a excitação explosiva de ambas.

Pela primeira vez, Evelynn sentiu vontade de falar a cada vez que tocava o corpo forte da menina com seus músculos delineados em traços femininos perfeitos, queria dizer com todas as letras o quanto ela era bonita, sexy, gostosa e tirava o seu sono, mas não disse nada, seguiria a regra estabelecida em comum acordo do silêncio mútuo para aproveitar de seus outros sentidos.

Akali, no entanto, ainda sussurrava palavrões e coisas desconexas, mas tão baixo, que quase não era possível ouvir, quando sentiu a língua molhada da mulher deslizar demoradamente por seu pescoço em seu ponto de pulso, deixando ali um rastro molhado e leves mordidas, o que provocou outro sorriso em Eve, que embora também estivesse na mesma situação de seu tesão incontrolável, se divertia com aquilo.

Depois de tentar prender um gemido baixo sem qualquer êxito, a mais nova desceu seu olhar para o rosto da diva, que ainda exibia seu sorriso vitorioso. Ainda como se estivesse hipnotizada, deslizou o polegar pelos lábios da mulher, os sentindo molhados, o que causou um arrepio imediato em seu corpo. Rapidamente constatou que ela era ainda mais linda de perto e principalmente com seu sorriso de dentes perfeitos, que quase nunca mostrava.

A mente de Evelynn vagou em um pensamento obscuro, onde tinha a mão cheia dos cabelos da garota, rebeldes e soltos, enquanto a empurrava com violência de bruços na cama, tomando suas costas em mordidas e beijos naquele maldito desenho de dragão. Fechou os olhos por um momento, tentando afastar aquelas ideias, que ainda eram inoportunas, até que pudesse realizá-las na prática, deixando claro seu descontrole.

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