Parte 4

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Sabe quando você está em uma determinada situação, mas ao mesmo tempo sua mente está em outra cena? Akali encarava Evelynn, que dizia algo devagar, mas sua cabeça imaginava coisas o tempo todo. Se imaginava pegando a mulher pelo pescoço, sem medir sua força, como alguém que você odeia, ou quer muito.

É esse tipo de coisa que imaginamos, mas que nunca acontece de verdade. Não passam de devaneios, mas por um momento, a japonesa se perguntou: e se... ?

"Gosto da sua coragem e teimosia." Foi o que Eve disse da última vez que passaram um longo tempo íntimo juntas, trocando experiências e confissões sinceras, ainda que não se parecessem em nada.

"Talvez eu não seja assim tão corajosa."

— Ah, esses degraus? Não foi nada demais, eu poderia descer ainda carregando você, sério! Nem deu pra cansar — respondeu a rapper um tempo depois.

Evelynn apenas arqueou a sobrancelha. Sua mente também a traía com imagens do que era descrito e inevitavelmente passou a querer algo tão idiota e estúpido.

— Pois eu duvido! Você é pequena e parece exausta. Sua respiração tá bem acelerada. Não quero ser a responsável pela sua morte — a mulher provocou de propósito, sabendo que a jovem jamais recusaria um desafio, afinal todos são assim com essa idade, incluindo ela mesma.

— Se eu conseguir, você me deve um beijo. Quando digo um beijo, é um beijo de verdade — Akali cruzou os braços, encarando a figura da mais velha com mais seriedade do que antes.

— Ok! Você venceu! E como pretende fazer isso? Se você me derrubar, perde a aposta.

A morena não perdeu tempo, se abaixou de costas para Evelynn, ficando entre suas pernas e simplesmente ficou em pé outra vez, a levantando por cima de suas costas e a obrigando a prender as pernas em sua cintura.

— Por que eu tenho a impressão de que fiquei mais baixa agora — perguntou Eve em outra provocação, segurando o riso.

Não acreditava que Akali fosse realmente descer aquelas escadas enormes daquele jeito, então era divertido ao menos tirá-la do sério.

Soltando um som semelhante a um rosnado, a artista marcial ainda levantou um pouco mais o corpo da mulher, impulsionando as coxas dela pra cima sem aviso pra mostrar que aguentava seu peso daquela maneira, rebatendo o que dizia de forma silenciosa.

Quando a mais nova começou a descer em uma velocidade até imprudente, Evelynn passou os braços em volta de seus ombros, garantindo mais segurança, embora fosse a última coisa que sentia naquele momento.

A diva escondeu o rosto nos cabelos negros e mesmo que o perfume fosse delicioso, ainda estava em pânico por dentro, fechando os olhos com força. Sussurrou baixinho, mas com tanto desespero, que parecia estar gritando.

— Não, por favor! Você é maluca??? Vamos cair! AKAAAALI! Grrrr... Eu dou o seu maldito beijo, mas para, por favor!

Já era tarde para a proposta de Evelynn, estavam quase chegando ao fim, ou ao menos até o primeiro andar da casa, mas isso não impediu o sorriso vitorioso no rosto da mais nova, afinal ganharia seu beijo de qualquer forma, a julgar pelas palavras da platinada.

Ao chegar em frente à cabana de vidro, Akali parou, mas não largou Evelynn imediatamente, não queria se afastar, mesmo estando ofegante e muito mais suada. Os gritos da mulher haviam arrancado risadas de ambas pelo caminho, mas agora tudo estava quieto outra vez.

— Se quiser a gente sobe, só não prometo chegar viva lá em cima uma segunda vez — soltou a garota pra quebrar o gelo.

A platinada desceu devagar e manteve seu olhar preso no rosto de Akali, como se ela fosse seu alvo. E era! Se aproximou devagar, assim que percebeu que a respiração da japonesa estava mais calma, mas em vez de receber o beijo de bom grado, a jovem se inclinou pra trás quando seus lábios estavam prestes a se tocar, uma, duas vezes, até que a mais velha estreitou seu olhar em desconfiança.

"Então ela beija aquela garota inexperiente e totalmente sem sal e não quer me beijar?" Foi o que Evelynn pensou por um momento.

Dessa vez, a platinada se aproximou mais rapidamente e deixou um beijo demorado no rosto da garota, marcando sua bochecha com o batom vinho. Akali fechou os olhos, disfarçando as batidas aceleradas e respiração que insistia em ficar pesada novamente.

Nada mais foi dito. A garota desceu para o quarto que alugava junto com outros hóspedes no prédio maior, enquanto Evelynn subiu para o seu enorme quarto, que mais parecia um apartamento inteiro, sozinha.

O som de guitarras com batidas pesadas faziam um zumbido irritante nas janelas de vidro, mas a mulher tampouco escutava, enquanto lançava objetos contra as paredes blindadas de forma descontrolada entre gritos furiosos. O celular insistia em tocar, na tela havia uma série de convites para todo o tipo de eventos, mas nenhuma companhia parecia interessante o suficiente, então Eve também lançou o aparelho contra a parede, o partindo em vários pedaços.

Na parte mais baixa, o silêncio reinava no quarto de Akali. Sua mente insistia em repetir o quanto ela tinha sido boba, mas uma outra parte mais sensata dizia que era justo e que talvez fosse o único jeito de despertar um interesse real em uma mulher tão cobiçada quanto Evelynn.

Inevitavelmente, a garota pegou seu celular e abriu na foto que havia tirado outra noite, onde a mais velha dormia de forma tranquila, quase angelical, parecendo uma pessoa comum com seu cabelo bagunçado, já que na maior parte do tempo ele era tão arrumado, que nem parecia de verdade e sim o de uma boneca na vitrine.

A verdade é que ela ficava mais bonita assim aos olhos da rapper, quase parecia uma menina sem tanta maquiagem, além de sua expressão serena de um sono profundo e suave.

No chat privado de Evelynn, tentou escrever qualquer coisa para continuar uma futura conversa.

Desculpe pelo que aconteceu mais cedo...|
Desculpe pelo que aconteceu mais|
Desculpe pelo que|
Descu|
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Eu me diverti muito, a gente devia |
Eu me diverti muito, a gen|
Eu m|
|

Você tava tão sexy, que eu quase tive medo de mim|
Você tava tão sexy, que eu quas|
Você tava tão sexy, teria sido muito fácil te|
Você tava tão|
Você tava tão gostosa...|
Você tava t|
Voc|
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Akali respirou fundo, bufando e deixando o celular de lado, mesmo a contra gosto, antes de encarar o teto sem ter o mínimo de sono. Qualquer mensagem que enviasse naquele momento seria um erro, mesmo sem saber que Evelynn não iria ler tão cedo. Estava desconectada até o próximo delivery de celular que pudesse encontrar.

Liquid Heart - Akalynn Onde histórias criam vida. Descubra agora