Capítulo 4 2️⃣

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Esperar pela noite é uma tarefa árdua. Constantemente verifico as horas, cada segundo parece uma eternidade enquanto me movo pelo espaço da loja, medindo cada passo com ansiedade.

Hoje, mesmo tendo trabalhado algumas horas, combinei com o dono da loja que sairia mais cedo. Agradecida por sua compreensão, pois muitas vezes cubro os turnos nos fins de semana, tornando-me quase uma funcionária indispensável. O dono aceitou sem hesitar.

No ônibus, me viro, ajustando o cabelo, e observo cada carro que passa. Começo a me sentir paranoica, como se estivesse sendo observada.

A tensão cresce e, por um momento, penso em me entregar ao Impetuoso para acabar com a ansiedade. Sorrio sarcasticamente, enrolando-me ainda mais no cachecol para conter o calor.

Até as pontas dos meus dedos começarem a ficar dormentes. Busco acalmar-me lembrando que Chase não sabe sobre minha irmã. Ele dificilmente a procuraria lá, certo?

Mas outro pensamento surge. Uma certeza firme de que Chase é o responsável por tudo. Ele está me atraindo, esperando que eu caia na armadilha.

Dividida entre sensações contraditórias, não sei o que pensar. Como devo agir corretamente?

— Moça, você está doente? — Minha vizinha à direita me chama, preocupada. — Por isso você está tão enrolada?

— Não. Não se preocupe, está tudo bem comigo.

— Ah, ou está casada com um desses... tais Mohammed, certo? É por isso que está toda enrolada? E o que você vê neles? E você é tão...

— Eu apenas não estou me sentindo bem.

Interrompo a mulher antes que ela atraia mais atenção. Não esperava que minha paranoia pudesse despertar interesse indesejado.

— Maldição!

O motorista resmunga quando somos cortados por uma van preta. Ela freia bruscamente, quase fazendo nosso ônibus parar por completo.

Aperto o apoio de braço até ficar com os dedos brancos, levanto-me para examinar melhor. Eles estão atrás de mim, certo? Me descobriram! Meu olhar se fixa na escotilha no teto. Se eu abrir e depois pular... Há uma faixa de floresta aqui, eu poderia escapar...

— Compram carteira de motorista, mas não sabem dirigir! — Resmunga uma mulher.

A van continua, nada aconteceu. Provavelmente, apenas frearam de maneira inadequada.

Eu realmente estou ficando louca. Fugir para a floresta? Claro. Farei amizade com os lobos, vou treiná-los para atacar qualquer bandido que aparecer.

Ocupo minha mente com tolices para não tremer a cada movimento. Não faço ideia de como cheguei à cidade inteira sem sofrer um ataque cardíaco. Deve ser um milagre, só pode ser.

Saio para a rua, respirando avidamente o ar frio. No ônibus, estava toda suada e calorosa. O suor escorria pelo pescoço. Mas agora está melhor. Mesmo que eu fique doente depois, agora quero me refrescar.

Ainda tenho uma hora até o encontro. Cheguei cedo de propósito. Agora posso dar uma pequena volta e relaxar.

Está tudo bem. Chase não mora nesta cidade, pelo que eu sei! Talvez ele nunca tenha estado aqui. Por que ele deveria procurar aqui?

Tenho certeza de que os capangas do Impetuoso já revistaram a cidade onde meu pai e minha irmã moram. Não encontraram nada. E deixaram todos em paz.

Além disso, estou toda enrolada. Ninguém vai me reconhecer! Afinal, não são apenas três pessoas na cidade. São cem mil! Que tentem me encontrar na multidão.

Paro em frente a um café. Ainda tenho mais dez minutos, tudo bem. Ninguém me pegou ou arrastou para lugar nenhum. Eu estava errada em ter medo.

Encosto-me a uma árvore em frente ao restaurante. Observo atentamente a rua de sentido único. Tudo sob controle.

Raspo a casca ressecada, arrancando um pedaço para me ocupar com algo. Tento me distrair, porque quanto mais perto é a hora do encontro, mais eu tremo.

Quanto vai custar a ajuda? E como devo entregar tudo? Nunca subornei ninguém! Provavelmente, terá que ser de maneira discreta, não é? Colocar em uma lixeira qualquer, e depois alguém pegará o envelope.

Ou talvez seja melhor na bolsa...

Os pensamentos se misturam quando um carro freia perto, quebrando todas as regras de estacionamento. Um homem sai do restaurante.

Minha respiração prende quando eu o examino. Uma figura poderosa, ombros largos. Ele fecha o paletó enquanto caminha, e eu observo seus dedos longos.

Examinando avidamente seu rosto. Barba escura, tatuagens visíveis pelo colarinho aberto da camisa.

Ele sorri para alguém. E com esse sorriso afiado, meu estômago se contrai.

Por um instante, ele joga a cabeça para trás. Olhando para o sol, semicerrando os olhos. Eu sei que seus olhos são escuros como um abismo. E sua pele sempre cheira a tabaco.

Meu pulso dispara, batendo a centenas por minuto na minha cabeça. O sangue sobe para o rosto, fervendo. Eu agarro a árvore quando minhas pernas começam a ceder.

Este é o homem de quem eu fugi.

O Impetuoso.

É ele! O Chase Cameron está na minha frente.

Dez metros nos separam como se estivéssemos frente a frente. E eu já sinto os dedos quentes apertando minha garganta.

E paro de respirar.

Porque após um segundo, o Impetuoso se vira na minha direção.

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A única para o ImpetuosoOnde histórias criam vida. Descubra agora