Capítulo 3 2️⃣

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Alice se compromete a descobrir os detalhes e me pede para não fazer nada impulsivo. Vou tentar ao máximo.

Poderia simplesmente correr até minha irmã, ignorando tudo, mas isso não adiantaria de nada. Provavelmente, não me permitiriam chegar até ela.

A amiga promete ligar de volta à noite. Ela marcará um encontro através de um conhecido, e então poderei discutir todas as condições com os serviços sociais.

Com os dentes cerrados, dirijo-me ao trabalho. É uma pequena loja onde se vende literalmente de tudo, de tangerinas a parafusos. Mil coisas diferentes.

Lá, recebo mercadorias, trabalho no caixa e arrumo prateleiras. O salário não é alto, mas é suficiente para mim. É o único lugar onde me aceitaram facilmente sem documentos.

Quase não me lembro da troca de turno. Ajo no piloto automático, registrando produtos, atendendo clientes. Sorrio mecanicamente.

Meu coração aperta cada vez que penso na minha irmãzinha. Ela deve estar com muito medo, triste. E eu nem consigo estar lá para acalmá-la.

Antes, nós não nos víamos muito. Quando os pais se divorciaram, meu pai levou Kate e foi embora para outra cidade. Eu vinha visitá-la sempre que possível.

Agora, tudo será diferente. Vou arranjar o dinheiro para trazer minha irmã de volta. Qualquer quantia! E vou cuidar dela, ninguém vai atrapalhar.

Tenho certeza de que Kate vai gostar daqui. A Vovó Mary vai amá-la imediatamente, e a pequena ficará encantada com suas histórias. Desde que tudo dê certo.

Mordo o lábio até sangrar, cravando as unhas na palma da mão. Sinto palpitações de medo de que tudo isso seja uma trama do Impetuoso. Será que ele é tão cruel a ponto de envolver uma criança inocente?

Com certeza!

Ele é um criminoso. Ele fará qualquer coisa.

— Olá, beleza!

Dou um pulo quando um grupo de homens invade a lojinha. Aproximo-me, observando atentamente seus movimentos.

Infelizmente, são pessoas que conheço muito bem. Por isso, já estimo antecipadamente quanto isso vai me custar. Afinal, vão descontar a falta do meu salário.

O líder deles, James, brinca com uma faca. Abre e fecha rapidamente, irritando-me.

— Sentiu saudades? — Ele pisca para mim.

O pai de James trabalha nas forças de segurança. Fecha os olhos para toda essa loucura. Permite que o filho se divirta, até que ele ultrapasse todos os limites.

Esse cara anda pela nossa cidade como se fosse dono dela.

Involuntariamente, comparo com o Impetuoso. Ele fez tudo sozinho, construiu seu próprio negócio, mesmo que não seja totalmente legal. Ele não dependeu da ajuda de ninguém.

— Por que está tão tensa? — James resmunga, me olhando. Com descaramento, seu olhar para em meu peito. — Não gosta de ter clientes?

— Os clientes pagam, — respondo baixinho. — E vocês simplesmente pegam. E eu tenho problemas depois.

— Ei! — Ele chama sua gangue. — Colocam tudo de volta no lugar. Esperem lá fora, pessoal. Veja, Jade, nada de ruim aconteceu.

— Podem ir embora? — Peço com contenção, olhando ao redor em busca de ajuda. Mas a loja está vazia. — Eu preciso trabalhar.

— Então, trabalhe comigo. Ou eu não sou um cliente? Ali, quero... Aquela porcaria.

— O enfeite?

— Sim. Isso mesmo. Está vendo? Vou comprar. Converse comigo, Jade.

— James, escuta...

— Não entendi. Por que seus olhos estão vermelhos? Chorou?

James se aproxima de mim, eu me afasto bruscamente. Caio de costas nas prateleiras, franzindo o rosto de dor. As caixas com mercadorias caem no chão.

Acho que é hora de procurar a ajuda de uma bruxa para afastar esse azar e esse ímã para bandidos.

Me agacho, começando a recolher a mercadoria. Examinei cada caixa para garantir que não estivessem amassadas. Felizmente, tudo está normal.

— Por que você está se fazendo de difícil, eu não entendo — resmunga James, passando a mão pelos cabelos curtos. Ele me ajuda. — Vamos para um encontro. Flores, pôr do sol, todas essas coisas.

— Você também vai convidar a sua gangue para o encontro? — Eu respondo, apontando para os caras que estão esperando do lado de fora.

— Por que está tão zangada? Não seja tão arrogante, Jade.

— Quer um encontro? Eu vou pensar. Só me deixe em paz.

Estou mentindo, mas espero que isso ajude. Pelo menos, talvez o cara vá embora e eu consiga ficar sozinha. Pensar em tudo o que preciso fazer para tirar minha irmã do orfanato.

— O que aconteceu? — James se apoia no balcão. — Alguém te machucou? Diz se algo aconteceu. Vou explicar rapidinho que não podem mexer com a minha garota.

— Eu não sou sua garota! — Explodo, as emoções atingindo o auge.

Fico com a visão borrada por conta das lágrimas. Engulo em seco, abraçando-me pelos ombros.

Eu tinha um, a quem chamava de meu. Mas agora tudo dentro de mim grita que foi o Impetuoso quem armou tudo. Armou para meu pai apenas para me atrair.

— O que houve? — O cara fica meio perdido com minha reação. — Eu estava conversando normalmente com você. Algum problema? Diz aí. Eu ajudo. Juro. Tem algum problema aqui? O dono te ofende?

— Não.

— E o que mais? Alguém está te incomodando? Além de mim, haha. Ou você precisa de dinheiro? Ah, peguei.

Eu me contorço, e o cara percebe que acertou. James é a última pessoa a quem vou pedir dinheiro emprestado.

— Então, me diga quanto precisa — o cara sugere. — Eu arranjo. Sem problema.

— Não precisa, — eu balanço a cabeça. — Eu vou resolver isso sozinha.

— Por que você está sempre recusando? Eu estou oferecendo sem segundas intenções. Apenas assim. Em troca, vou pedir um pequeno favor. Nem mesmo algo sexual.

— Qual?

Olho perplexa para o cara. Preciso muito de dinheiro, segundo Alice é uma quantia louca de suborno.

Eu estava esperando uma proposta banal. Corpo em troca de dinheiro e coisas do tipo. Mas o cara surpreende.

O que será que James vai exigir então?


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