Meu coração dá uma batida. Outra e outra. Sinto literalmente tudo congelar por dentro.
Dou um passo para trás. Minhas costas encontram algo sólido e irregular. É a foto na parede.
Como ele me encontrou? Por que tão rápido? Não há esperança de salvação?
Meus pulmões queimam pela falta de oxigênio.
Os passos se aproximam, o som ressoa nos meus ouvidos e me enlouquece. Leva-me à loucura.
Eu me pergunto se ataques cardíacos acontecem na minha idade. Porque algo me diz que o meu está muito próximo. A qualquer momento, ele vai me pegar.
- Não se aproxime! Eu ofego e estendo a mão para frente quando os passos ficam muito próximos. Por causa do nervosismo, começo a ver tudo embaçado. Eu vejo apenas um contorno escuro. Exatamente como no meu sonho. Isso faz tudo dentro de mim se contrair ainda mais.
- Jade, por que você está ofegante? A voz masculina ecoa.
Nos primeiros segundos, mal compreendo que a voz não pertence a Chase. Definitivamente, não é a voz dele. Ainda estou em estado de pânico.
- Está tudo bem contigo? - Victor se aproxima, mas ainda não acredito, então me movo bruscamente, a foto que estava cravada em meu ombro se solta do prego e cai no chão. O vidro se parte.
- Não se mexa, você pode pisar no vidro e se machucar. Respire fundo, Jade, - diz Victor, suspirando. - Você consegue, eu sei. Vou lidar com esses fusíveis agora e ajudar. Fique onde está.
- Que fusíveis? Respondo com uma respiração ofegante, dando alguns passos para trás. Volto à realidade.
- Aqueles que queimaram, a tia Mary pediu para verificar. Ela ligou a televisão, e alguém esqueceu de tirar o plugue da chaleira da tomada de novo.
Ah, droga, esqueci. A casa aqui é antiga. A fiação é precária. Se quiser assistir TV, devo desligar todo o resto, ou vai queimar os fusíveis. Bem, isso é exatamente o que aconteceu.
Eu suspiro. Alto. Pressiono as palmas contra o peito e sorrio. Meu pobre coração começa a bater descontroladamente no peito. Bata, meu querido. Pode bater.
Não passa nem um minuto, e a luz no quarto se acende. Victor reaparece, desta vez com uma vassoura e uma pá nas mãos. Eu continuo obedientemente parada no mesmo lugar. Sem me mexer.
Victor é vizinho da vovó Mary, mora um andar abaixo. Ele é filho de bons conhecidos dela e costuma vir nos visitar com frequência. Antes, ele vinha mais, especialmente quando a vovó Mary morava sozinha. Costumava trazer mantimentos e medir a pressão para ela. Agora, com minha presença, assumi a responsabilidade pelas compras e pela medição da sua pressão. Além disso, Victor ajudou a vovó Mary a me levar para casa quando ela me encontrou desacordada no bosque. Os dois me ajudaram a me recuperar. Nos primeiros dois dias, mal conseguia lembrar de tudo. Havia lapsos de memória. Mas depois tudo se acertou. Provavelmente, foi por causa do impacto forte que levei na cabeça durante a queda.
- Pronto, pode se mexer - Victor sorri levemente.
- Obrigada, aceno em resposta, me afasto da parede, abro meu casaco. Victor, quer chá? Comprei pão fresco e ainda tem biscoitos.
Esfrego as mãos geladas. Ele acena em resposta, e eu sorrio.
Enquanto isso, me pergunto por que confundi o perfume dele com o de Impetuoso. Eu juro que o cheiro é muito parecido.
Quando passo por Victor, que está sentado na cadeira, involuntariamente cheiro o ar. Respiro fundo. Estranho. Victor cheira a colônia. No entanto, o aroma é completamente diferente. Não é o mesmo cheiro que me atingiu assim que entrei no apartamento.
Estou ficando louca? Ou algo assim? Talvez seja assim que as pessoas acabam em hospitais psiquiátricos? Esse cheiro realmente existiu, ou é apenas minha mente pregando peças?
- Oi, e onde está a vovó Mary? - Olho ao redor procurando por Mary.
- Ah, ela foi para a vila, disse que tem um assunto para resolver lá. E me mandou para cá para lidar com os disjuntores.
Victor dá de ombros, e eu suspiro discretamente. Essa vovó Mary... Será que ela armou tudo de propósito? Para que nós dois fiquemos sozinhos no apartamento? E ela foi para a vila fazer o quê? Será que realmente foi ver a bruxa?!
- Que tipo de chá você prefere? Preto ou verde?
Me viro para olhar Victor. E ele está lá, como se estivesse paralisado. Me observando. E seus olhos parecem vidrados. Instantaneamente, minhas bochechas ficam vermelhas.
Eu sei que ele gosta de mim. É muito óbvio. Mas Victor nunca deu a entender nada, e eu era muito grata por isso. Mas vovó Mary simplesmente não consegue se acalmar. Ela está sempre me empurrando. Dá indiretas. Diz que Victor é como uma parede de pedra. E que sempre está sob sua proteção.
Mas eu sei o que significa ter uma parede de pedra. Fico paralisada, segurando a chaleira fervendo. Meus pensamentos voltam para o Impetuoso novamente. Será que ele já esteve neste apartamento? Procurando por alguma coisa? Verificando? Porque tenho certeza de que o cheiro que senti ao entrar neste lugar era dele...
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A única para o Impetuoso
AcciónParece que esqueceste a quem pertences. Chase cobre-me com a sua sombra. Aquele mesmo homem que me queimou até às cinzas, mas para ele não foi o bastante. - Eu... não esqueci... Preciso de ajuda... - Se estiveres comigo, ninguém te magoará. Diz-me...