Capítulo 3 1️⃣

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O frio se instala por dentro. Os pensamentos na minha mente ficam cada vez mais sombrios.

Ele descobriu. Levou. Decidiu agir através da minha irmã? Para chantagear? Para fazer eu vir por vontade própria?

Aperto com mais força o telefone. Parece que está prestes a estalar. Talvez seja apenas minha imaginação, mas aperto com toda a força.

Os dedos da minha mão começam a ficar dormentes. Sinto um aperto na garganta. Tenho medo da resposta da amiga. E ela está estranhamente calada. Isso só aumenta a tensão. Empurra para pensamentos sombrios.

— Alice! — Sussurro no telefone.

— Jade! Meu Deus! Pensava que a ligação foi interrompida ou algo assim. Eu te chamo, chamo, e você fica em silêncio.

— Ela foi levada pelo Impetuoso? Diga-me, por favor, — os olhos ardem de lágrimas.

Não deveria ser assim. Não pode ser. Mas são os métodos dele. Eu sei. A maneira mais eficaz de me influenciar.

— Não, pela assistência social, — Alice finalmente responde.

Franzo a testa. Sinto confusão na cabeça. Não consigo entender. Por que a assistência social a levou? O que aconteceu?

— Por que a assistência social? Por quê? E onde estava o pai?

O coração dispara um segundo antes do pânico. Minha irmãzinha. A pessoa mais querida do mundo. Ela ainda é tão pequena. E eu prometi protegê-la.

— Alice... 

— Eu pensava que isso se resolveria de alguma forma, sinceramente, por isso eu estava quieta. Tentei ajudar através dos meus contatos. Mas... Eu não tenho conexões tão boas. E esses monstros só querem dinheiro...

— Alice, — imploro, pronunciando o nome da amiga mais alto.

— Desculpe, — ela para imediatamente, limpando a garganta. — Seu pai foi parar na prisão por causa de uma bebedeira descontrolada. Ele estava completamente fora de si. Alguém espalhou a notícia de que ele tinha um filho menor em casa. E aquele alcoólatra... Bem, de alguma forma conseguimos acertar. Consegui negociar sua libertação. Subornei alguém. Pensei que estava tudo resolvido. Mas depois, no hospital... aquele que seu pai agrediu... Ele não resistiu.

— Não entendi, — franzo a testa, realmente não estou entendendo tudo completamente.

As mãos e os pés tremem. A cabeça está prestes a explodir de tensão.

— Ele morreu, Jade. Não se recuperou da briga. Houve uma hemorragia interna. A coisa estranha é que ele já estava no hospital inicialmente por conta de outros ferimentos de brigas. Mas depois as coisas pioraram. No entanto, os médicos afirmam que sempre foi assim desde o início. E ninguém se incomodou em investigar. Prenderam seu pai e pronto. Sua irmã foi levada para um orfanato. Sua mãe perdeu a custódia legal. E você sabe... uma única verificação será o suficiente para perceber que não se pode confiar uma criança a ela.

Eu escorrego silenciosamente pela parede para baixo, apertando o telefone com a mão. As pernas não me sustentam mais. Prisão. Assassinato. Orfanato. A pulsante dor de cabeça, o medo envolvendo meu corpo com tentáculos pegajosos.

— Quando tudo isso aconteceu? — Parece que minha voz desapareceu completamente, estou rouca.

Eu olho para um ponto fixo. Preciso entender o que fazer a seguir. Preciso buscar minha irmã. Não há outra opção. Preciso encontrar uma maneira. Urgentemente.

Eu não posso deixá-la lá. Kate não vai conseguir. Ela não aguentará. Meu Deus.

— Uma semana atrás...

— E você ficou em silêncio? — Fechei os olhos, lágrimas escorrem pelas minhas bochechas.

— Você não teria mudado nada, Jade. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance. Ninguém poderia prever que aquele bêbado iria morrer e que...

— Uma semana atrás... E quando ele morreu? — Abro os olhos rapidamente, levanto-me. Suspeitas começam a me envolver. O sangue é carregado de adrenalina.

— Três dias atrás, — Alice responde com cautela.

— E quando o Impetuoso saiu? Quando ele foi oficialmente liberado? — Aperto a parte de cima do telefone. 

— Dois dias atrás. Jade, você acha que ele está envolvido?

— E você acha que não?! — Rosno em resposta. Entendo que a amiga não é culpada. E não estou zangado com ela.

— Eu não tenho certeza se ele sabe algo sobre você e sua irmã...

— Acho que, quando eu desapareci, eles montaram um dossiê sobre mim que faria qualquer um ficar chocado.

— E você acha que ele agiria assim?

— Alice, eu não sei. Mas você mesma mencionou sobre os ferimentos, que tudo parece estranho. Suspeito.

— Talvez, não sei... Jade, eu fui ao orfanato para onde Kate foi levada.

— E como ela está?! Você a viu?!

Pressiono o telefone tão forte que chega a doer. E já está doendo no peito.

O coração aperta, só de imaginar a irmãzinha lá. Sozinha. Encolhida no canto. Abraçada aos joelhos, chorando. Sentindo-se abandonada por todos. Totalmente sozinha. Lágrimas correm por minhas bochechas como um rio.

— Está ruim, Jade. Ela chora, não come nada. O tempo todo pede por você.

O coração se enche de angústia.

— Eu tenho que buscá-la. Eu devo, eu...

— Jade, há uma conhecida que trabalha para o amigo do meu amigo. Ele disse que com um suborno tudo se resolve lá. Eles podem entregar a criança tanto para sua mãe quanto para você. Fecharão os olhos para tudo. Mas só...

— Só o quê?! Fale!

Meus nervos já estão à flor da pele. A cabeça parece que vai se partir ao meio a qualquer momento.

— As quantias são enormes, Jade. Gigantes. Não faço ideia de onde vamos conseguir esse dinheiro.

Não sei por quanto tempo fico em silêncio. Um minuto ou alguns segundos.

— Jade...

Alice me chama suavemente. E eu estou completamente perdida. Não sei o que fazer.

— E o seu amigo... Ele conseguirá agendar um encontro?

— Acredito que sim, mas você tem certeza de que quer vir? Você sabe quem está livre. Se ele te encontrar...

— Preciso descobrir como salvar minha irmã. Estou disposta a fazer qualquer coisa por ela.

Kate é a única em quem consigo pensar agora. Preciso salvar minha irmã.


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