Parte 9

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Samira

Ela está sorrindo. Por que ela está sorrindo assim?

— A cartinha não foi sua? Não importa porque você não é o meu único objetivo em Noxus e o seu beijo mostrou o suficiente — Sarah falava sussurrando e em um tom provocante extremamente sedutor, que àquela altura já me parecia natural — Não faz diferença, se me escreveu um poema porque é exatamente aqui que quero estar e alguma coisa na sua forma de me beijar diz que você também quer isso.

— O que quer dizer — perguntei já ofegante sem nem perceber, meu ar já tinha ido embora com sua aproximação lenta.

— Que você me beija com raiva e tão profundamente, que o que quer que sinta por mim não pode ser ignorado. E eu já beijei muito!

"Mas que droga! Você é o meu TRABALHO, o meu alvo!"

— Já estou ciente que não sou seu único objetivo em Noxus, acabo de receber informações sobre o roubo de uma arma biológica por bandidos maltrapilhos com cheiro de bebida barata, invasores. Que coincidência!

Mesmo que discretamente, era a primeira vez que eu tremia diante de uma missão fácil, a indecisão tomando meus pensamentos, que alternavam entre matar, prender e beijar a dona dos cabelos ruivos.

— O que você tem contra as minhas roupas? Se não te agradam, você pode tirar, ou me dar roupas novas! O que acha?

"Não, a vontade de matar é bem maior!"

— Eu queria estar errada sobre você — suspirei baixo, decepcionada comigo mesma e toda a situação inesperada — Queria que você não estivesse aqui na minha frente depois de ter roubado Noxus.

Mais uma vez aquele maldito sorriso em momentos que não cabem, mas dessa vez ela me olhou fixamente e de um jeito mais sério em seguida.

— Estou certa no meu ponto de vista, no que eu acredito, lutando pela minha causa, mesmo que você pense que não. Eu estava errada quando afundei aquele navio de escravos?

— Pergunta interessante, capitã. Só que ainda estamos em lados opostos agora. E você não afundou nada, literalmente tive que te salvar!

Vingança! Era isso o que eu queria! Sabe-se lá por qual motivo minha mente havia criado uma fantasia confortável e secreta, que rondava apenas os meus pensamentos e nela Sarah voltaria pelo poema, só pra me ver, por um desejo que se provaria forte o suficiente, se fosse assim.

Mas ela voltou por uma arma, um experimento, que tinha sido roubado bem debaixo do meu nariz e ainda tinha coragem suficiente pra me confrontar em seguida, como se isso só afirmasse ainda mais minha incompetência!

Eu poderia capturar Sarah Fortune ali mesmo e deixá-la nas mãos dos militares em um destino pior do que a morte só por isso! Um jeito um tanto covarde de vencer o jogo, mas ainda uma vitória.

— Se eu dissesse, você acreditaria em mim?

A pergunta veio com os olhares de Fortune sobre o meu corpo, antes de se voltar para o meu rosto. Observou minhas roupas, o cabelo solto, mantendo a atenção por tempo demais onde não deveria, mas sem esboçar reação. Só então percebi que eu estava bastante à vontade antes da chegada de Indari, usando só um top esportivo e calças de um tecido leve, sem qualquer calçado.

— Me dê apenas um motivo pra acreditar em você.

Minha mente se perdeu, vacilou em meio à questões tão importantes que estávamos tratando. imaginei, sem intenção, de repente, minhas mãos em seu pescoço, o impacto de suas costas contra a parede, a facilidade que teria em mover seu corpo pra onde quisesse, da maneira que quisesse e ainda assim, sua risada ecoando em meus ouvidos. Ela estava ali, séria, imóvel, na minha frente e em nada fazia ideia dos meus pensamentos obscuros e aleatórios.

Mulher, ou abismo? Miss Fortune e SamiraOnde histórias criam vida. Descubra agora