Não Entrem Naquele Avião! | Mamonas Assassinas

amizades

– Mas então, você e o Dinho estão juntos há quanto tempo?

– 7 meses. Na verdade, eu sempre esqueço que agora somos noivos.

– Jura? – uma tristeza inexplicável tomou conta de Fernanda. Saber que eles não casariam, as fotos de Valéria chorando no velório, tudo vinha à sua cabeça.

Valéria percebeu a mudança no semblante de Fernanda e, com empatia, perguntou:

– Aconteceu algo? Você parece preocupada de repente. – Valéria perguntou com empatia, notando a expressão de Fernanda.

Fernanda hesitou antes de responder, debatendo-se entre compartilhar ou não suas preocupações com uma estranha que conheceu em circunstâncias tão peculiares.

– É só que... algo me fez pensar em como o futuro pode ser incerto, mesmo quando achamos que sabemos o que vai acontecer. – Fernanda admitiu, escolhendo suas palavras com cuidado.

Valéria, sensível à mudança de atmosfera, ofereceu um sorriso encorajador.

– Às vezes, a vida nos surpreende de maneiras inesperadas. Se precisar conversar sobre isso, estou aqui. E, quem sabe, talvez a incerteza nos reserve algo melhor do que podemos imaginar.

– Você tá certa, Val. – Fernanda sorriu, tentando afastar as lembranças ruins. – Como você e ele se conheceram?

– É uma história engraçada, na verdade, porque ele chegou em mim numa festa e disse que era vocalista dos Mamonas Assassinas. Eu ainda não conhecia a banda e fiquei meio à risca, aí ele foi cantando versinhos da música. Ele queria muito ficar comigo, mas eu não queria, sabe? – Valéria riu, preparando-se para terminar de contar a história de amor deles. – Quando ele finalmente conseguiu me namorar, com 32 dias de namoro, ele me pediu em casamento... E eu aceitei!

Fernanda, cativada pela história, riu junto com Valéria. A leveza do momento ajudou a dissipar as preocupações que a assombravam, permitindo que ela aproveitasse a conversa descontraída sobre o início peculiar do relacionamento de Valéria e Dinho.

– E qual é seu integrante favorito da banda? – Valéria perguntou. – Aliás, você tá com fome?

– É o Bento! Sem dúvidas... Acho ele um galã. E sim, tô com muita fome, agora que você tocou no assunto.

– Que curioso, você teve a chance de trombar com ele e ainda dizer um oizinho! – Valéria sorriu. – Ele terminou com a Aninha não faz muito tempo, ela ainda é minha amiga e tudo, certeza que ela ia gostar de te conhecer. Que tal a gente buscar ela na rádio que ela trabalha e irmos tomar café juntas?

– Claro! Sem dúvidas! – Fernanda concordou animada.

– Meu carro tá no estacionamento do aeroporto, eu dormi na casa do Dinho hoje, e eles saíram pra fazer um show pras criancinhas com câncer no hospital, aí vi você falando com o Bento.

Valéria explicou a situação enquanto as duas caminhavam em direção ao estacionamento. Fernanda, surpresa, agradeceu a coincidência que a colocou no caminho de Valéria naquele momento peculiar de sua vida.

– Seu sotaque é de uma região diferente. Parece ser sulista, de onde você vem? – Valéria indagou, interessada, enquanto as duas entravam no carro.

– Sou de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul. – Fernanda respondeu, notando a curiosidade nos olhos de Valéria.

A viagem até a rádio foi acompanhada por histórias e risadas, enquanto Fernanda e Valéria compartilhavam mais sobre suas vidas, estabelecendo uma conexão que parecia transcender as barreiras, principalmente temporais, que as separavam.

Ao chegarem à rádio, Valéria conduziu Fernanda até os bastidores, onde Aninha estava trabalhando. Valéria cumprimentou a amiga com um abraço animado.

– Aninha, essa é a Fernanda. Ela é de Porto Alegre e está aqui de passagem. Conheceu o Bento lá no aeroporto, e eu achei que você adoraria conhecê-la.

Aninha, surpresa, olhou para Fernanda com um sorriso amigável.

– Prazer, Fernanda! O que te trouxe a Guarulhos? E como você conheceu o Bento?

– Estou aqui a trabalho e conheci o Bento no aeroporto. – Fernanda mentiu, é óbvio.

O clima descontraído e amigável entre as três durante conversa pra cá e risada pra lá, fez Fernanda se sentir mais à vontade, apesar dos segredos que guardava.