posso te abraçar?

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Quatro horas depois, às 19h30, Bento e Fernanda caminhavam juntos pelo Parque Ibirapuera. O clima era ameno, as luzes suaves dos postes iluminavam o caminho, e o som da natureza proporcionava uma trilha sonora relaxante para o passeio noturno. Entre risadas e conversas descontraídas, eles compartilhavam histórias e descobriam mais sobre seus gostos e experiências de vida. O Parque Ibirapuera, normalmente movimentado durante o dia, agora revelava uma atmosfera diferente sob o manto estrelado da noite paulistana. O clima entre Bento e Fernanda tornava-se mais intenso com cada palavra trocada sob a iluminação suave do parque. Eles compartilhavam risos, confidências e a sensação de uma conexão especial que transcendia o curto período de convivência.

- Nandinha, você acabou se tornando muito especial pra mim. Não sei nem dizer se te conheço a 9 dias ou 9 anos. - Bento confessou, revelando seus sentimentos.

Fernanda riu, respondendo:

- Engraçado, porque eu sinto o mesmo em relação a você.

Bento se aproximou lentamente de Fernanda, com um sorriso encantador. Delicadamente, ele afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, enquanto Fernanda percebia o aroma fresco e aquático, com notas cítricas de bergamota e limão, harmonizadas com toques amadeirados e especiarias da colônia que Bento utilizava. O olhar de Bento transmitia uma mistura de serenidade e intensidade. Entre eles, um silêncio confortável se estabeleceu por um momento, até que Bento quebrou a quietude.

- Posso te abraçar?

Fernanda, tocada pelo gesto, sorriu e concordou com a cabeça. Bento a envolveu em seus braços com ternura e delicadeza, como se estivesse aguardando por aquele momento há muito tempo. Deslizando suas mãos do pescoço de Fernanda até a cintura dela suavemente, ele sorriu ao perceber as notas ricas de flores, como gardênia, mimosa e tuberosa, combinadas com toques frutados e amadeirados presentes na fragrância intensa usada por Fernanda. Bento sussurrou no ouvido de Fernanda durante o abraço, fazendo todo o corpo dela se arrepiar.

- Sabe qual foi a primeira coisa que eu disse pro Dinho depois da noite de ontem?

- O que?

- Eu disse: "cara, eu não a beijei e deveria ter beijado" - ele respondeu.

Um sorriso maroto surgiu no rosto de Fernanda, quando ela retrucou:

- Bem, você ainda tem tempo pra isso... Mas não vai ser hoje! - ela se soltou do abraço e saiu correndo. - Você não me pega!

Bento riu e foi atrás dela em uma perseguição descontraída pelo parque. A risada dos dois ecoava pelo local, misturando-se ao suave murmúrio das folhas das árvores balançadas pela brisa noturna. Enquanto corriam, Bento finalmente alcançou Fernanda, e eles pararam, ofegantes, mas com sorrisos no rosto.

- Você é rápida! - Bento brincou, tentando recuperar o fôlego.

- Sou ágil, Albertinho! - Fernanda respondeu, sorrindo. Bento a envolveu novamente nos braços, segurando-a com firmeza, como se nunca quisesse deixá-la partir.

O calor daquele abraço transmitia uma sensação de segurança e conforto, como se o tempo tivesse se estendido apenas para eles naquela noite. Entre risadas e brincadeiras, os dois compartilhavam momentos que pareciam feitos sob medida para uma história que, mesmo com um toque de improviso, estava se desenhando de maneira especial.

- Bento...

- Sim?

- Promete que sempre lembrará de tudo o que estamos vivendo, mesmo que o futuro nos leve para caminhos diferentes?

- Prometo. Mas não vamos pensar nisso agora, vamos apenas aproveitar o momento. - disse Bento, segurando as mãos de Fernanda com ternura, ainda no abraço.

Juntos, permaneceram ali, imersos na magia daquele momento, enquanto as luzes da cidade testemunhavam a dança silenciosa do tempo que, por enquanto, parecia eternizar o instante.

No dia seguinte, Fernanda despertou sozinha na casa de Dinho e Valéria. Após um revigorante banho, ela envolveu-se em um roupão, cuidadosamente penteou seus cabelos úmidos e se encaminhou até a cozinha. Lá, preparou panquecas de chocolate acompanhadas por um vigoroso café preto, sem adição de açúcar. Ao dispor os pratos na mesa e quase se acomodar, ouviu batidas na porta. Dirigiu-se até lá, espiou pelo buraco e notou que era Bento, cujo semblante parecia irradiar alegria. Fernanda abriu a porta, e Bento ficou momentaneamente atônito ao vê-la de roupão, com os cabelos molhados e sem qualquer traço de maquiagem.

Não Entrem Naquele Avião! | Mamonas AssassinasOnde histórias criam vida. Descubra agora