"pitchula salva João da extinção"

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– Você acha que os outros integrantes vão acreditar que eu sou do futuro? – perguntou Fernanda, com um misto de nervosismo e determinação. – Será um desafio, mas estou disposta a tentar convencê-los.

Fernanda olhou para Bento, esperando a reação dele diante dessa proposta incerta e intrigante. Bento, ainda processando a revelação, assentiu lentamente.

– Vamos tentar, então. Mas como começamos? O que vamos dizer aos outros?

Fernanda sorriu, apesar da seriedade do momento.

– Vamos começar com algo sutil, algo que só vocês compreenderiam. Talvez, ao longo do tempo, possamos revelar mais informações. O importante é construir confiança antes de compartilharmos toda a verdade.

– Talvez possamos dizer que tivemos uma ideia para uma nova música! Uma moça muito bonita afirma ter vindo do futuro e quer alterar o destino trágico de algum personagem que o Dinho inventa. Eles provavelmente vão achar que é apenas uma ideia maluca, e com o tempo, podemos ajustar isso. – sugeriu Bento.

Fernanda assentiu, concordando com a estratégia proposta por Bento.

– Parece um começo inteligente. Vamos trabalhar nisso e encontrar maneiras de introduzir gradualmente essa história. Acho que, com o tempo, conseguiremos compartilhar mais informações sem causar alarme.

Os dias de fevereiro se desenrolavam rapidamente. De repente, já era dia 8 e Fernanda vivia em 1996 há seis dias. Durante esse tempo, Bento presenteou-lhe com um telefone da época, trocaram números, e os dois estavam imersos em colaboração, trabalhando arduamente em uma nova composição. A sutil conexão entre eles crescia a cada acorde, enquanto a história fictícia servia como fachada para a verdade que só Fernanda carregava. Marcaram uma reunião com todos os integrantes da banda, que chegaram pontualmente no estúdio da EMI.

– Então, o motivo pelo qual eu e nossa nova amiga, Fernanda, chamamos vocês aqui... É uma ideia para uma música nova! Uma moça, inspirada pelo desejo de mudança, viaja no tempo para alterar o destino trágico de alguém. Parece meio maluco, né? Mas acreditamos que pode render uma música incrível!

Os olhares curiosos dos outros membros da banda se encontraram, misturados com expressões de surpresa e interesse. Dinho foi o primeiro a quebrar o silêncio:

– Uau, isso é inusitado! Nunca pensamos em algo assim antes.

– Vocês já têm alguma ideia para a música, Bento? – Sérgio perguntou.

– Sim! Bem, a Fernanda me ajudou a desenvolver a melodia inicial e temos ideias para o refrão. – Bento respondeu, compartilhando um olhar cúmplice com Fernanda.

Pitchulinha do futuro, sem hesitação
Salvou o Joãozinho da extinção, que situação!
Com piada e escracho, a tal extinção virou farsa
Nem sei o que é pior, se é João pirado ou essa história que parece uma larva!

– Gostei! É bem Mamonas mesmo. – Samuel comentou, expressando sua aprovação em relação à melodia.

A reação positiva dos membros da banda trouxe um sorriso ao rosto de Fernanda e confirmou que a estratégia estava funcionando. A música fictícia estava começando a ganhar forma, e, ao mesmo tempo, servia como uma fachada para a verdadeira narrativa que Fernanda carregava consigo. O estúdio estava repleto de energia criativa, com cada acorde marcando não apenas o ritmo da canção, mas também a jornada singular que estava se desenrolando em meio aos acordes de uma era passada. Bento sugeriu encerrar a reunião e, ao saírem do estúdio, ele ofereceu levar Fernanda para casa.

– Vai ser um prazer te deixar em casa, Fernanda. – Bento sorriu, abrindo a porta de seu carro. – Dinho não vai direto pra lá.

Enquanto dirigiam pelas ruas de Guarulhos, conversavam animadamente sobre a música e outros assuntos descontraídos. Ao chegar em casa, Bento agradeceu pela parceria na composição e disse que ligaria para ela depois.

– Mal posso esperar para ver como a música vai ficar. – Fernanda despediu-se com um sorriso.

Ao entrar em casa, Fernanda sentiu uma mistura de emoções, sabendo que, além da canção fictícia, ela também estava moldando o destino de Mamonas de uma maneira única.

Não Entrem Naquele Avião! | Mamonas AssassinasOnde histórias criam vida. Descubra agora