Capítulo Dois

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— Mãe! — eu falei quando ouvi a voz dela do outro lado da linha.

— Oi filha. O que foi? — perguntou de imediato. — Aconteceu alguma coisa? Está chorando?

— Eu não consigo trocar os curativos — respondi e funguei. — Acho que só estou machucando mais, está doendo muito.

— Chame o Namjoon — mandou. — Por que ainda não pediu à ele?

— Não, mãe — eu neguei. — Não quero pedir a ajuda dele.

— E por que não?

— Não quero incomodar ele, e também não me sinto à vontade — respondi. — Por favor, venha me ajudar.

— Eu não posso, Sunhee — lamentou. — Desculpe, mas eu não consigo ir agora.

— O que eu vou fazer? — resmunguei. — Mãe, por favor!

— Você está parecendo ter 5 aninhos, sabia? — brincou.

— Aish, mãe — reclamei. — Eu estou com dor e você faz piada.

— Me desculpa, desculpa — pediu em um riso.

— Te ligo mais tarde — falei e tirei o celular da orelha antes que ela respondesse, encerrando a ligação.

Para que continuar na ligação, se eu já sabia que ela não iria poder me ajudar, mas ia ficar tirando onda comigo?

Aqueles machucados realmente estavam doendo, e eu não estava achando graça nenhuma das brincadeiras.

Eu voltei a tentar tirar o curativo de um dos machucados.

Os meus olhos ficaram cheios de lágrimas, e eu já não sabia mais se era pela dor dos machucados, ou pela frustração de não conseguir me virar sozinha.

Abandonei as coisas dos curativos, quando ouvi uma batida na porta.

— Oi? — falei.

— Pode abrir a porta para mim? — a voz do Namjoon soou.

Eu vesti um robe que estava em cima da cama e caminhei até a porta, a abrindo.

— Quer alguma coisa? — eu perguntei, tentando deixar a minha voz o mais natural possível.

— Deixa eu te ajudar com os curativos? — perguntou receoso. — Você não precisa ficar passando trabalho. Eu posso fazer os curativos.

— Como...

— A sua mãe me ligou — respondeu antes que eu terminasse. — Deixa eu ajudar.

Eu não queria ficar praticamente nua na sua frente. Era estranho. Vergonhoso.

Mas eu também não podia ficar com aqueles curativos. E sozinha eu não conseguia fazê-los.

Por mais desconfortável que eu ficasse, ele deveria ser uma das pessoas que eu mais confio, tecnicamente. Provavelmente era antes de eu perder a memória

— Tudo bem — eu falei baixo.

Abri mais a porta e dei espaço para ele entrar.

— Conseguiu trocar algum? — perguntou entrando no quarto.

— O da perna e alguns dos braços.

As vezes eu parecia bem — ignorando a parte de eu ter perdido a memória —, mas ainda tinham os machucados. Que se não fossem bem cuidados, só piorava a dor.

Eu andei até a cama e fiquei parada em frente à ela.

O Namjoon se sentou na cama e arrumou os curativos, os deixando prontos para colocar no lugar dos velhos.

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