— Por que tem uma roupa de bebê nessa caixa? — a SunHee apareceu na sala segurando a peça.
Seus olhos estavam arregalados, estava assustada e com medo da minha resposta.
— Não me diga que eu estava grávida, Namjoon! — pediu. — Você teria me contado, não teria?
Eu quis rir da sua reação. Foi engraçadinho. Mas me contive.
Ela não estava brincando. Realmente estava preocupada com aquilo.
— Não, jagiya — eu neguei. — Isso era meu. A minha mãe nos deu depois do nosso casamento, para quando tivéssemos o nosso bebê. Ela guardou para quando tivesse o seu neto.
— Ahh — colocou a mão sobre o peito e deixou um suspiro de alívio escapar. — Eu já estava pensando que havia perdido no acidente e... Nossa!
— Relaxa. Eu não lembrava dessa caixa, se não, teria tirado quando levei as minhas coisas para o outro quarto.
— Estava em uma das prateleiras de cima do closet, bem no fundo.
— Estava procurando alguma coisa lá? — perguntei.
— Só mexendo no closet — deu de ombros. — Vendo quais coisas desnecessárias eu acumulei nos últimos anos.
Eu dei risada. Ela realmente acumulou muita coisa desnecessária nesses anos.
A mulher andou até o sofá e sentou ao meu lado, bem perto de mim.
— Nós já tínhamos pensado em filhos? — perguntou, deixando a roupinha esticada sobre as suas pernas.
— Não — neguei. — Já havíamos conversado sobre. Mas chegamos a conclusão de que não era o momento. Temos muito a conquistar ainda. Mas se tivesse acontecido, seria perfeito também.
— Ainda bem que tivemos essa decisão — falou. — E que não acabou acontecendo. Nem consigo imaginar como seria lidar com tudo isso tendo um filho pequeno. Seria muito difícil.
— Seria — concordei.
Ela encostou a cabeça no meu ombro.
— Você sente a minha falta? — perguntou mais baixo, ainda mexendo na pequena peça de roupa.
— Você está bem aqui — rodeei o meu braço nos seus ombros.
— Você entendeu o que eu quis dizer.
— Sinto — fui sincero. — Mas não é como se eu não amasse estar assim com você. Gosto de qualquer momento que seja com você. Mesmo que não sejamos o casal que éramos antes.
Ela suspirou baixinho.
Nos aproximamos um pouco mais nos últimos tempos. Ela estar no meu abraço, e com a cabeça apoiada no meu ombro é a prova disso.
— Independente do que aconteça, eu vou continuar te amando — prossegui. — Sempre digo que eu agradeço todos os dias pela sua vida e saúde. Prezo pela sua vida, e você não se lembrar da nossa história não faz eu te amar menos. Não tem aquela de "a pessoa que eu amo não existe mais". Eu amo o que você é, não somente pelas memórias.
Ela me olhou. E os nossos rostos estavam tão próximos, que o meu coração ficou disparado.
Óbvio que não ia rolar um beijo. Mas era tão bom poder encara-la de pertinho.
— Qual foi o seu momento mais triste desde o acidente? — perguntou. — Desde que eu acordei.
— Fiquei muito feliz e aliviado quando você acordou. Muito mesmo — respondi. — Mas fiquei desolado quando eu cheguei perto e você ficou cheia de receio, perguntando quem eu era — ela deu um sorriso sem graça. — Eu estava muito feliz por você ter acordado, mas senti o meu coração em frangalhos quando caiu a ficha de que você sequer recordava o meu nome.
— Sinto muito — sussurrou.
— Não sinta — neguei. — Aconteceu, e é o normal. Sou um estranho na sua vida.
— Não é mais — balançou a cabeça. — Você é muito importante, Namjoon. Não falo pelo tempo que ficamos juntos, mas por esses últimos meses. Os dias em que eu me recordo de você. Todos eles você se esforçou muito para me ver bem, e eu vou ser eternamente grata por você. Criei um vínculo com você, que eu nunca quero perder.
Eu acariciei a sua bochecha.
— Isso me deixa muito feliz — fui o mais sincero possível. — Eu te amo e nada vai mudar. Nunca — prometi.
Foi uma promessa somente para mim.
Eu estava bem ciente de que ela não sentia o mesmo em relação a mim. Pelo menos não com o mesmo significado.A SunHee é o amor da minha vida. E eu era o amor da vida dela antes do acidente. Mas as coisas podem mudar.
E realmente mudaram.
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Remember
RomanceApós um acidente de carro, além de machucados espalhados pelo corpo, SunHee também sofre com a perda da memória. Existe esperanças quando ela sequer se lembra da pessoa com quem divide um anel no dedo?