Capítulo Seis

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Isso não foi uma boa ideia!

Chegar na festa do aniversário de casamento dos meus pais e ter tantas pessoas vindo nos cumprimentar me fez ficar preocupado com a SunHee.

Eram muitas pessoas desconhecidas para ela.

A mulher estava mais quieta do que o normal, e parecia perdida.

— Nós vamos sentar onde? — ela perguntou.

— Podemos ficar lá no canto — mostrei uma mesa mais reservada. — Pode ser?

— Os seus pais não vão querer você por perto? — ela finalmente me olhou.

— Eu disse que vou ficar onde você estiver a vontade. Avisei que esse era o combinado para eu vir.

— A minha intenção não era atrapalhar, Namjoon — suspirou frustrada. — Podemos ficar mais perto deles.

— Eu nem faço questão — neguei. — Vem.

Segurei a mão dela e comecei a guia-la até a mesa no canto.

Eu sou o único que ela conhece no lugar, e parecia precisar sentir alguma segurança em meio a tantos estranhos. Por isso não hesitei em segurar a sua mão, e ela não pareceu ficar desconfortável.

— Por que todos me olham tanto? — perguntou ao nos sentarmos lado a lado na mesa.

— Por quê você está incrivelmente linda, querida — fui sincero.

Ela sorriu envergonhada. Provavelmente não esperava tamanha sinceridade na minha resposta.

A SunHee se arrumou de uma forma impecável naquela noite.

Sempre está linda. Independente se está arrumada ou não. De roupas de sair ou de pijamas, com ou sem maquiagem. Linda.

Mas eu não deixava de me pegar admirado ao vê-la arrumada para a festa.

— Mas tem uma garota que me olha feio — prosseguiu.

— Quem? — olhei em volta.

— Está perto dos seus pais.

Assim que avistei a pessoa, eu soltei um riso.

— Ah, ela — voltei a olhar para a minha esposa. — É minha prima. E não gosta de você.

— Por que? — perguntou incrédula.

— Por muitos anos ela teve uma paixãozinha unilateral por mim. E perdeu as esperanças quando apresentei você para a família. Ainda deve ter, pois até hoje olha feio para nós dois.

— Então eu não devo gostar dela? — ergueu as sobrancelhas, sorrindo divertida.

— Você deve não ligar para ela.

— O que eu achava dela?

— Detestava — falei e ela riu.

— Imaginei. Acho que vou detestar novamente.

Eu ri e balancei a cabeça negando.
É mesmo a minha SunHee de sempre.

Alguns dos meus primos se juntaram com nós naquela mesa, e eu fiquei impressionado ao ver a mulher se soltando tão rápido, interagindo muito bem com todos.

Ela é uma pessoa extrovertida, conversa com todo mundo, faz amizades muito fácil. Mas nos últimos meses ela parece tão perdida, que estava reclusa a qualquer coisa.
E agora parecia estar fazer progresso nesse sentido.

Ela não se desgrudou de mim por nem um segundo. Parecia mesmo sentir aquela segurança, ou até mesmo conforto, em me ter perto. Pelo menos por esta noite.
E eu nem preciso dizer que estava gostando muito disso.

Nós até dançamos quando colocaram a música alta.

Eu não sou muito fã de dançar, mas sequer pestanejei quando a mulher propôs que fossemos dançar.

Ela estava tão a vontade, e se não quisesse muito fazê-lo, não teria dado a idéia.

Fiquei radiante vendo que ela estava mesmo se divertindo, e se soltando um pouco mais comigo.

Nenhum de nós dois bebeu álcool.
Eu por querer estar 100% a sua disposição, e ela simplesmente não estava afim de beber.

Senti que ela estava evitando qualquer coisa que fosse perder um pequeno segundo da memória. Se bebesse, acabaria se esquecendo de parte da noite na manhã seguinte.

O acidente com certeza se tornou um trauma. Tanto para ela quanto para mim.
A sua memória é um bem muito valioso que nós lutamos para recuperar.

— Posso perguntar uma coisa? — questionei quando fomos para perto de uma janela com os nossos drinks sem álcool.

Ela balançou a cabeça afirmando e bebeu um pouco do líquido.

— Por que ainda usa a aliança? — apontei para o seu dedo.

— Por que usa a sua? — respondeu com outra pergunta.

— As nossas situações são diferentes nesse sentido. Você ainda é a minha esposa, eu lembro de cada dia desde que nos conhecemos. E você não conseguir lembrar, não quer dizer que não seja mais a minha companheira. Nada mudou em relação a isso, SunHee.

Ela ficou alguns segundos em silêncio e bebeu mais um pouco do seu copo.

— Eu uso por quê é uma parte de mim — olhou para o jardim. — Mesmo que eu não consiga lembrar, é uma parte minha. Minha vida. Esta aliança está no meu dedo porquê você conquistou a minha confiança, o meu amor, confidencialidade. Não posso tirar essa jóia e agir como se nada nunca tivesse acontecido. Por mais que eu não lembre, sei que existiu. E é a minha esperança de que eu vá recordar de tudo.

— É a nossa esperança! — acrescentei.

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