Capítulo Nove

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— Você não pode ficar me cobrando e me obrigando a fazer as coisas! — exclamei irritada.

— Eu só estou preocupado com você — arregalou os olhos.

— Não parece preocupação, parece obsessão.

— Credo, SunHee — pareceu chateado. — Eu me preocupar com você é ser obsessivo?

— Você está querendo me obrigar a ir ao médico — respondi. — Eu não quero mais ir.

— Eu só quero garantir que tentamos de todas as formas recuperar a sua memória — fez um muxoxo. — Você é a minha esposa, como eu deveria agir?

— Esse é o problema! — apontei. — Eu não sou a pessoa por quem você se apaixonou, e ela não vai voltar, Namjoon.

— Sim, você é sim a pessoa por quem eu me apaixonei. Nada muda, SunHee.

— A pessoa que ficou com você por quatro anos não existe mais — neguei. — Querendo ou não você sabe que é diferente. Eu não sou a sua SunHee. Eu não sou a sua esposa, nada do que vivemos ou sentimos vai voltar. Nós precisamos cair na real. E eu nunca mais vou ser aquela pessoa.

Pude ver frustração, decepção e chateação em seu rosto. Tristeza brilhou em seus olhos.

— Tem razão — ele confirmou. — Eu tenho que aceitar que para você nada disso tudo significa algo. Estou a meses me esforçando ao máximo para você se sentir bem, e tentando de tudo para que a sua memória volte — apontou. — Mas isso não é apenas para ter o seu amor por mim novamente, é por você! Eu odeio ver você confusa com as coisas da sua própria vida. E eu abriria mão de qualquer coisa para que você melhorasse. Qualquer coisa!

Eu me calei.

— Eu também fico frustrado com todas essas consultas que não levam a lugar nenhum. Eu gosto de te levar em lugares e relembrar coisas que aconteceram, mas dói, sabia? Por que eu vejo no seu olhar que você não sente nada com isso. Mas mesmo com as melhores intenções você me acha obsessivo?

A tristeza brilhou em seus olhos novamente, em forma de lágrimas dessa vez.

— Eu também estou sofrendo, desde o dia daquele maldito acidente — continuou. — Mas tento ser forte e não transparecer nada para você. Droga, SunHee — suspirou. — Você não perdeu as esperanças de recuperar a sua memória só agora, na verdade você nunca teve esperança, mesmo antes de colocar os pés nessa casa.

— Isso não é verdade — eu neguei.

— É sim, e você sabe disso — rebateu.

— Namjoon... — tentei me aproximar, mas com um simples passo ele recuou. — Eu nunca vi você chorar, eu...

— Já viu sim — me cortou. — Inclusive uma das inúmeras vezes foi quando eu te vi indo até mim no altar. Eu nunca fui de esconder as minhas emoções de você, muito menos as minhas lágrimas, sendo de tristeza ou felicidade.

Ele balançou a cabeça negando e secou qualquer resquício de lágrimas que tivesse em seus olhos.

— Não importa — negou. — Você tem razão.

— Razão no que?

Eu já estava aflita com aquilo.
Não era para resultar em uma briga, mesmo que eu estivesse incomodada com aquilo.

E eu sabia que havia magoado o rapaz em alguma das minhas frases.

— Vamos nos divorciar — falou, fazendo os meus ombros caírem, em choque. — É isso que está me fazendo querer chorar. Por que acabei de tomar essa decisão.

Eu mal tive tempo de abrir a boca, ele voltou a falar.

— Não é mesmo justo você ficar presa a uma pessoa que sequer se lembra — mexeu no anel que estava no seu dedo. — E muito menos sente algo para manter esse casamento. Eu sinto muito por ter insistido tanto nesses últimos seis meses. Eu deveria ter libertado você muito antes.

— Não fala isso — neguei.

Não sabia a razão, não conseguia achar uma explicação para a tamanha tristeza que estava se instalando no meu peito.

— Eu insisti porque amo você, e tinha esperança. Mas eu não vou obrigar você a ficar comigo só por que tivemos uma história. Sabendo que não sente nem um resquício do que sentia antes.

Ele tirou a aliança, estava decidido.

O anel foi deixado sobre a mesa de centro e ele se direcionou as escadas.

— Namjoon, espera — eu pedi.

Ele parou no meio do lance de escadas e me olhou. Seus olhos carregados.

— Eu quero ficar sozinho agora.

Eu me contive e apenas acenei, concordando.

Fui deixada sozinha na sala.
Abandonada com os meus pensamentos e questionamentos daquela dor.

O arrependimento batia forte, e me dizia o quão ingrata eu fui. Quando ele somente estava se preocupando.

O que foi que eu fiz?

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