Prólogo
O fogo alastrou-se dentro de mim,
fui obrigada a segurar a brasa — no meu peito;
a dor que era fugaz virou casa,
tenho que fugir de mim, de qualquer jeito.Capítulo único
Me apavoro, me sufoco,
asfixiada pelo fogo;
o meu âmago,
oco,
acostumou-se, de novo,
e fez do incêndio, algo duradouro.
E minha pele, agora couro,
é banhada pelo choro
as chamas devoram
minha esperança pelo alvoro.Epílogo
Não consigo evitar esta autodestruição;
o hidrante é capaz de parar um incêndio,
mas não contêm as cinzas da destruição.
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Teto de Vidro
Poesía"Cuspam em mim todos os teus julgamentos, apontem sobre meu rosto teus dedos de mãos que deveriam acolher, não condenar; dedos estes que cutucam feridas abertas que já não consigo mais estancar, que ao jorrar sangue sobre meu corpo ainda sou culpada...