Ultimamente tenho sido dura demais comigo mesma.
Tentado ser perfeita num mundo imperfeito. Tentado segurar as rédeas de relações que estão explícitas em meu rosto de que acabaram e que já não existem mais — e, ainda, sem mutualidade. Tentado me encaixar em meio a pessoas que não possuem nada a me acrescentar e que ainda não tem nada a ver com aquilo que defendo e acredito. Tentado ser alguém que não sou apenas para que me considerem alguém e me vejam, ali, para que a invisibilidade que eu tinha há anos atrás não volte mais. Tentado correr atrás de quem eu era em hobbies antigos, músicas que me incitam nostalgia, livros que já não me cativam e pessoas que já não sentem a mínima falta, mas que possuem partes de mim que anseio que me devolvam.
Tenho sido dura demais comigo mesma, não aceitando que já não sou mais a mesma que eu era ontem, e que hoje sou alguém que já não mais serei amanhã. Dura demais em não aceitar que tudo mudou, inclusive quem eu pensava que eu era.
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Teto de Vidro
Poesía"Cuspam em mim todos os teus julgamentos, apontem sobre meu rosto teus dedos de mãos que deveriam acolher, não condenar; dedos estes que cutucam feridas abertas que já não consigo mais estancar, que ao jorrar sangue sobre meu corpo ainda sou culpada...