Prólogo

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Sim, eu sei que sem você do meu lado
Eu seria diferente
Best Friend - Jason Mraz

Violet Sun Stuart - 15 anos atrás

O ódio consome cada mínima parte do meu corpo.

- Você é um idiota bobalhão! - Murmuro entre os dentes ao notar que o garoto mais chato de toda a escola está subindo exatamente a mesma árvore que eu. Há tantas laranjeiras pelo parquinho, mas ele está aqui, no galho bem do meu ladinho. Por que ele sempre me persegue?

- E você é a múmia mais chata de toda a galáxia. - Jackson Hill, que é um ano mais velho que eu, retruca. Argh, que garotinho irritante.

Pelo canto dos olhos eu percebo que ele está segurando a ponta do meu cachecol lilás, pronto para tirá-lo do meu pescoço. Ah, eu não posso acreditar nisso!

- Não se atreva, Jack. - Digo pausadamente. Vovó também fala pausadamente com o vovô quando ela está muito brava com ele.

- Ah, é? - O meu inimigo número um se aproxima lentamente de mim. Há um sorriso pequeno em seu rosto quando ele olha dentro dos meus olhos. - E você vai fazer o que, Violet?

Lembro-me de Jackson Hill dizendo para os seus amigos, de brincadeirinha, que gostava de meninas ruivas e de olhos azuis, igualzinha a mim. E, agora que ele está olhando para o meu rosto, só consigo pensar em suas palavras, o que me deixa ansiosa, de alguma forma.

Dou um pequeno e curto passo para trás, mas o tronco em que estamos é menor que do que eu havia imaginado. Sinto a sola do meu pé pendurar no ar e, no mesmo momento, sinto que estou me desequilibrando. Mas Jackson Hill segura o meu cachecol com força, obrigando-me a dar um passo à frente e, consequente, ficar mais perto dele.

- Você ainda não respondeu a minha pergunta, Stuart.

Automaticamente, eu prendo a respiração dentro do meu peito. Em todos os meus oito anos de vida, nunca fiquei tão próxima de um garoto. E é estranho sentir a sua respiração quente tão perto do meu rosto frio.

- Eu vou subir muito mais alto do que você. - Respondo, por fim. Mostro a minha língua para ele, porque isso revela que eu não dou a mínima para Jackson Hill.

No mesmo instante, eu retiro o meu cachecol e me concentro em subir nos próximos galhos da minha árvore preferida. Acontece que escalar de luva de frio não é tão fácil quanto parece.

- Não vai não! - Escuto a sua voz manhosa e irritante logo atrás de mim. - Violeta, violeta! Para de fazer careta. - Jack canta.

Eu odeio tanto essa música que ele inventou especialmente para mim.

- Chato, chato! O Jack faz xixi no mato! - Canto a canção que eu inventei especialmente para ele.

Ao chegar no galho mais fino que é capaz de me sustentar, levanto os meus braços e aproveito a vitória que eu mesma conquistei. É muito bom chegar no topo da laranjeira do parquinho enquanto todo mundo está lá embaixo.

Escuto uma respiração pesada ao meu lado, o que me assusta. E adivinha? É o mané do Jackson Hill que simplesmente não consegue me deixar em paz.

- Toma isso, Violet. - Ele revira os olhos bem devagarinho ao enfiar a mão dentro do próprio casaco e, de lá, tirar os óculos especiais. - Você só não esquece a cabeça porque está grudada.

Pego o óculos especial para ver o Sol da sua mão e o coloco no meu rosto. Ele faz o mesmo com o seu e senta ao meu lado. O galho estrala com o seu peso.

- Seu gordo! Vai quebrar a árvore e a gente vai cair daqui de cima. - Aponto para o fino tronco que nos sustenta, esperando que ele vá para algum galho abaixo de mim, o que não acontece.

- Gorda é você. - Ele sussurra.

- Por que você é tão chato, hein? - Cruzo os braços, irritada com a simples presença dele.

Algumas crianças que estão no parquinho suspiram em alta voz, felizes com alguma coisa que está acontecendo lá embaixo. Escuto a voz da professora explicando que todos devem usar o óculos.

- Porque eu e você somos como o Sol e a Lua, Stuart. - Ele olha para cima, parecendo estar impressionado com a vista do céu.

- Nós somos completos opostos. - Explico, contente. Vovó me ensinou essa semana o que significa a palavra oposto.

- E você sabe o que acontece quando o Sol e a Lua se juntam? - Jack aponta para cima.

Observo atentamente o céu, acima de nossas cabeças. Entre as folhas verdes, enxergo o brilho dos raios solares. Com os óculos é possível ver uma mancha preta cobrindo metade do Sol e apagando o seu brilho.

- Um eclipse.

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Flores para SolOnde histórias criam vida. Descubra agora