Dor

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Ludmilla olhou para o céu, ponderando sobreencarar aquela chuva ou não. Olhou para trás uma útima vez, o homem ainda a encarando. Franziu o  cenho para o quão familiar ele era, mas não tinha tempo para isso no momento. Tirou os saltos e encarou a chuva, empurrando algumas pessoas, buscando seu amor.

Atravessou a rua em meio a carros, assim
que enxergou o cabelo castanho virando uma esquina alguns quarteirões à frente. Apertou o passo, trombando em uma outra garota, pouco dando importância ao desastre que estava fazendo com seu vestido, cabelo e afins. Harry a esganaria quando a visse.

-Brunna - ela gritou quando a multidão ficou para trás na avenida.

Seus pulmões queimavam, mas ela não
parava de correr. Virou a esquina e então dois faróis altos a cegaram. Parou, no meio da rua vazia. O motorista não se movia, Ludmilla não conseguia reconhecer quem era, por culpa dos faróis que a cegavam. Tapou a luz com uma mão, seus braços tremendo por causa do frio. Ela deu dois passos para trás, afim de voltar à sua busca. A porta do carro se abriu. E foi como a primeira vez.

Castanho.

Ludmilla não sabia o que dizer, era como
morrer afogado na praia, mas sabia o que
sentia. Sua cabeça doía pela a invasão de cores em suas órbes. Piscou algumas vezes, e quanto mais ela piscava, mais perto Brunna estava. Elas se encararam.
A latina estava tão diferente, porém, tão
famíliar. O cabelo alguns centímetros maior. O rosto mais delineado.

Tirou o casaco e se aproximou mais,
centímetros as distanciavam, colocou-o então sobre os ombros trêmulos de Ludmilla. Não se controlou, e em um ato repentino ela largou os saltos e segurou as mãos quentes de Brunna, as mesmas mãos que ainda seguravam as golas do casaco em seus ombros.

- Senti tanto a sua falta, - Ludmilla sussurrou, seus lábios partindo em um suspiro gelado.

- Não tanto quanto eu sinto sua falta, Lu.
- respondeu com toda a sinceridade que tinha em seu coração.

A garota não conseguiu sustentar o olhar de
Brunna. Ele estava ferido, assim como ela se
sentia por dentro.

- Tenho algumas coisas para te contar. -
disse com firmeza, mesmo que o barulho
da chuva impedisse que ela fosse escutada
perfeitamente.

A latina livrou sua mão direita do aperto da
mão da garota, apenas para em seguida
erguer o queixo da sua garota, olhando nos
olhos castanhos acabou deixando um sorriso escapar.

- Não importa agora. - aproximou seu corpo,
descendo sua mão até a cintura de Ludmilla.

A garota fitou os lábios de Brunna, e logo então seus olhos. Não se controlou, não teve como, apenas segurou o rosto da latina em suas mãos e então a beijou.

Brunna sorriu, os lábios de Ludmilla sobre os seus, como ela sentia falta disso. Suspirou, ao que sua língua tocou a de seu
amor, apertando mais o rosto dela contra o
seu, quase colando seu corpo ao dela, mal se
importando paraa chuva que ensopava as
duas. As duas apenas se separaram ao ouvir buzinas altas. Assustaram-se e se afastaram, Brunna rindo e Ludmilla tentando recobrar os sentidos e o fôlego.

A latina segurou a mão da garota e a puxou
para o carro, abriu a porta para ela e
correu para o lado do motorista. Ela ainda
ria quando deu a partida. Ludmilla tremia
agarrada ao casaco de seu amor. Sua mente
uma bagunça, tentando entender o que havia acontecido ali. Dirigia com calma, prestando atençāo na estrada, sua mente voava sobre como seus planos de se afastar tinham ido por água à baixo.

- Você pode me levar para o bar do Victor, por favor? - A garota pediu após alguns minutos em silêncio.

Brunna assentiu, vendo que estava indo na
direção errada, deu meia volta e acelerou para o bar tão conhecido.

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