𝙳𝚊𝚢 𝚝𝚠𝚘: 𝙲𝚘𝚗𝚎𝚡𝚘̃𝚎𝚜

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Receber uma ligação inesperada da minha avó, a pessoa que me causou tanto sofrimento na infância, foi um choque.
Há muito tempo cortei laços com o clã Kamo. Desde o trágico dia em que perdi meus pais e meu irmão mais novo de maneira repentina e precoce, evito qualquer envolvimento com a família, mesmo em situações críticas.
No início, hesitei em atender a ligação. No entanto, após quinze minutos de insistência, com um sentimento de relutância, pego o celular da mesinha de cabeceira ao lado da minha cama e decido atender ao chamado da idosa.

- Boa tarde, Kaori. - A voz madura e firme da anciã Kamo Aiko ecoou do outro lado da linha.

- Boa tarde, Aiko-sama. - Respondi, tentando disfarçar meu desinteresse.

- Irei direto ao ponto, criança. O ancião Kamo Yasuhiko solicita sua presença na casa principal. Compareça amanhã às 10h00. - Ela falou de maneira estoica, como se fosse algo trivial, ignorando o trauma que aquela casa representava para mim e o fato de que ela e meu avô eram a razão pela qual eu havia deixado minha cidade natal.

Devo muito a Suguru e Satoru, especialmente a Gojo, que me acolheu quando mais precisei. Ao completar 16 anos, decidi que não poderia mais viver naquela mansão e solicitei minha transferência para a filial de Tóquio. Por algum motivo, meus avós não se opuseram. Afinal, minha mera existência já era motivo de desgosto para eles. Eu era a filha do falecido Kamo Shinichi, meu pai, que era visto como um empecilho para a família.

Meu pai nasceu como um humano normal, incapaz de ver ou exorcizar espíritos. Sua mãe, uma das esposas secundárias do meu avô, sofreu até o último suspiro e foi executada em segredo por ter dado à luz a ele. Ela havia manchado o nome e a reputação da família Kamo, que, como os outros três grandes clãs, valorizava acima de tudo as técnicas inatas. Naquela época, era comum executar membros da família à vontade, pois no mundo jujutsu, as regras são ditadas pelo poder, e quem tem autoridade tem liberdade.

Assim que a velha concluiu seu aviso, eu congelei. A ideia de voltar a aquele local me perturbava, e eu tinha que conceder uma resposta a mulher ou pelo menos balbuciar alguma coisa para não demonstrar fraqueza a respeito dos meus traumas em relação a esposa principal do meu avô.

- Claro. Estarei lá. Tenha um bom restante de tarde, Aiko-sama. - Eu segurei meu desespero que estava quase palpável em minhas mãos, como eu iria fazer tal coisa? Estar presente naquela mansão trazia não só memórias de uma infância conturbada, como a morte de pessoas preciosas para mim... era repulsivo.

Desliguei o telefone o coloquei de volta no criado-mudo, inalei e exalei o ar de forma pesada, como das raras vezes em que minhas crises de pânico tinham início.

Porra, e essa era umas daquelas vezes.

Meu mundo parou, tudo escurecia gradualmente e um silêncio escomunal se instaurava, no qual eu só podia ouvir minha respiração pesada. Meus olhos se encheram de lágrimas, as quais eu não conseguia expelir e minha garganta coçava, eu queria gritar, mas nenhum som saia dali. Eu me encolhi em posição fetal e meus tiques nervosos surgiram como um aviso de que eu não iria ficar sã por muito tempo. Segundos depois meu mundo escureceu e eu não sei mais o que aconteceu dali em diante.

Geto Pov:

Saio do meu quarto para pegar um copo d'água e ver o que o Satoru estava aprontando-provavelmente o albino encontrava-se jogando algum jogo em seu PS3 recém adquirido- andando pelo corredor, de repente, ouço gritos altos vindos do quarto da Kaori. Imediatamente, sem nem pensar duas vezes, corri ao quarto dela. Invoquei uma das minhas maldições de grau 1 que continham veneno, pensando no pior, já que alguém poderia ter entrado no quarto da Kamo e tentado algo perigoso contra sua vida.

𝘐𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘦 - 𝚂𝚊𝚝𝚘𝚛𝚞 𝚎 𝚂𝚞𝚐𝚞𝚛𝚞 + 𝙾𝚌Onde histórias criam vida. Descubra agora