𝙳𝚊𝚢 𝚜𝚒𝚡: 𝚁𝚎𝚎𝚗𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚜

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Após o pesadelo que sacudiu minha alma, percebi a necessidade não apenas de lutar contra a escuridão interior, mas também de sobreviver neste exílio autoimposto. A realidade de minha situação se tornou clara: eu precisava caçar para comer, encontrar água para beber, e de alguma forma, manter-me viva em meio à solidão deste templo abandonado.

Com determinação renovada, saí do templo ao nascer do sol. O ar fresco da manhã enchia meus pulmões, uma mistura de frio e liberdade. A floresta, ao redor do templo, estava viva com os sons da natureza despertando, um lembrete de que, apesar de tudo, a vida continuava.

Para caçar, eu sabia que precisaria utilizar minha técnica de Manipulação de Sangue, já que eu não tinha trago armas comigo, apenas uma pequena lâmina para ativar minha técnica, se preciso fosse. Encontrei um local isolado, longe o suficiente do templo para não atrair predadores para o meu refúgio. Com um suspiro de resignação, fiz um pequeno corte em meu pulso, observando o sangue brotar. Focando minha energia amaldiçoada, manipulei o sangue que escorria, formando uma flecha afiada na ponta das minhas mãos juntas. Era uma técnica que exigia precisão e controle, algo que eu havia aperfeiçoado ao longo dos anos.

O bosque fornecia camuflagem, seus troncos espessos e vegetação rasteira permitiam que eu me movesse silenciosamente, em busca de uma presa. O som de um pequeno animal roendo ecoou perto, e com a destreza de uma feiticeira jujutsu, lancei a flecha de sangue. O ato de caçar, embora imprescindível, pesava em meu coração.

Com a caça garantida, minha próxima tarefa era encontrar água. Segui o som suave de um riacho, guiada pela melodia da água corrente que prometia um alívio para minha sede e um lugar para me lavar. A trilha me levou a uma cachoeira escondida, um véu de água prateada que caía em uma piscina cristalina abaixo. O local era um santuário oculto, protegido pelas árvores e pelas rochas musgosas que o circundavam.

Aproximei-me cautelosamente, maravilhada com a deslumbrante paisagem da mesma. A água era fria ao toque, um choque revigorante contra minha pele cansada. Bebi com gratidão, deixando a água pura saciar minha sede. Em seguida, despi-me das roupas manchadas de sangue seco e entrei na piscina formada pela cachoeira, permitindo que a água lavasse a sujeira e o peso dos últimos dias.

A sensação de limpeza era mais do que física; era como se a água levasse consigo uma parte do fardo que eu carregava, oferecendo um breve momento de paz em meio ao caos da minha existência. Por um instante, permiti-me esquecer a luta, a entidade dentro de mim, e a solidão que marcava meus dias.

Depois de me refrescar na água gelada da cachoeira, retornei ao templo, carregando a caça e a memória da cachoeira escondida como um pequeno tesouro. Essa rotina, embora árdua, tornou-se uma distração bem-vinda, um lembrete de que ainda havia beleza no mundo.

De volta ao refúgio do templo, com a caça em mãos, preparei-me para o próximo passo: limpar e preparar a refeição. A pequena lâmina que trouxera comigo, apesar de originalmente destinada à ativação da minha técnica, agora servia a um propósito mais mundano, porém igualmente vital.

Com movimentos hábeis e precisos, comecei a limpar a caça. A tarefa era desagradável, mas indispensável, e eu me movia com eficiência, separando a carne utilizável do resto. A natureza havia me fornecido, e eu respeitava esse ciclo, mesmo que a cada corte, uma parte de mim lamentasse a necessidade dessa violência.

Após preparar a carne, voltei minha atenção para fazer uma fogueira. O templo, embora um refúgio, não oferecia meios modernos de preparação de alimentos, e eu precisava recorrer aos métodos mais primitivos. Reuni madeira seca e folhas do bosque circundante, agradecendo mentalmente por sua abundância. Com um pouco de esforço e usando uma técnica simples de fricção com a madeira, consegui acender o fogo. A chama crepitante não apenas prometia calor na noite fria que se aproximava, mas também a possibilidade de uma refeição quente.

𝘐𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘦 - 𝚂𝚊𝚝𝚘𝚛𝚞 𝚎 𝚂𝚞𝚐𝚞𝚛𝚞 + 𝙾𝚌Onde histórias criam vida. Descubra agora