𝙳𝚊𝚢 𝚜𝚎𝚟𝚎𝚗: 𝚁𝚎𝚝𝚘𝚛𝚗𝚘

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Satoru Pov:

A conversa que se seguiu foi uma mistura de súplicas, argumentos e, por fim, uma leveza inesperada que eu mesmo tratei de introduzir, tentando aliviar o peso da atmosfera que nos cercava. Kaori estava hesitante, seus olhos vacilantes entre o medo de nos colocar em perigo e a profunda solidão que sua fuga autoimposta havia lhe trago.

- Princesa, você não pode ficar aqui sozinha para sempre. - Eu comecei, tentando manter minha voz firme, apesar da agitação interna que suas palavras haviam despertado em mim. - Este lugar... não é um lar. E você não é uma aberração. Você é uma de nós, uma parte importante de nossa equipe... de nossa família.

- Toru, Sugu... Eu causaria apenas mais problemas para vocês. E se eu perder o controle novamente? E se... - Sua voz se desfez em preocupação, o medo evidente em seu olhar.

- E se pararmos de viver com medo do "e se"? - Eu interrompi, tentando injetar um pouco de humor na situação. - Além disso, eu sou o Gojo Satoru. Desde quando eu me preocupo com problemas? Eles que se preocupam comigo. - eu digo com a fachada de confiança que eu normalmente transmitia.

Um pequeno sorriso tocou seus lábios, a primeira faísca de leveza que eu vi em seu rosto desde que a encontramos. Era um lembrete doloroso de tudo o que havia mudado, e ainda assim, uma prova de que a essência da Kaori que conhecíamos e admirávamos ainda estava ali, lutando para se manter à tona.

- Você não mudou nada, seu idiota. Sempre fazendo brincadeiras desnecessárias, mesmo nas piores situações. - Ela disse, um vestígio de bom humor em sua voz.

- Alguém tem que manter o ânimo entre dois mortos que nem vocês - Eu sorri e dei de ombros, mas por dentro, a tempestade de emoções estava longe de ser leve. Vê-la ali, tão vulnerável e ainda assim tão forte, despertou em mim sentimentos que eu havia mantido firmemente sob controle, sentimentos que eu nunca esperava enfrentar.

Sentado ali, ao lado dela, senti uma onda de alívio tão profundo que quase me tirou o fôlego. A simples presença de Kaori, a possibilidade de tê-la de volta conosco, enchia-me de uma euforia que eu mal conseguia compreender. Por um momento, me permiti saborear essa sensação, a doçura dessa alegria antes de ser novamente consumido pela realidade da situação.

Em meu íntimo, uma verdade incômoda começava a se formar, uma verdade que eu, o grande Gojo Satoru, sempre confiante e indomável, relutava em enfrentar que estava começando a ter uma faísca de sentimentos por ela? Eu?

Uma mulher cuja força de vontade e coragem sempre me inspiraram, mas que agora, por causa das circunstâncias, parecia mais inalcançável do que nunca.

A ideia era quase risível. Eu, que sempre zombei da ideia de dependência emocional, que sempre me orgulhei de minha independência, agora me encontrava atado por laços que eu nunca imaginei tecer. Era como se, sem perceber, tivesse sido pego em minha própria teia de arrogância, apenas para ser humildemente lembrado de minha própria humanidade.

- Kaori, por favor, volte conosco. - Eu insisti, minha voz carregando uma sinceridade que raramente mostrava. - Nós cuidaremos de você. Juntos, podemos encontrar uma maneira de lidar com o Olho Escarlate. Você não precisa enfrentar isso sozinha.

Ela me olhou, os olhos pesquisando os meus, como se buscasse alguma certeza nas minhas palavras. Por fim, com uma hesitação que falava volumes, ela acenou com a cabeça, cedendo à minha insistência.

- Está bem... Eu... eu confio em vocês. - Ela disse, a decisão claramente lhe custando cada palavra.

A alegria que senti naquele momento era indescritível. Não apenas pela vitória de tê-la convencido a voltar conosco, mas pela simples promessa de poder estar ao seu lado, de enfrentarmos juntos o que quer que viesse a seguir.

𝘐𝘯𝘧𝘪𝘯𝘪𝘵𝘦 - 𝚂𝚊𝚝𝚘𝚛𝚞 𝚎 𝚂𝚞𝚐𝚞𝚛𝚞 + 𝙾𝚌Onde histórias criam vida. Descubra agora