SÉTIMO

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Um dia e algumas horas depois, Luz está em sua casa com Vee - sua amiga e melhor beta -, as duas quase terminando, faltando só um pequeno detalhe para Vee ir embora, quando a mesma ouve alguém bater à porta. Luz não imagina quem possa ser, já que raramente recebe visitas e, nas ocasiões em que recebe, quase sempre é de suas amigas, e quando são elas,normalmente a escritora é avisada com antecedência. Isso significa que a mesma foi abrir a porta desconfiada, só para encontrar Amity esperando por ela do outro lado, olhando-a com olhos dourados brilhantes. O que, pode-se dizer, a choca um pouco, tanto pela roxeada estar em sua casa - cujo endereço nunca foi passado a mesma - quanto pelo olhar que está recebendo, levando em consideração a maneira como as coisas terminaram entre elas há menos de 48 horas.

– Você não vai acreditar! – fala Amity toda empolgada, não parecendo que tinha abandonado Luz na confeitaria ontem sem lhe dirigir um olhar sequer. Não parecendo que tinha deixado praticamente toda a sua cabeça bagunçada. Porém, apesar desse fato estar bem presente na sua mente, Luz não pode deixar de pensar que mal se lembrava da última vez em que tinha visto a ex-namorada tão animada assim. Isso fez seu coração acelerar. Só pouquinho. Quase nada.

– Achamos ele!

– Ele? – Luz franze as sobrancelhas.

– O cara que tá te acusando de plágio! O nome dele é Hunter e ele está.. – Os olhos de Amity desviam-se para atrás dela e a mais baixa sente seu coração apertar ao observar a roxeada murchar como uma dormideira na estrada. O brilho de seus olhos se apagou quase que instantaneamente, seus ombros caindo como se um peso tivesse se instalado nele. Apesar disso, a mesma tratou de arrumar a postura rapidamente, alisando o terninho feminino cor de rosa nervosamente para tentar disfarçar a queda brusca de humor. Ela parecia exausta. – Desculpa, você está ocupada? – pergunta, o tom de voz rouco, como se algo estivesse preso em sua garganta.

Luz franze ainda mais o cenho, confusa. Por que Amity ficaria assim do nada?

Então ela se lembra de Vee e abre mais a porta, se virando para trás.

– Desculpa Vee.. –  pede a morena. – Isso parece ser importante. Continuamos depois?

A mulher de mechas verdes assente gentilmente, porque apesar de sua fachada de durona, ela sempre foi muito gentil. Qualidade muito apreciada por Luz, aliás. Gentil e assertiva. Uma beta perfeita.

– Claro! – responde pegando sua bolsa de cima do sofá. – No mesmo horário semana que vem?

Luz coça a nuca, meio envergonhada. Ela queria que a resposta fosse sim, todavia estava passando por muitos bloqueios criativos ultimamente. Ter conseguido escrever de ontem para hoje tinha sido quase um milagre, levando em consideração os eventos recentes. Contudo, apesar das perturbações sofridas, o gesto de Amity a deixou...

A fez...

Ela sentiu algo, ok? Algo que aflorou sua criatividade, só isso, nada demais, nenhum motivo para se prolongar pensando muito sobre.

– A gente vê. –finalmente responde.

Vee ri. Ao sair, a mulher bagunça seu cabelo e beija o topo de sua cabeça, o que a deixa ainda mais envergonhada, fazendo suas bochechas esquentarem.

– Não se cobre muito, pequena – se despede, e por educação também cumprimenta Amity na saída, que lhe dá um aceno de cabeça em resposta.

Amuleto - Lumity (Adaptação) Onde histórias criam vida. Descubra agora