DÉCIMO TERCEIRO

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No fim das contas, elas não encontram Hunter. O que não acaba sendo uma grande surpresa para as mulheres - apesar de deixá-las decepcionadas - afinal, falta um dia para a audiência e é domingo. Se ele quiser aparecer com antecedência no tribunal, faz sentido que já tenha saído.

Depois de verem o casebre vazio, Luz passa um longo tempo olhando para a construção, paralisada. Ela está percebendo o que terá que fazer a partir de agora. E mesmo que não pareça tão ruim quanto antes, ainda a assusta.

– Sinto muito – Amity sussurra, como se precisasse dizer isso, mas não tivesse certeza se devesse.

A escritora respira profundamente e depois se vira em sua direção, fitando olhos ambar tristes. Ela sorri para roxeada.

– Tá tudo bem. O importante é que você tá bem.

Amity não sorri como Luz esperava. Ao invés disso, ela desvia o olhar do seu para a casa, uma expressão de dor que, infelizmente a cacheada está ficando habituada, cruzando o seu rosto. Então, para o choque da mesma, a mão da advogada se move até perto da sua e seu dedo mindinho agarra o seu. Ela ergue a cabeça lentamente e seus olhos se encontram, os dela brilhando com determinação selvagem e inspiradora.

–Eu vou vencer esse caso. Eu juro – promete.

Luz aperta seu dedo no dela, sorrindo pela reação.

– Eu acredito em você.

[...]

A escritora separa seu diário e todas as cartas que tem guardadas com o coração na mão, torcendo para que essas provas não precisem ser usadas. Ela veste seu único terninho de cor preta por fora e vermelha por dentro, prende o cabelo em um rabinho em sua nuca com fios soltos e faz um delineado preto. Está insegura, mas se vestiu para vencer.

[...]

Luz entra no tribunal para encontrar Amity séria em um terno cinza segurando um copo de café para ela, como se adivinhasse que com a correria, a mesma tinha se esquecido de tomar o seu. A morena percebe que a roxeada a dá um discreto sobe e desce e logo em seguida suas bochechas ficam rosadas. Luz sorri, um calorzinho traidor se espalhando por seu peito com a atenção. É bom saber que ela ainda causa efeito sobre Amity, mas perigoso também. Pode levá-la direto para um lugar que ela lutou muito para conseguir sair.

– Confiante hoje? – a mais baixa brinca quando a mais alta estende o copo de na sua direção.

Amity sorri sem dentes, todavia não lhe chega aos olhos.

– É o que vamos descobrir. – A mesma olha para a pasta que Luz tem em mão. – Então isso é o que vai ser nosso cavalo de Troia? – brinca.

– É. Vamos esperar não precisar usá-lo – responde, receosa.

A lisa assente, entendendo o lado dela. A cacheada vê a mão da mesma se movendo em direção a sua, como se quisesse fazer a mesma coisa que fez no casebre, mas ela volta para o lado de seu corpo no meio do caminho. Ao invés do movimento, seus olhos encontram os seus e ela dá um sorriso ínfimo que parece dizer "vamos fazer isso". Luz sorri de volta, se aproxima e faz o que Amity não teve coragem, pegando seu dedo mindinho.

– Eu ainda acredito em você – sussurra.

A ex-namorada sorri de verdade dessa vez, emocionada, apertando seu dedo no dela.

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