Peregrinos

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POV WEDNESDAY

- O que uma aberração de Nunca Mais faz à solta por aqui? - um dos garotos vestido com uma fantasia de fanático religioso me pergunta numa tentativa falha de me amedrontar.

- Essa mesa é nossa - um outro garoto diz, se eles estão achando que vão me intimidar assim e me fazer sair daqui sinto em lhes informar que não vai rolar.

- Por que estão vestidos como fanáticos religiosos? - faço a pergunta que está rodando em minha mente desde que vi eles entrarem pela porta da cafeteria.

- Somos peregrinos - um deles me responde.

- Dá no mesmo - falo sem nenhum tipo de interesse.

- Trabalhamos no peregrinos - ele diz pondo um cartaz em cima da minha mesa.

- Tem que ser muito estúpido para dedicar um parque temático à fanáticos religiosos responsável por genocídio - penso alto e vejo que a minha fala acaba irritando um deles porém eu não me importo afinal de contas eu não estou mentindo.

- Meu pai é dono do Peregrinos. Quem você está chamando de estúpido? - é claro que o filhinho do papai iria tomar as dores do seu genitor.

- Se o sapato afivelado serviu - falo ao olhar diretamente para o seu calçado totalmente fora de moda e antiquado.

- Pessoal, já chega - Tyler fala numa tentativa inútil de fazê-los se afastar.

- Aí, não se mete Galpin - um dos peregrinos mais esquentadinho fala para o Tyler.

- Isso aí, não se mete - falo para o garoto padrão que me olha com o cenho franzido porém não diz nada apenas se mantém calado enquanto que a cena à seguir se desenvolve diante dos seus olhos.

- Diz aí bizarra, já brigou com um padrão antes? - um dos peregrinos me pergunta.

- Nunca encontrei um que desse conta - falo para ele - Boo! - bastou apenas eu dizer isso para que o seu medo fosse revelado, com raiva por ter sido assustado ele não perdeu tempo em me atacar.

O segundo peregrino avançou para me atacar porém sua investida foi em vão, eu segurei o maior deles pela camisa e pelo braço então o arremessei contra o seu amigo, ele se aproximou e tentou me acertar dos socos mas eu fui mais rápida e desviei dos seus golpes, consegui nocautear um com um salto seguido de um chute.

- Onde você aprendeu esses golpes de Kung fu? - Tyler, o garoto padrão da cafeteria me pergunta.

- Meu tio me ensinou. Ele passou cinco anos no monastério tibetano - falo para ele que ainda parece surpreso com o que viu.

- Ele era um monge? - ele me pergunta.

- Prisioneiro - falo e o vejo franzir o cenho.

- Pai? - ele pergunta assim que a porta da cafeteria se abre e um homem entra no estabelecimento.

- O que tá rolando aqui, Tyler? - o homem que eu percebo ser um xerife e também pai do garoto padrão pergunta para o filho.

- Eles estavam assediando uma cliente e ela mostrou quem é que manda - Tyler o responde.

- Essa coisinha derrubou três meninos? Você ajudou? - ele pergunta sem acreditar no filho, juro que não entendo o porque de todos me subestimarem.

- Nem deu tempo. Ela é muito boa - Tyler diz.

- Desculpe Xerife, essa jovem escapuliu de mim. Vamos lá Srt.Addams - a diretora Weems fala assim que entra no estabelecimento, é pelo visto a minha tentativa de fulga não deu certo.

- Espera aí. Você é uma Addams? Não me diga que Gomez Addams é o seu pai - o xerife pergunta porém eu me mantenho calada - aquele homem deveria estar atrás das grades por assassinato. Filho de peixe, peixinho é. Vou ficar de olho em você - ele diz.

(...)

Caminhei até a janela do meu quarto, era uma noite de lua cheia, os lobos estavam se preparando para irem para a floresta fazer aquele ritual de lobo, uivar para a lua. Enid não estava com eles, estranho.

Peguei o meu violoncelo e com a ajuda do mãozinha levei o meu instrumento para fora. Eu tocava o meu instrumento em uma sintonia incrível, toda a escola podia ouvir a melodia que o meu instrumento transmitia.

Diferente dos outros eu possuia um clássico orquestral que só era usado por mim para expressar as minhas emoções. Quando eu terminei de tocar pude ouvir a voz de Enid que estava do outro lado da sacada me fitando com seus olhos azuis.

- Isso foi... - Enid diz porém acaba se perdendo em suas palavras sem conseguir achar uma que se encaixe com a cena que testemunhou.

- Aterrorizante? - pergunto esperando por uma afirmativa da mesma.

- Bem, eu não dormiria ouvindo isso. Como passou esse instrumento pela janela? - ela me pergunta.

- Eu tive uma mãozinha - logo após dizer isso o mãozinha aparece e acena para a garota que diferente das outras pessoas não saiu correndo e gritando por aí.

- Cadê o resto dele? - ela pergunta.

- Esse é um dos maiores mistérios da família Addams. Por que não estava lá fora com os outros? - pergunto.

- Porque eu não posso. Isso é tudo que eu tenho - ela diz me mostrando as suas garras coloridas - minha mãe disse que alguns lobos são tardios mas eu fui no melhor licanologista. Eu tive que ir para Malwaukee, acredita? - Enid começa a tagarelar como sempre - ela disse que talvez eu nunca...você sabe - ela diz.

- E o que acontece depois? - pergunto curiosa em saber o final.

- Eu viro loba solitária - ela fala com uma expressão de tristeza no rosto - poderia ser expulsa da minha alcatéia sem a expectativa de achar um companheiro - ela fala porém eu não consigo ver o que tem de errado nisso.

- Não consigo ver o problema nisso - falo para ela.

- Poderia morrer sozinha - ela me diz.

- Todos nós morremos sozinhos, Enid - digo a ela.

- Você é muito ruim nisso...animar as pessoas - ela fala.

- Por que está chorando? - pergunto sem entender.

- Porque eu estou triste! Já chorou alguma vez ou é superior a isso também? - ela me pergunta então lembranças de quando eu era menor me vem a mente.

- Foi na semana depois do Halloween. Eu tinha 6 anos, levei meu escorpião de estimação, Nero, para nossa caminhada de todas as tardes e caímos em uma emboscada. Eles me perguntaram que tipo de aberração cria um escorpião como bichinho de estimação - falo ao compartilhar tal trauma com ela, não sei porque estou dizendo isso a ela só sei que nela eu posso confiar, não preciso fingir ser quem eu não sou, com Enid Sinclair eu posso ser verdadeira.

- Wed... - Enid me chama porém eu a ignoro e continuo a contar a minha história.

- Depois eles me seguraram e me fizeram assistir enquanto os outros encurralaram Nero e o esmagaram, estava nevando quando eu enterrei o que sobrou dele. Eu chorei até o meu coraçãozinho preto se partir. Mas lágrimas não consertam as coisas então prometi que nunca mais choraria novamente - falo me controlando para não derrubar mas nenhuma lágrima com essa lembrança dolorosa.
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Olá meus amores, tudo bem com vocês? Como prometido aqui estou eu com mais uma atualização.

As atualizações dessa fic vão ocorrer toda segunda-feira e pode vir a ser postado um ou mais capítulos por dia.

É isso pessoal, beijos e até amanhã.

Uma Addams em Nevermore Onde histórias criam vida. Descubra agora