A Missão da Luz e das Trevas

Paula

Nico sentiu um peso sair de duas costas, ele nem podia acreditar em quanto seu subconsciente estava agoniado com o garoto escondendo seus sentimentos. Mesmo depois do incidente com Cupido, ele ainda tinha dificuldade para se aceitar.

Ele começou a pensar em como ele reagiria mais para frente, tendo convicção de seu sentimento. Um pouco mais adiante na pousada, outra parede caiu. "Foco, Nico" o garoto disse a si mesmo. Se concentrou em suas forças e esqueceu temporariamente o que estava pensando momentos atrás. Agora não era hora de pensar em seu príncipe.

O menor tentou se levantar, mas isso fez com que um pedaço de ferro - de algo que o menor acreditava ser de uma mesa - quente pelas chamas caísse em cima de sua perna. Nico soltou um grito frágil graças a sua atual situação. O garoto ficou triste pelo seu azar,  pois justamente quando ele admitiu seus sentimentos pelo filho de Apolo, ele não teria mais como ficar com ele. Nico nunca foi capaz de enxergar as coisas pelo lado bom, mas nem o mais otimista dos otimistas seria capaz de ficar tranquilo estando na situação do menor.

Mas, de repente, ele começou a sentir sono. Um sono insuportável. Sentia sua visão pesar e começou a ser dominado pelo cansaço. O garoto entrou em pânico, ele sabia que não viveria para contar a história se ele dormisse agora. Ele estava confuso, normalmente logo após uma batalha ele ainda tinha adrenalina no corpo e não ficava cansado de imediato, então, o que estava acontecendo?

Ele olhou para a frente, o que foi necessário para outra dose de pânico. Outra empousai, essa dos cabelos ruivos, mas com o mesmo tipo de roupa e com pernas idênticas, estava na frente de Nico. Então o garoto se lembrou. Na hora de sua luta anterior com a última vampira, ele não parou para pensar nas características físicas da mulher, mas, agora, ele se recordava. A dona da pousada não tinha cabelos pretos como a outra empousai, mas sim ruivos como a que Nico via neste momento.

O garoto não precisou raciocinar muito para entender. A primeira vampira era apenas uma distração para cansar os garotos. A verdadeira Paula estava na frente de Nico neste exato momento, e, ao que parecia, era mais forte que a anterior.

- Durma, filho de Hades. Seus problemas desaparecerão - a mulher disse com voz pesarosa, causando à Nico um cansaço terrível. Ele resistia com todas as suas forças. - Eu disse: durma, filho de Hades, DURMA!!! - Paula falou com todas as suas forças.

Nico dormiu.

Ele estava consciente, como num sonho lúcido. Nico podia se ver em terceira pessoa, ao seu redor tudo estava preto. O garoto começou a correr, tentando sair, mas tudo que ele encontrava era mais e mais espaço que dava em todo lugar e lugar nenhum. Ele gritou, num desespero que ele não via a muito tempo. Ele se recordou do dia em que se fechou para o mundo.

"Pensando em Bianca de novo." Ele se repreendeu. "Não é hora para isso!! Eu preciso encontrar um jeito de fugir... Agora."

Na hora em que terminou o pensamento. A cena mudou. E, com horror, Nico percebeu que estava no mundo inferior. Como um morto.

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No momento em que a parede foi ao chão, Will voltou à realidade.

Ele estava longe do outro garoto, que não olhava para ele, mas, no momento em que o teto da pousada caiu em cima de seu amado, Will entrou em desespero.

Mas (ainda bem) Will, como médico, sabia que crises de pânico só atrapalhavam. Ele respirou e começou a se aproximar devagar do filho de Hades, já que a estrutura estava pendente.

Quando o filho de Apolo estava na metade do caminho, ele ouviu uma voz pesarosa de uma mulher, quando viu uma cabeleireira ruiva, o curandeiro percebeu que a empousai anterior (que havia paralisado Will, o deixando um tanto humilhado) era o menor dos problemas. Ele tinha subestimado a empousai, até ouvi-la usar seus poderes:

- Eu disse: durma, filho de Hades, DURMA!!!

O curandeiro sentiu o poder das palavras, mesmo estas não sendo para ele. Então, com horror, ele olhou para Nico, que estava inconsciente no chão. No momento, ele sentiu pânico, mas, muito depois, percebeu que foi ter visto seu amado no chão que salvara sua vida.

Isso pois ele foi atingido por uma onda de ódio crescente. Uma fúria que ele nunca havia sentido antes, ele não deixaria aquela mulher sair ilesa.

Will correu, ele não se importava com as chamas em seu caminho, na verdade, o maior sentia tanto ódio que tinha chances de ele fazer parte das chamas nesse momento. A empousai não o olhava, então ele pegou um pedaço qualquer de tijolo jogado de uma das paredes caídas e arremessou com força, acertando o rosto de Paula, que virou bruscamente a cabeça, olhando para Will:

- Hahahahah, isso é sério? Garoto, me respeite, eu trabalho com coisas interessantes. Faz tempo que venho procurando um dos filhos dos Três Grandes, e finalmente achei! Não é um qualquer que nem você que vai me interromper. - debochou Paula.

Isso poderia ter afetado Will, mas apenas aumentou seu ódio. Ele avançou em Paula e, a partir daí tudo virou um flash aos olhos do curandeiro. Ele podia perceber a estrutura da pousada pendendo, também entendia que os cabelos da mulher pegavam fogo, o garoto sentia seu rosto queimando por conta das brasas, mas isso já não importava para Will. Tudo aconteceu muito rápido, e depois de um tempo, Will escutou gritos de uma empousai que agora jazia entre montes de pó.

O garoto avaliou a situação do lugar: várias paredes tinham caído, revelando pessoas fugindo apressadas da pousada, que já estava totalmente em chamas. Will foi correndo até alguns destroços, pois, abaixo deles havia um Nico di Angelo morto.

A calma que Will estava sentindo se esvaiu, ele não estava com o mesmo equilíbrio que teria com qualquer outro paciente. Aquele não era qualquer paciente. Ele era o menino que Will amava, ele havia percebido isso momentos atrás, quando Nico e ele estavam abraçados na cama da pousada, mas esses sentimentos haviam se mostrado reais durante a luta, quando ele defendeu o garoto com unhas e dentes, e quando ele percebe isso ele vê o seu amado estirado no chão? Não, ele não poderia deixar isso acontecer. Will começou a usar de seus dons apolinos para ajudar o garoto, mas ele sentia o corpo de Nico gelado, e seus poderes medicinais podiam curar, mas não trazer de volta, a vida. Will estava a beira das lágrimas, porém permaneceu firme e esperançoso e continuou os encantamentos, levou sua mão ao peito de Nico, e pôs-se a cuidar do garoto.

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Nico via o mundo inferior. Ele nunca teve medo do lugar, mas agora era diferente. Nico tinha um trabalho para fazer, e o pior de tudo, deixara Will sozinho no meio de uma pousada em chamas com uma vampira psicótica. Ele não sabia o que fazer.

Até que uma aura amarela envolveu o garoto. Seu corpo, antes transparente, como o de um fantasma, agora estava sólido, mas frágil. Nico entendeu o que estava acontecendo. Aquele era o dom apolino. O dom da cura, mas Nico estava morto. Como isso era possível? Ele não queria saber, ele só correu, atropelou várias almas irritadas no caminho, mas ele não tinha tempo para pedir desculpas, apenas correu, correu e correu até encontrar a passagem de volta ao mundo mortal. Normalmente um morto não conseguiria voltar, mas Nico a encontrou com certa facilidade. Ele não sabia se era por ser filho do deus do submundo ou por estar sendo abençoado pela magia do deus-sol, mas ele precisava sair de lá rápido, antes que isso fosse impossível. Nico olhou para baixo e viu que a aura estava tremulando.

"O poder está enfraquecendo." Pensou ele. " Tenho que ir mais rápido."

Chegou até a passagem e a atravessou. De repente, ele abriu os olhos.

"Claro, aquela era minha alma, meu corpo continuou aqui na terra, então agora que saí do mundo dos mortos eu voltei para meu corpo." Ele explicou para si mesmo. Nem sabia como estava raciocinando tão bem nas situações em que estava.

Nico olhou para tudo. A pousada já era uma completa ruína em chamas, o fogo estava gradativamente se apagando, e Nico podia ver a sua volta um céu cheio de estrelas estranhamente iluminado. "Deve ser o fogo." pensou.

Mas ao se focar em sua visão principal, notou que não era. Ele podia ver um garoto dono de belíssimos olhos azuis e de uma cabeleira loira. Will estava com as roupas chamuscadas. Tinha marcas de queimaduras pelos braços inteiros e seu rosto estava sujo de fuligem e poeira. Mas ao olhar para os olhos marejados e para um Will cheio de felicidade com a cabeça de Nico deitada em seu colo, o menor tinha certeza que ele estava mais lindo do que nunca. E que ele tinha se apaixonado pela pessoa certa.