Embora Hermes fosse o deus dos viajantes, ele era péssimo com viagens.
Nico achou que seria muito mais fácil arranjar um carro voador, como o de Apolo, e levá-los em uma viagem tranquila (embora a viagem com o deus do sol tenha sido tudo, menos tranquila).
Mas, provavelmente, Hermes ainda não havia superado como Nico havia falado com ele, pois fez a dupla de semideuses viajarem em uma nuvem.
Sim, uma nuvem. E ela era exatamente como uma nuvem normal.
Os semideuses podiam sentir a mudança de clima nos lugares em que passaram sobrevoando. Embora tivessem passado por lugares não tão quentes, Nico suava frio. Nunca teve medo de altura, mas voar numa nuvem era uma experiência diferente de tudo que já tinha feito. Já Will, entretanto, sorria maravilhado, sentindo o vento no rosto o filho de Apolo estava com os braços abertos. Toda a felicidade do garoto desencadeou uma raiva no menor, ele pensava como Will estava tão despreocupado, visto que estavam indo diretamente para a Antártida lutar com a deusa da neve num lugar onde ela tinha enorme vantagem e a dupla não tinha ideia do que fazer.
O deus não sentia o impacto da viagem, mas, os semideuses mortais já tinham levado mais choques do que podiam contar, e a única preocupação que Hermes tinha com eles era que os garotos não caíssem dentro da nuvem. E Nico sabia que ele não estava fazendo isso por preocupação com eles, mas sim por causa de seus pais divinos que provavelmente ameaçaram o deus dos ladrões.
A hipótese de Nico foi quebrada.
Nico olhou para o maior, sorrindo despreocupadamente, até que seu rosto se tornou de repente uma mistura de terror. Isso assustou Nico, mas não teve nada que ele pôde fazer, pois em questão de milissegundos Will havia sumido, e Nico raciocinou com terror que significava que o filho de Apolo havia caído dentro da nuvem.
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Dentro da nuvem era escuro, extremamente molhado e Will sentia como se seu corpo fosse de outra pessoa, pois ele não conseguia ter controle algum sobre ele. No momento em que conseguiu sentir algo foi um formigamento passando por ele todo. Nesse momento Will soube que ia morrer.
Ele usou o resto de suas forças para se mexer dentro da densidade da nuvem. Will não respirava por conta da água e a eletricidade já tinha enrijecido todos os músculos de seu corpo. Apenas os deuses sabiam o motivo de ele ainda estar vivo. Will sabia que eles eram criaturas cruéis, e talvez estivessem castigando o filho de Apolo por ter fracassado, e agora ele viveria para sempre dentro da escuridão de uma nuvem medíocre. Aproveitando disso, ele ficou reto e ergueu um dos braços, num ato que ele, como médico, sabia que o ajudaria e que era uma posição favorável.
Porém ele sentiu algo logo em seguida, e não era um formigamento. Uma mão, Will pensou, uma onda de alegria o invadindo de repente. Conseguiu erguer o rosto para ver um Nico di Angelo encharcado, o rosto tomado pelo terror e dor da eletricidade o consumindo. Porém, seguiu determinado, segurou a mão levantada de Solace e, juntos, subiam para cima.
Era muito difícil simplesmente subir, visto que a eletricidade e a água faziam o processo ser muito devagar. Mas, para os semideuses, a maior dificuldade eram eles mesmos. Não admitiram isso, mas, todas as vezes que se olhavam seus corações erravam as batidas. Quando Nico olhava para Will ele sentia a calma no meio da escuridão, como um único lugar arrumado no meio de um quarto em zona. Já Will, quando olhava os misteriosos olhos escuros de Nico envoltos da névoa dentro da nuvem, ele sentia que o garoto era diferente. Diferente no sentido bom, como se tudo estivesse errado e ele fosse o único certo. Suas mãos se apertavam, com medo de um se perder do outro. Então, tudo fez sentido. Eles não queriam se perder, precisavam deixar o orgulho e o medo de lado e arriscar a única verdade que já poderia existir no Planeta Terra.
Como em um pensamento sincronizado, ambos avançaram. De repente, a densidade da nuvem já não parecia mais uma dificuldade. Nada mais parecia difícil. O momento que ambos anseavam a tempos aconteceu, e suam bocas se juntaram num selar. Will segurou a cintura do menor, que, por sua vez, agora estava com as mãos nos cabelos loiros do filho de Apolo.
Mesmo com os olhos fechados, eles sabiam exatamente o que fazer, agora eles já pensavam em uníssono, e seus corações batiam como um só. Will foi quem pediu passagem para a língua, cuja qual Nico permitiu sem devaneios. Os semideuses nunca sentiram tanto ódio por precisar respirar antes, mas então, quando seus lábios se separaram, e eles enfim surgiram acima da nuvem para encontrar um Hermes com uma expressão que seria... Preocupada?
- Uau, achei que vocês tinham morrido, demoraram demais. O que estavam fazendo esse tempo todo?
Nico corou. Will rapidamente respondeu o homem:
- Olha, é bem difícil submergir de uma nuvem. - ele disse. Hermes deu de ombros.
- Que seja. Aprendam a fugir de nuvens mais rápido.
Nico bufou. Will deu um sorriso bobo. Realmente amava quando o menor ficava irritado.
- É sério, garoto! - Hermes falou - Deu tempo de chegar a Antártida até que vocês voltassem!
Os semideuses deram um pulo. Olhando ao redor, viram a situação e rapidamente sentiram o clima frio atingir seus corpos. As várias geleiras e o vento gelado davam a justificativa.
Hermes riu com a reação dos garotos:
- Pois é. Nico di Angelo, Will Solace, bem vindos a Antártida.
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A Missão da Luz e das Trevas
FanfictionQuando os semideuses dos acampamentos Meio Sangue e Júpiter achavam que finalmente estavam em paz depois da vitória na guerra contra Gaia, Quione se junta a seres do mundo inferior para recriar o Cetro de Diocleciano, e Nico di Angelo e Will Solace...