Ao retornar para meu lar, deparo-me com Vittório à minha espera, o que me surpreende e deixa-o um tanto desconfiado.
-Vittório... O que fazes aqui?
-Há algo de errado, Selene?
-Não, Vittório, não há nada de errado. Eu apenas estava absorta em meus pensamentos quando me deparei contigo. Mas tudo bem, tu ainda não respondeste à minha pergunta.
-Tudo bem, menina. Sei o quanto és desatenta. Vim aqui falar algo de suma importância para ti. O rei Geoffrey uniu-se ao rei Erevan na caçada às bruxas. Conforme minhas fontes dentro do palácio indicam, ambos planejam investigar-te.
Sinto como se um punho tivesse atingido meu estômago diante de tal notícia.
-O quê? Não, ele não pode perpetrar tal afronta contra mim. Ele sabe que minha mãe era uma feiticeira; ele deve desconfiar que sou também...
-Selene, mantenha a calma. Poderás refugiar-te em Nigra, onde poderei protegê-la.
-Achas justo que eu passe o resto de minha vida escondida, fugindo daquele bastardo? Isso não ficará assim! - Digo, preparando-me para sair.
-Espera, Selene! O que diabos pensas fazer?
-Irei falar com o maldito do meu cunhado.
-Não faças besteira, por favor.
Assinto e saio em disparada, montada em Ébano, em direção ao castelo do Rei Geoffrey.
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Diante do rei Geoffrey, cujo olhar presunçoso denunciava sua ciência acerca da razão de minha visita, um diálogo tempestuoso se desenrolava.
-Ora, ora, duquesa, o que a traz aqui depois de tantos anos?
-Não me venha com gracejos, Geoffrey. Sabes bem o que me trouxe de volta a este recinto tão nefasto.
-Juro que não sei, minha querida... - Sua voz tentava ecoar inocência, mas o brilho malicioso em seus olhos desmentia.
-O que pensa que está tramando, planejando investigar-me junto ao rei Erevan?
-Tem medo de que descubram o seu segredo, querida? Receia que revelem sua herança bruxa, tal qual sua mãe?
Sinto meu sangue ferver, e minhas mãos, agora úmidas, anseiam por punição diante do homem que me desafia.
-Estou te advertindo, Geoffrey, desista desta absurda trama, ou tomarei medidas que a ti desagradarão.
-Não temo suas ameaças, Selene. Saiba que só cessarei quando vir o fogo consumir sua carne ou sua cabeça pender em uma guilhotina.
-Se assim prefere, que se faça a vontade de vossa alteza.
Após uma breve saudação, deixo o recinto, envolta em ira e confusão.
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No manto da noite, emergi de meu esconderijo, vestida humildemente e com a sombravéu aveludando meu semblante. Montada em Luminar, meu cavalo que repousava sob os cuidados de Don Vittório, cavalguei em direção ao castelo do rei Geoffrey.
À chegada, penetrei na buliçosa cozinha, onde serviçais se moviam em suas tarefas, tornando minha presença quase imperceptível.
-Com vossa licença, trouxe as ervas que o rei requisitou para um chá, a fim de aliviar a dor que aflige seu dente - falei, com suavidade, a uma jovem serviçal próxima à chaleira.
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Duquesa de Umbrafell ( Primeiro Livro da Duologia FILHA DA ESCURIDÃO)
Lãng mạnQuando ao invés da princesa, o príncipe se apaixona pela bruxa...