Selene Retrocedia ao lar, afligida pela perda de Elara, quando vislumbrei Alden perambulando nos arredores de meu castelo. Um sentimento de desgosto e desilusão me envolve, pois, ao me entregar aos encantos de Alden, minha existência se teceu em desgraças mais uma vez.
Ao divisar-me à distância, ele corre em minha direção.
-Selene! - Exclama, e vejo o alívio desdobrar-se em seu semblante. - Eu te busquei ao longo da noite, onde estivestes?
-Em Nigra,. - Respondo, minha voz impregnada de frieza.
-Deveria ter suposto que preferirias estar na companhia de Don Vittório. - Murmura, ciúmes se insinuando em sua expressão.
-Vittório me resgatou, eu estava perdida em minha melancolia, vagando pela floresta. - Relato de modo lacônico.
-Selene... Eu não tinha conhecimento do que ocorria... Não sabia...- Ele se justifica, aflito.
-Eu sei que não tens culpa, Alden. Possuis um coração nobre. - Afirmo com sinceridade. - Contudo, em minha vida, não há espaço para amores e corações benevolentes.
- O que queres dizer, Selene? - Indaga ele, angustiado.
-Estou pondo fim a nós, Alden. Minha escuridão inevitavelmente te mancharia. Estou apenas evitando esse destino.
-Selene, eu te amo, não faças isso conosco. - Suplica Alden, desesperado.
-Em minha jornada, só há lugar para a escuridão, Alden. Tua nobreza encontrará a felicidade ao lado de outra alma. - Digo com resolução.
-Selene...- Ele insiste, o desespero marcando cada sílaba.
-Não insistas, Alden. Peço-te que partas agora. - Ordeno, minha voz firme, mas impregnada de tristeza.
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No ocaso do dia, quando a luz já minguava, o rei determinou retirar-se para seus aposentos solitários. Há anos, ele escolhera dormir em uma alcova distinta da rainha. A nobre monarca resistiu e protestou durante muitas luas, mas, como a palavra do rei transcende sempre qualquer coisa, rendeu-se às vontades do esposo.
O rei, regozijado e contente com o destino que se desdobrava, finalmente lograra extinguir uma feiticeira após longos anos. Por um capricho do destino, a bruxa era protegida da Duquesa, que em breve seria acusada perante a inquisição por blasfêmia. Isso, por certo, seria o bastante para aniquilar suas chances de ascender ao trono.
Deitado sobre leito de plumas, sorri o rei em contentamento, mas logo esse sorriso fenecesse ao notar, ante a porta, uma figura familiar, o Lorde das Bruxas... Mas que diabos fazia ele ali? Que ousadia! Isso, por certo, seria motivo para a decapitação em praça pública. Erguendo-se com pressa, o rei contempla a ideia de enfrentar o cavaleiro misterioso. Ele empunha uma espada que repousa junto a sua cama, percebendo que o cavaleiro avança em sua direção.
-O que ousa fazer, maldito? - Vocifera o rei, tomado pela fúria.
O cavaleiro permanece em silêncio, observando-o imperturbável. O rei, já desprovido de paciência, investe contra ele, mas é desarmado com surpreendente destreza. O cavaleiro força o monarca a ajoelhar-se e se prepara para infligir a fatal sentença. Antes de concluir o ato, contudo, retira o elmo da armadura, desvelando sua identidade à nova vítima.
O monarca, à beira do desfalecimento, ao vislumbrar o semblante de Selene, desvendado sob a armadura do cavaleiro que ousara desafiá-lo, quase sucumbe à revelação.
-Maldita! Assim, eras tu o tempo todo?
-Sim, era eu o tempo inteiro. Se vossa majestade não fosse tão tolo, teria discernido. E, para responder à vossa primeira indagação, vim aqui para ceifar vossa vida. - Afirma Selene, com gelada determinação.
O rei, forjando um sorriso forçado, tenta encobrir o temor e pavor que o acometem naquele instante.
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Alden
Ao cruzar os corredores, defronte à porta que guardava os aposentos de meu pai, vislumbro, pela fresta entreaberta, uma cena assombrosa. Lá estava o Lorde das Bruxas, diante do corpo inerte e imerso em rubro de meu pai.
Adentro precipito-me, já empunhando a lâmina, com o fito de punir aquele que ceifou a vida de meu pai. Era imperativo vingá-lo, pois já perdera o amor de minha vida mais cedo, e não toleraria perder mais ninguém.
Ao notar minha presença, o cavaleiro fixa o olhar por tempo prolongado. Quando percebe que me lançarei ao ataque, empunha sua espada, iniciando um embate direto comigo. A contenda se torna cada vez mais intensa, pois o Lorde das Bruxas domina a lâmina com destreza inigualável.
Num momento de fortuna, testemunho sua queda, o cavaleiro indo ao solo. Dirijo minha espada em sua direção, pronto para encerrar sua existência. Contudo, algo chama minha atenção após o tombo: uma mecha de cabelos castanhos escapa do elmo da armadura. Imediatamente, reconheço os fios castanhos, a habilidade singular com as lâminas. Sim, era ela. Sempre fora ela. Por isso, não pôde salvar Elara, pois estava aqui comigo, lá estava Selene sob a armadura sombria do Lorde das Bruxas...
Ao abandonar a espada e recuar, proporciono-lhe o caminho para a liberdade. Ela se ergue, apresentando-se diante de minha figura, observando-me com meticulosidade. Num gesto de cortesia, inclina-se em reverência e parte pelo corredor adentro, deixando-me atônito e incrédulo com a trama que se desenrolara.
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Duquesa de Umbrafell ( Primeiro Livro da Duologia FILHA DA ESCURIDÃO)
RomanceQuando ao invés da princesa, o príncipe se apaixona pela bruxa...