⚜️Capítulo 4⚜️

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Ao cair do crepúsculo, na noite que sucedeu, quando as estrelas se acenderam como joias celestiais e a lua lançou seu manto prateado sobre as terras do reino...

Selene

Deslizo suavemente meus dedos pela superfície macia do vestido, habilmente bordado com fios de ouro. O tom de azul empregado no tecido é de uma profundidade fascinante, envolvendo-me em sua elegância. Pacientemente, aguardo enquanto Elara penteia minhas longas ondas castanhas, enfeitando-as com pequenas flores brancas. Uma pitada de cor em meus lábios e face é o toque final necessário para completar minha satisfação. Estou pronta para deslumbrar na corte, envolta na nobreza e na magia de Valória.

Minutos se passaram até que o cocheiro chegou, nos avisando que tudo estava pronto para nossa partida. Com Elara ao meu lado, dirijo-me para fora. A noite estava exuberante, as estrelas cintilantes brincavam em volta da lua, que naquele momento esbanjava todo o seu esplendor.

O percurso em direção ao reino de Valória prometia ser longo, já que a rota mais curta atravessava a temível floresta sombria, especialmente perigosa durante a noite. Escolhemos seguir por uma estrada mais larga, inicialmente ladeada por árvores suntuosas e gigantescas, cujo aspecto sombrio revelava formas assustadoras entre os troncos e a vasta folhagem.

Após longos minutos, a paisagem tenebrosa transformou-se em um vasto jardim florido. Flores de todas as cores e tamanhos decoravam o caminho, e seu aroma delicioso invadiu a carruagem, como se quisessem seduzir-nos. Olhando através do horizonte, era impossível avistar onde o belo jardim terminava. Confesso que por alguns segundos invejei sua beleza hipnotizante, só conseguindo desviar o olhar quando ele desapareceu de minha vista.

Ao cruzarmos a longa ponte de pedras que conectava os dois reinos, deparei-me com uma bela plantação de abóboras gigantescas. Assustei-me com o tamanho extraordinário de cada uma; pareciam esculturas cuidadosamente expostas para serem admiradas a qualquer instante. O encanto daquele cenário era como se estivéssemos entrando em um reino mágico, repleto de maravilhas e surpresas.

Ao adentrar as imponentes muralhas do castelo, deparei-me com a suntuosidade do grande salão. A vastidão do local, iluminado por tochas e lareiras, conferia-lhe uma atmosfera majestosa. Com passos cuidadosos, desci da carruagem, auxiliada pelo cocheiro, e ingressei no salão, repleto de música e conversas animadas.

Inesperadamente, notei que um silêncio pairava sobre o ambiente, e todos os olhares se voltaram para minha entrada. A desorientação e a vergonha tomaram conta de mim. Naquele instante, uma irresistível vontade de retornar ao meu lar apoderou-se de meu ser. No entanto, meu tão desprezível cunhado, com extrema rapidez, interveio, afastando-me dos demais e devolvendo àquele recinto a melodia das conversas, agora acompanhada pelos sussurros por onde meu caminho era traçado.

A situação, embora embaraçosa, acabou por se desdobrar em uma nova realidade. Cabeças viravam e olhares se cruzavam enquanto eu era conduzida pelo salão, acompanhada por murmúrios que tentavam decifrar a minha presença.

-O que diabos pensa que está fazendo? - Questiono com rispidez, desvencilhando-me de suas mãos nojentas.

-Não achei que viria até um banquete aonde só os nobres podem vir. - Sua voz é cheia de escárnio, o que me deixa um pouco mais irritada.

-Ora, Geoffrey, se um porco imundo como você foi aceito aqui, imagino que uma simples mulher como eu seria bem-vinda com facilidade.

Observo com satisfação o sorriso vitorioso do rei amargurado sumir, dando lugar a uma ira que eu costumava despertar com frequência. Antes de ouvir uma quantidade incontável de insultos saindo da boca imunda do rei Geoffrey, somos interrompidos pelo chamado para o início do jantar, seguido da cerimônia de noivado.

Duquesa de Umbrafell ( Primeiro Livro da Duologia FILHA DA ESCURIDÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora