Os fantasmas do passado

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As mãos de Gaara tremiam enquanto apoiadas na mesa ladeando a carta de Kóri

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As mãos de Gaara tremiam enquanto apoiadas na mesa ladeando a carta de Kóri. Ele se lembrava vagamente daquele dia aonde Kóri chegara com o pai... Lembrava que Chiyo e ele brigavam, Kóri ouvindo as palavras duras e cruéis sobre ela sem dizer nada. Coberta de sangue. Eles não tinham tido sequer o bom senso de lavar a criança de cinco anos do sangue da mãe e das pessoas que a mataram.

Kóri parecera uma aparição naquele dia. Os cabelos azuis claros com machas de sangue seco, sua pele e roupa numa mistura de sangue e areia... O cheiro pesado, salgado e rançoso do sangue dominava o cômodo. Sendo o jinchuuriki do Shukaku, nada daquilo assustara Gaara... Mas o desespero nos olhos dela sim. Era um pânico mudo, profundo demais para ser expresso fisicamente... Do tipo que te sufoca e soterra. Gaara conhecia aquela sensação, mesmo naquela época. Tinha seu tio, mas percebeu que a única pessoa que aquela menina tinha estava muito ocupado na outra sala discutindo para conversar com ela. Para consola-la. 

Então, ele tentou.

E depois, Kóri não foi capaz de olhar mais em seus olhos. Seu tio dizia que o Segundo a proíbira de se aproximar dele, assim como mantinha a menina ocupada com treinamentos severos tais quais seus irmãos lidavam. Todavia, Gaara sabia que ela o observava escondida em locais que não podia ser vista. Não quisera mete-la em problemas, então... Não disse nada. Um dia, ela partiu para Kirigakure e a humanidade de Gaara se foi quando seu tio tentou mata-lo.

Aquela carta... Kóri assumira mais do que riscos. Ela perdera muito por Suna.

Era apenas injusto que ela perdesse qualquer coisa por ele que apenas a feriu. Um momento aonde ele a ajudara aos cinco anos não apagava todas às vezes aonde Kóri aprendeu a não retruca-lo para que não a atacasse ou quando ela tentou reter sua mão implacável... E acabou com o pescoço repleto de hematomas... E, quando ele deveria não ser mais um risco, percebia que ainda era. Para a vida dela, literalmente, e, pelo visto, para seu futuro também.

– Eu não gosto dessas suas expressões. – Kankuro soou na porta e Gaara não o encarou. O irmão batera de frente com ele algumas vezes desde a partida de Kóri e não parecia ter um pingo da retidão da manipuladora de gelo quanto a ofendê-lo de qualquer forma. Gaara se lembrou de quando Kóri não conseguia olha-lo nos olhos e, até hoje, era difícil acreditar que era o constrangimento quanto aos próprios sentimentos e não puro medo. Kankuro entrou sem bater. – A carta da Hokage. Ocorreu algo?

– A carta não é da Hokage. – Gaara não queria nem pensar como Kóri conseguira enviar uma carta para Sunagakure como se fosse a Hokage. Não achava que ela usaria algo da época de espiã em Konoha, mas ele estava preocupado dela ser pega de alguma forma. O papel estava na mão de Kankuro em pouco tempo. Um leve sorriso se fez no rosto dele. – Finalmente essa garota descobriu que pode discordar de você. Ela está certa, sabe? Não cabe a você decidir por ela.

– Eu quase a matei. Pior do que matar, talvez. Não adianta dizer que não era eu, Kankuro, pois nasci com o Shukaku e morrerei com ele... É parte de mim e seria o meu rosto nas memórias dela. – Gaara retrucou, então deu as costas para o irmão. – Ela merece mais do que isso. Kóri merece alguém que possa ama-la de forma completa um dia, não alguém com quem viveria platonicamente.

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⏰ Última atualização: Feb 18 ⏰

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