Capítulo 1

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— Eu tenho um presente para você.

A voz de Jimin ecoa em meus ouvidos de repente, me fazendo dar um pulo no banco. Eu gosto de passar o intervalo das aulas sentado próximo ao jardim perto do prédio de arquitetura, porque além de ser mais bonito, também é menos movimentado.

— E o que você tem para mim? — O encaro, observando suas roupas escuras que combinam tão perfeitamente com seu corpo. — Se for outro bisturi, vou cortar o que você tem no meio das pernas.

— Você gostaria de usar o que eu tenho aqui de outro modo. — Provoca. — E o seu presente só será dado na minha casa. Dorme comigo hoje?

Com sua fala eu fico ligeiramente nervoso, mas opto por concordar com a cabeça ainda assim. Não há ninguém no mundo que eu confie mais do que ele, além de que é sexta-feira e eu não tenho compromisso amanhã pela manhã. Posso muito bem me dar ao luxo de fugir da rotina.

— Ótimo! Quer que eu busque você, bebê? — Pergunta na sequência. — Espera, o que houve? Você está com mais olheiras que ontem.

Fujo o olhar do seu assim que ele me encara com mais atenção, mas é inútil, ele já está ajoelhado na minha frente e segurando o meu rosto.

— O que ele disse? — Jimin pergunta, e meus olhos se enchem de lágrimas. — O que ele fez?

— N-nada, Ji. — Tento dizer, mas as lágrimas escorrem sem minha permissão.

— Bebê...

— Minhas encomendas foram revistadas antes que eu pudesse chegar em casa, eu comprei uma peça que estava rasgada em cima da minha cama e, bem, você sabe como acabou.

Não sinto uma faísca sequer de felicidade ao falar isso. Me dói a alma ser rejeitado desse jeito, ainda mais por uma coisa que deveria ser vista até mesmo como boba. Jimin não vai me julgar, no entanto, e isso me tranquiliza.

Eu sei que com ele sempre posso contar, não importa o que aconteça.

— Onde machucou? — Jimin pergunta carinhoso e baixinho.

— Foi só uma ameaça, mas eu não dormi. Fiquei com medo. — Respondo também em tom baixo. — Mas eu posso dormir com você mesmo?

— Foi o que eu convidei, bebê. — Ele sorri pequeno.

Mas é nítido em seus olhos que ele odeia saber o que houve e que vai me manter em sua casa por todo o final de semana para poder me distrair. As vezes nós ficamos em sua casa estudando, as vezes vendo filmes. Muitas vezes ficamos em silêncio.

O que importa, é que estamos sempre juntos.

Quando Jimin não está beijando bocas por aí, claro.

— Você sabe o que eu quero dizer. — Reviro os olhos. — Não me faça pedir para dormir na sua cama.

— Volto a dizer, foi o que eu convidei. — Ele dá de ombros. — Se você dormir no outro quarto, sabe que vou me levantar várias vezes para ver se você está bem, com frio, com fome e todas essas coisas. Melhor dormir comigo, me poupa o trabalho de sair da cama.

Sequer preciso o agradecer, porque sorrir na sua direção é o suficiente para que ele entenda o quão grato me sinto. Saber que tenho Jimin em minha vida é como ter o sol sobre minha pele em um dia de inverno. É aquela sensação de calor, sabe?

— E não é o ideal, mas ao menos por enquanto... — Jimin começa de novo, cutucando minha perna como gosta de fazer para me incomodar. — Pode enviar suas encomendas para a minha casa, não vou abrir nenhuma. Exceto se for de sex shop, eu tenho o dever de fazer deboche.

Delicate | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora