Epílogo

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Ser médico não é uma tarefa fácil. Há quem faça unicamente por dinheiro, mas eu, sendo honesto, não conseguiria ter essa como minha única motivação, uma vez que a dificuldade diária para enfrentar minha profissão é um grande desafio. Ainda assim, além de financeiro, eu tenho um reconhecimento que nada no mundo é capaz de substituir: sorrisos que, na maioria das vezes, sequer são cheios de dentes.

Eu adoro uma boa janelinha em uma boquinha de criança.

Porque sim, eu me especializei em pediatria.

Algo sobre isso me faz feliz ao lembrar da formatura, a da faculdade de Medicina, antes de iniciar minha especialização. Eu tinha meus sogros comigo, meu namorado e o vovô Park, mas... meus pais também estavam lá. Acho que foi a primeira vez na vida em que eu os vi orgulhosos de mim, orgulhosos de verdade.

Eles me abraçaram, elogiaram e deixaram claro que eu seria um incrível médico. Meu pai disse que depois de tudo, não merecia estar presente em minha vida. Eu o disse que ele poderia estar, se me pedisse desculpas e me aceitasse. Ele pediu perdão, assim como minha mãe, e eu converso com eles de tempos em tempos. Nossa relação nunca voltou ao normal, mas eu me sinto melhor por saber que esse buraco em mim voltou a ser preenchido.

Vovô Park me deu um anel de formatura como presente e disse que mais do que orgulho, ele sentia muita felicidade em estar comigo em um momento tão importante, após toda a minha dedicação e empenho.

E Jimin... Jimin vibrou por mim do mesmo jeito que eu vibrei por ele em sua formatura e quando ele se tornou líder de projetos e equipes em seu trabalho.

Atualmente, eu estou trabalhando em uma clínica. Eu tentei o hospital, durante minha formação em pediatria, mas a emergência foi além do que o meu psicológico podia suportar. Essa etapa e a de oncologia, quase me levaram a depressão e eu percebi que tinha outros meios de ajudar, que não me deixariam incapaz de exercer minha profissão com excelência. Saber o seu limite também exige coragem, afinal.

Jimin me apoiou em todos os momentos, e ele me ouve todos os dias falar exaustivamente sobre os casos que eu vejo, sobre como as crianças são incríveis e sobre como eu consigo melhorar a vida delas nos mais diversos jeitos. Seja um medicamente para uma garganta inflamada, seja um encaminhamento para uma fisioterapia após um osso quebrado. Isso no que abrange de modo amplo minha profissão. Porque o que eu mais gosto, é de acompanhar o crescimento dos pequenos, ver cada um se desenvolver ao seu modo e entender que cada um tem seu tempo – dentro de tudo que se é esperado pela medicina que conhecemos hoje.

Em resumo de tudo isso, eu posso dizer que apesar das dificuldades, dos desafios cada vez mais intensos, minha vida é incrível hoje.

Desde a noite em que eu aceitei namorar com Park Jimin, nossa relação apenas melhorou. Eu ainda o tenho como meu melhor amigo, mas também como meu parceiro, meu companheiro, meu grande amor. Hoje nós estamos noivos, e sei que trocar de mão a aliança não vai mudar tanto assim o que nós já vivemos.

Nós saímos daquele apartamento com dois anos de namoro e fomos morar em uma casa. Uma casa que fica ao lado do vovô Park que, quase aos noventa anos, exige um pouco mais de cuidado do que antes. Eu e Jimin pagamos uma cuidadora para estar com ele quando não podemos, mas quase todas as noites fazemos a última refeição do dia com ele, jogamos cartas ou assistimos filme, fazemos companhia, o damos seus remédios e esperamos que ele durma.

Ele não tem nenhuma doença, o que é quase um milagre. Ele toma medicamentos para a reposição de algumas vitaminas e, especialmente, para dormir melhor. Jimin se despede dele todas as noites temendo que não o tenha mais no dia seguinte, e eu o tranquilizo que, diante a saúde dele e a idade, é possível que ele se vá dormindo, sem sentir dor. Isso não melhora a situação, mas ameniza o nosso sofrimento que virá de qualquer forma.

Inclusive, Vovô Park diz sempre que espera que sua esposa o busque qualquer noite dessas, para que ele possa viver a eternidade com ela.

Quando eu digo a Jimin que penso o mesmo sobre ele, primeiro ele me chama de doido, depois diz que sou o amor da sua vida e que jamais me perdoaria se a morte nos separasse. Ela não vai separar.

Nesse momento, enquanto penso sobre isso, eu o observo dormir sobre minhas pernas no sofá. É meu dia de folga e ele chegou exausto após um dia de treinamento intensivo para estagiários da sua área da arquitetura. Ele treinou muito antes de fazer isso e não dormiu direito nas últimas noites. Quando me viu, ele simplesmente se aconchegou em mim. Eu mal iniciei um carinho em seus fios e ele já apagou.

Eu sigo com a minha paixão por saias, e Jimin segue viciado em me ver vestindo cada peça dessas, seja no intuito de me sentir bem ou no de agradar a ele.

Nossa relação só melhora com o passar dos dias.

Eu amo a delicadeza do seu olhar sobre mim e o amor que partilhamos diariamente.

Eu amo saber que em breve teremos uma cerimônia em comemoração a esse amor.

Eu amo saber que, todos os dias, eu tenho a alegria de estar junto com Park Jimin.

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Confesso que eu mesma me decepcionei comigo por terminar essa história tão rápido, mas eu não achei um plot tão profundo pra desenvolver muito. Sei que ficaram esperando a primeira vez detalhada, mas resolvi que futuramente (ainda esse ano, possivelmente), eu faço um bônus bem safadinho pra vocês ♥

Beijinhos e até minhas outras histórias ♥

Delicate | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora