Capítulo 4

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As palavras de Jimin seguiram ecoando repetidamente em minha cabeça. Mesmo quando uma lágrima escorreu por sua bochecha, e eu sequei, nós ficamos em total silêncio. Ele dormiu contra o meu peito, eu acariciei suas costas, mas me senti incapaz de falar o que quer que fosse, visto porque não tinha o que dizer.

Jimin estava bêbado. E Jimin bêbado é sinônimo de um Jimin perdido e que fala muitas besteiras, as quais sequer se lembra no dia seguinte.

Sua confusão devido a bebida só serviu para me deixar atônito e iludido, no fim das contas.

Ao acordar na manhã seguinte, Jimin não está mais ao meu lado. Eu devo ter dormido em algum momento enquanto pensava de novo e de novo no que ele me disse. Ao me levantar, tomo um banho rápido para acordar melhor, visto uma roupa confortável e deixo minha mochila pronta para voltar para casa.

Ainda é estranho chamar a casa de Jimin desse jeito, como se ela fosse minha, mas eu me sinto melhor lá do que em qualquer outro lugar. Acho que essa é a diferença entre uma casa e um lar, no fim das contas.

Quando chego na cozinha, vejo a mesa de café da manhã me esperando.

— Vovô está fazendo sua caminhada matinal ao redor da casa. — Jimin comenta, sorrindo fraco. — Ele já comeu, mas eu estava esperando você. Dormiu bem, bebê?

É óbvio que ele não se lembra da madrugada. A amnésia de um bêbado não pode ser contestada, e eu não vou forçar sua mente a pensar nisso. Porque se foi da boca para fora, o único que vai sofrer sou eu.

— Dormi pouco, fiquei cuidando de você. — Dou de ombros. — Não está com dor de cabeça?

— Menos que o normal, eu nem bebi tanto. — Ele sorri para mim. — Consigo me lembrar perfeitamente de tudo o que fiz ou deixei de fazer.

Eu não olho para ele, apenas concordo com a cabeça. Eu não quero me iludir, já é doloroso o suficiente ser apaixonado por Jimin, eu não quero que ele me faça pensar em algo que não vai para frente. Eu o conheço o suficiente para saber que ele gosta de se divertir, mas que quando encontrar seu par perfeito vai ser só esse para o resto da vida.

O meu medo é que eu seja apenas para a parte de diversão, e isso me incomoda muito.

— Bebê... — Ele me chama baixinho, se sentando na minha frente e esticando a mão até que toque na minha. — Você não precisa evitar de me olhar por conta do que eu disse. Eu sinto muito se extrapolei o limite da nossa amizade, mas não vou culpar a bebida por algo que eu disse com total consciência.

Disse? Ele não falou por estar bêbado? Ele... ele quis mesmo dizer isso?

— Eu achei que não se lembrasse. — Resolvo dizer. — Ou que fosse da boca para fora.

— As vezes eu pareço ter vindo com defeito de fábrica, eu sei. Não sou o tipo ideal para se apresentar aos amigos, família ou o que for, então... — Ele diminui o seu tom e desvia o olhar do meu. — Eu só queria pedir desculpas, ok? Acho que pelo bem da nossa relação, é melhor deixarmos isso de lado. Podemos fingir que não aconteceu, que foi um devaneio. Você parece preferir assim.

Eu não sei o que eu prefiro na atual conjuntura, mas resolvo não abrir a boca e dizer qualquer sílaba que seja, porque não quero que o clima que já está estranho fique ainda mais pesado.

— Está tudo bem, mas ainda vamos conversar direito sobre isso. — É o que escolho falar ao meu melhor amigo. — Sem segredos entre nós, lembra?

— Sim, me lembro. — Ele sorri pequeno ao dizer. — Já disse que amo você?

— Já disse que também amo você? — Rebato.

Delicate | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora