Capítulo 3

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Eu tomei a minha decisão. Não sei se haverá arrependimento de minha parte, mas sei que, para o atual momento, eu fiz o que julguei ser certo. Família, seja de sangue ou não, é formada por pessoas que te acolhem, te protegem, te aceitam, te respeitam e te amam.

Eu não tenho nada disso dentro dessa casa em que vivi em todos os meus vinte e um anos.

Mas com Jimin? Eu sempre tive. Sempre e sempre. Mesmo quando eu não entendia o porquê. Mesmo quando eu me sentia livre por estar entre seus braços menores que os meus e tão protetores que me faziam sentir que ali era o meu lar. Jimin sempre foi o meu lar.

Assim como ele me disse dias atrás que tem medo de eu encontrar alguém e mudar com ele, eu também tenho esse receio. Também sinto dor em meu peito por pensar que uma das tantas pessoas que ele beija em suas saídas pode se tornar dona de seu coração e do meu sorriso favorito, aquele que ilumina os dias mais tempestuosos da minha vida.

Ainda assim, sei que em ambos os casos, seja eu com outro alguém ou ele encontrando o seu amor, haverá respeito. Eu vou aceitar, mesmo que doa. E ele também vai.

O que dói em meu peito agora, é entender que aqueles que deveriam me amar, apenas fizeram uma última ameaça ao alegar que eu nunca mais teria um lugar para voltar caso escolhesse ir com Jimin. E mesmo com essa fala deles, eu arrumei as duas malas grandes que eu tinha, com a ajuda do Ji, e me sentei no banco do carona do carro dele.

Eu não tinha muito o que trazer comigo, sendo sincero. Meus materiais da faculdade ocuparam uma mala inteira e, na outra, eu coloquei as poucas roupas que tinha. Meus pais sempre me deram o básico e não vou reclamar a respeito disso, as poucas roupas extras que eu tinha provinham do meu esforço com os bicos que encontrava.

— Eu tenho um emprego para você. — Jimin comenta, quebrando o silêncio no veículo e nitidamente querendo me distrair.

Quando não me sinto bem, ele sabe que o silêncio piora meu caos interno e me faz pensar em tudo de ruim que se é possível. Por isso, agradeço por ser tão transparente para ele e por, ainda assim, ele saber como me ler.

— Meus pais não estão conseguindo ficar com o meu avô, eles estão trabalhando muito e viajando por conta do emprego também. Eles precisam de alguém que fique com o meu vovô. — Jimin sorri pequeno.

Ele é apaixonado por seu avô, como se esse fosse o seu segundo pai. E ele é um senhor incrível, eu mesmo o adoro e amo ouvir suas histórias sobre a juventude e sobre o grande amor de sua vida, que infelizmente é a causa de sua maior dor agora. A avó de Jimin nos deixou há dois anos e alguns meses, e o avô, Sungjin, se desestabilizou por inteiro.

— Mas eu estudo muito, Ji, eu ainda seria uma boa companhia? — Pergunto um pouco triste.

— Ele sabe ficar sozinho, Goo, mesmo aos oitenta anos é extremamente lúcido. Nós só não queremos que ele fique a sós o dia inteiro, isso pode agravar a tristeza dele. Mesmo que seja por poucas horas, vai fazer bem. — Jimin explica. — Meus pais estão dispostos a pagar um bom valor, e eu posso buscar você quando sair do meu trabalho e vamos juntos para casa.

Jimin já está no mercado de trabalho da arquitetura mesmo sem ser formado, o que é muito bom. Eu poderia estar, mas trabalhos administrativos geralmente não contratam futuros médicos, e o ramo da medicina não pode ser executado sem uma formação. Por isso, eu sigo na luta, mas sigo orgulhoso do meu melhor amigo.

— Eu acho que vai me fazer bem, também. — Dou de ombros. — Obrigado por tudo isso, Ji.

— Você não tem que me agradecer. — Ele expõe, segurando minha mão durante o semáforo vermelho. — Você também é parte da minha família, e eu sempre estarei ao seu lado.

Delicate | jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora