Dormir com Jimin é sempre bom. Sempre mesmo.
Geralmente dormimos cada um em um canto, mas visto minha carência do dia, eu gostaria que hoje fosse um pouquinho diferente. Eu não disse nada, claro, mas estou torcendo que ele tenha captado as minhas intenções.
O problema é que minha mãe me liga assim que Jimin sai do banho. E eu não quero atender, não quero mesmo, mas meu subconsciente me trai e me faz pensar que eu devo satisfação a ela por ainda morar em sua casa. Porque é isso, é a casa deles, não a minha. Eu me sinto muito mais em casa quando estou com Jimin, e isso não depende de algum lugar físico.
— Alô?! — Infelizmente atendo, e deixo a ligação em viva-voz.
— Volte para casa, agora! — Meu pai grita.
E isso me faz ver que ele sabe que eu não atenderia se fosse ele a me ligar. Eu apenas atendi por se tratar de minha mãe. Isso só me deixa ainda mais chateado com a situação.
— Pai, eu não vou voltar. — Quase sussurro.
Jimin está sentado ao meu lado agora e segura minha mão com força. Ter seu apoio sempre foi essencial para mim, mas nesses momentos se torna uma chama forte e gostosa no meu peito. Eu posso ter sentimentos a mais por ele, mas Jimin segue sendo o meu melhor amigo.
— Esse moleque está fazendo a sua cabeça, será que não percebe? Daqui a pouco estará usando maquiagem e cabelos compridos, virado em uma menininha. — Seu tom começa a crescer conforme ele vai falando, e lágrimas se formam em meus olhos. — Ou talvez você goste disso, não é? Talvez você goste de se tornar a menininha desse garoto. Escute bem, eu...
A voz de meu pai é cortada, porque Jimin desliga a chamada.
— Deita, bebê. — Ele me pede carinhosamente, colocando meu celular sobre a cômoda afastada da cama, provavelmente desligado ou no silencioso.
Na sequência, assim que me acomodo no colchão, ele me cobre, apaga as luzes e deixa aceso o abajur. Quando Jimin se deita ao meu lado e abre os braços para mim, me aconchego nele como sempre faço quando não me sinto bem, e então desabo como sei que posso. Eu só me sinto confortável assim para fazer isso, quando se trata dele. Sempre ele.
Jimin segue em silêncio, apenas me amparando, apaziguando o caos em que me encontro – seja fisicamente ou não. Meu psicológico está virado em uma bagunça tremenda, não sei dizer como tenho segurado tanto peso em meus ombros ultimamente.
— Ele não sabe o que está falando. — Jimin sussurra. — Suas roupas não definem seu gênero. E se você quiser usar maquiagem, isso também não muda nada. E você não é a minha menininha, que absurdo. Eu sinto nojo desse pensamento.
— Nojo de pensar em mim desse jeito?
— O quê? — Ele me olha, aparentemente confuso. — Você é homem, Jungkook. Não digo isso biologicamente, você se vê como homem. Não entende o que eu quero dizer?
— Não... — Confesso.
— Que você não poderia ser a minha garotinha. Mas pode ser meu garoto, isso pode. — Ele provoca, como sempre costuma fazer.
Na sequência, deposita um beijo terno em minha testa e me abraça com mais força. Se Jimin não gostasse tanto de se divertir com pessoas estranhas por aí, eu diria que em algum momento ele já sentiu algo além de amizade por mim. Só que nós somos íntimos a ponto de provocarmos um ao outro desde sempre.
Isso não significa que há algo nas entrelinhas.
— Pelo menos fiz você parar de chorar. — Ele dá de ombros. — Você não faz ideia do quanto me machuca saber o que está acontecendo dentro da sua casa, ainda mais porque não há nada que eu possa realmente fazer.
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Delicate | jjk + pjm
Fanfic"- Talvez você me ache estranho se souber como eu gosto de me vestir, Ji, porque não tenho coragem e muito menos apoio. - O que você gosta de vestir, meu bem? - Roupas que a nossa sociedade hipócrita e preconceituosa enxerga como erradas para mim." ...