CAPÍTULO 9

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L U C A S

À noite, Bastião arrumou uma rede para ele no quarto e me deu sua cama, aos meus protestos porque não queria tirar seu conforto após um dia de trabalho pesado, mas, ele também sabe ser cabeça dura e um tanto ameaçador. Achei melhor obedecer, porque achei muito tentador levar uns tapas na bunda, porém, estou exausto demais para isso.

— Se na rede for ruim, eu deito aí pertinho de você. – Piscou safado, e dou uma risada baixa.

— Você não perde uma chance. – Reclamo me divertindo com sua sedução. 

— Eu gosto de flertar. – Declara colocando sua mão para fora da rede e passando a fazer cafuné na minha cabeça. — Nunca tinha visto cabelos assim. Você é lindo. — Elogiou, e até inflo meu peito de satisfação. 

— Obrigado. – Sorri feliz e ele continuou a carícias nos meus cabelos, me fazendo piscar de sono.

— Se sente melhor? – Ele quis saber, me olhando com hesitação.

— Estou bem. – Sou sincero, mesmo que não tenha contado a ninguém sobre o beijo e a situação toda. — Está com você e sua mãe, ajudou bastante. Vocês são uns amores. Vou levar pra vida. – Declaro fazendo um beiço, com saudades de algo que ainda tenho.

Conversamos um pouco mais, até caímos no sono, e acordar apenas quando o celular do Bastião começou a chamar sem parar, e ele se levantou de um salto. Ainda é madrugada, e quando alguém liga em um momento assim, ja assusta a alma.

— Aconteceu algo, Selena? – Perguntou ao telefone, assim que atendeu. — Ho! – Fez cara de espanto, e me sento tentando ouvir o que está acontecendo. — Estou indo buscar. – Resmungou suspirando. — Não o deixem inventar de atravessar a ponte sozinho. Pelo amor de Deus. – Pediu parecendo apressado, enquanto pega uma calça pendurada e começa a vestir, antes que possa apreciar a visão dele apenas de cueca. — Obrigado! Nos vemos logo.

— O que aconteceu? – Também me levanto, esquecendo meus pensamentos atrevidos, para também me preocupar com sua expressão.

— O patrão tomou o porre, e está voltando pra casa. E ele está tentando passar morto de bêbado, na ponte improvisada. – Explica rapidamente, dando um suspiro cansado antecipado.

— Precisa de ajuda? – Me disponho já vestindo uma blusa, e torcendo para que diga que não precisa.

— Eu preciso. – Confidencia com hesitação. — Ele é um bêbado falador, então, se ele falar merda, por favor desconsidere, porque a ressaca que ele vai sentir, é o suficiente como castigo. – Praticamente implorou, e assinto calçando meu chinelo, disposto a apenas ajudar meu amigo a buscar aquele palhaço. – Obrigado.

Saimos com pressa, e nem mesmo um cafezinho cheiroso, teve chance. A estrada em direção ao rio está um lamaçal enorme, e o Bastião praticamente dirige pela grama ao lado da estrada, até chegamos no rio, e vemos uma comoção do outro lado das águas turvas.

— É disso que estou falando! – Bastião indicou o grande homem chorando do outro lado, enquanto as duas mulheres parecem consolar o infeliz.

— Está melhor que estava esperando. – Confidencio acompanhando o Bastião por uma vereda íngreme na borda do rio, e me apresso a ficar do ladinho dele, com medo das onças.

— Não precisa se preocupar, Lucas. É quase inexistente a chance de aparecer uma onça por aqui, ainda mais nesse horário. – Ele sorri me tranquilizando.

— Quase. – Resmungo ainda inconformado, e ele ri baixo. — Puta que pariu! – Abro a boca espantado, olhando para a ponte improvisada, que não vou atravessar por nada desse mundo.

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