Ao Nang parte 3

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"The longer we ignore it, all the more that we'll fight"

Love in The Dark
Adele

Natasit

Um canto de pássaros bem longe me acordou. As cortinas estavam fechadas, embora o quarto estava um pouco claro.

Encarei uma figura alta que estava dormindo no chão, usando sua mochila vermelha como travesseiro e um lençol fino como colchão. Seus braços estavam cruzados e seu rosto cansado.

Max tinha uma leve olheira no rosto. Não se comparava a ontem. Talvez ele não tenha dormido nos últimos dias. Foram dias turbulentos.

Peguei o meu celular para verificar as horas. Estava tão cedo. Um pouco depois de seis horas. E estava no meu penúltimo dia na cidade.

Sai da cama com cuidado para não acordar o Max. Mesmo que eu estivesse magoado com ele, não podia deixar de me preocupar. Ele não é qualquer pessoa.

Todos os meus questionamentos foram feitos durante o banho. Como ele descobriu onde eu estava? Será que ele não mentiu sobre meu pai não saber?  Por que ele está aqui? O que vai acontecer depois que ele acordar?

Um par de olhos me observou quando saí do banho. Ficamos em silêncio nos encarando. Nenhum de nós queria iniciar algo.

Não pude deixar de perceber que Max tentava pensar em algo a dizer. Talvez escolhendo melhor as palavras.

— Bom dia. — Ele disse. E pelo seu rosto, desistiu de falar o que queria. — Vamos passar em uma padaria para tomarmos um café.

— Aqui serve café. — Murmurei desviando o olhar para o outro ponto. — De 8h às 9h.

— E almoço? Serve aqui?

— Não, apenas café. Tem um restaurante no próximo quarteirão que serve almoço. Não sei dizer se é bom.

— Podemos ir no que está almoçando. Não há problema.

— Não estou almoçando, só lanchando.

Max não gostou do que ouviu. Seu olhar passou de preocupação para de repreensão.

— Você quer ficar doente?

— Não é da sua conta. — Respondi, logo vendo seu rosto ficar mais tenso. Max respirou fundo e levantou indo para o banheiro. Quando o seu chuveiro ligou, decidi descer.

Reconheci a moça da recepção e seu olhar se tornou preocupado e culpado. Eu não sei ser sutil em minhas emoções. Sempre ouvi que sou expressivo em excesso.

— A pessoa que você deixou entrar no meu quarto, vai me procurar logo. Diga que estou na praia em frente ao hotel.

— Sr. Tawan…

Coloquei a mão à sua frente a calando.

— Poupe as suas palavras de desculpa. É o melhor que pode fazer. Tenha um bom dia.

A manhã se desenrolava devagar demais, como se o próprio tempo estivesse relutante em avançar após a cortada que dei no Max.

Era tão óbvio que a nossa relação é a base de raiva e frustração.

Enquanto caminhava pela areia úmida, as ondas batiam ritmicamente na costa, como se tentassem acalmar a tempestade dentro de mim. Decidi entrar no mar, como uma forma de refúgio, deixando a água gelada envolver meu corpo e afogar meus pensamentos irritados.

No entanto, assim que me afastei da costa, percebi que as ondas estavam mais agitadas do que o normal. Logo me vi lutando para me manter acima da água, as correntes puxando-me para longe da segurança da praia. Porra! Eu havia perdido o controle.

Conquista Perigosa +18Onde histórias criam vida. Descubra agora