A mentira

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"Faça-me sentir que estou respirando, sentir que sou humano".

A little death
The neighbourhood


Max

Não lembrava quando tive paz em alguma fase de minha vida. As lembranças mais antigas eram de um homem que me salvou. Sr. Aks, ou peregrino, como todos o conheciam.

Ele me salvou por salvar a sua preciosidade.

Não havia nenhuma possibilidade de recusar a sua ajuda quando o peregrino me ofereceu uma cama e uma porção de Pad Thai. Não quando fazia oito meses que perambulava pelas ruas à procura de sobrevivências. Não quando minha alimentação se tratava de lamber as sobras de embalagens de comida.

Certa vez, depois que comecei a trabalhar com o sr. Aks, acreditei que as coisas tinham mudado - para pior - quando matei um homem. Um homem de família, que tinha uma esposa e três crianças.

Precisei de cerca de um mês para me recuperar.

O Sr. Aks havia entrado no meu antigo quarto, pegou uma cadeira e sentou a minha frente, quando eu havia acabado de acordar de um pesadelo. Não tinha percebido que havia lágrimas em meu rosto até ele falar.

- Aquele homem não merece suas lágrimas. -continuei calado, apenas observando o quanto aquele homem é elegante. Me perguntei se ele sujava as suas mãos como eu fiz. - Você quer sair daqui? Ir embora?

- Quero. -Respondi rapidamente. Ele sorriu de lado e assentiu. Logo, enfiou as mãos em seus bolsos de seu terno e tirou um dos seus charutos enormes.

- Então você vai voltar a morar na rua?

Aquela frase teve tanto impacto que as minhas lágrimas voltaram, junto com os soluços. O peregrino não esboçava nenhuma expressão. Meu peito doía só de lembrar a esposa chorando em cima do peito do falecido. Mas arriscaria dizer que doía tanto quanto voltar para as ruas.

— Max, aquele homem não merece suas lágrimas. Sou um grande conhecido, não posso mentir. Dos seus três filhos, uma delas correu até o meu carro e começou a bater muito forte na janela. Ela pediu para matar este homem, o seu pai. Inicialmente não queria, porque como poderia ouvir uma garotinha, certo?

"Mas eu lembrei do meu menino, Max. De Natasit. Eu, com certeza, ouviria meu filho. Aí a pequena Aom me contou que seu pai batia em sua mãe e que todo final de semana abusava dela. De uma garotinha de nove anos. E que ele tentou com seu irmão mais novo, de cinco anos, mas entrou na frente e acabou apanhando. Todo homem que matamos é um filho da puta. Não matamos inocentes. Nem mulheres e nem crianças".

— Mas se ela tivesse mentido, sr. Aks?

— Nunca matamos sem ter uma prova. Na mesma noite, um dos nossos homens foi até a sua casa e ficou escondido por três dias. E no terceiro dia, aquele caralho tentou a abusar, mas o matamos antes. Lembre-se, Max, nunca matamos inocentes. Você quer ir embora, Max?

Apenas neguei com a cabeça. Ele me observou por um tempo e depois foi embora. Então, soube que eu fazia o mal destruindo o mal.

Existem três tipos de homens na família Uareksit: os que cobram as pendências; os que matam os filhos da puta; os que protegem quem valeria a pena ser. Eu sou os três.

Sou o braço direito do peregrino já faz quase 8 anos. Sr. Aks fez questão de deixar isso claro para toda a comunidade. Com o tempo, ganhei um apelido: tigre.

— Vamos? - Zee me perguntou, enquanto baforava o seu maldito cigarro em cima de mim. Odiava quando fazia isso. — Estamos dentro de um carro, tigre, com as janelas fechadas.

Conquista Perigosa +18Onde histórias criam vida. Descubra agora