Capítulo 5 - Três Pontas

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Mais um corpo mais uma vítima.

—A esposa chamou a polícia assim que chegou em casa e viu a cena— Disse um policial assim que cheguei na casa.

Esse cara parece que não descansa nenhum dia. Passo pela fita amarela da polícia já entrando na casa, a entrada dá direito na sala e as escadas no segundo andar. Vou analisando tudo a olho nu, qualquer coisa fora do lugar já é o suficiente, mas nem um fio de cabelo vejo.

Vou para a cozinha ficando na entrada e tendo uma visão mais ampla do cômodo, vejo a garrafa de vinho branco mas onde estão as taças? Estão aqui na prateleira com várias outras, mas algo está faltando...

—Você, tire foto disso— Chamo a atenção de um fotografo da perícia para que ele apontasse a câmera para a prateleira cheia de taças.

— Por que as taças detetive Ortega?— Ele me pergunta e logo em seguida tira mais fotos.

—Olha, tá faltando o que aqui?— Ele franze o cenho não sabendo me responder —A única coisa que está faltando nelas é a poeira, apenas duas das taças estão limpas—

Pego dois sacos e coloco as taças delicadamente separadas. Olho para a porta da cozinha e vejo Sebastian me olhando e me dando um sorriso, vejo ele me chamando com o dedo para o andar de cima.

—Se prepare... ok?— Sebastian me para na frente de uma porta onde ele pega a maçaneta, aceno com a cabeça lhe dando confirmação de que eu estava preparada, mas eu não estava.

Puta que pariu.

Eu não sei se estava enjoada, ou surpresa, ou sei lá que sentimento era aquele, mas eu só sabia que estava em pé porque meus pés estavam andando em direção aquele corpo. Era um homem que estava sentado em um tipo de triângulo afiado de ferro e que perfurava a sua...

—É, o cara furou fundo a bunda dele. Sabe me dizer a possibilidade do porquê, detetive Ortega?— Rodrigo me despertou dos meus pensamentos com o seu comentário e uma pergunta.

—Ééé, o cara teve um ódio indescritível, e a criatividade também.

—Com a descoberta que você teve na cozinha, o que acha que aconteceu aqui? — Foi a vez de Sebastian de me perguntar, ele se vira para mim e espera minha resposta.

Tem muitas possibilidades, minha mente está fervendo com tantas. Fecho os olhos refazendo todos os passos desde que entrei na casa dos Larson's. É meio arriscado, mas é um palpite.

—Ocorreu um encontro sem que a esposa soubesse, os dois beberam, mas o único que ficou dopado foi a vítima, onde o assassino foi pra casa, pegou tudo o que queria e matou o senhor Matthew forçando ele a...

—A ter o ânus perfurado, certo Ortega?— Aceno que sim para Rodrigo que fez o favor de terminar minha frase.

A discussão sobre meu palpite durou quase uma eternidade, e olha que era apenas um palpite, mas estamos quase chegando ao perfil do serial Killer, tudo bem que não é um perfil detalhado, mas nós três chegamos à conclusão de que é um sim um homem com aproximadamente 1,87 de altura (para aguentar os corpos), escolhe vítimas que frequentam bares e... é homossexual.

— O que a opção sexual do cara tem a ver Sebastian? — É, a concordância parou aqui, para mim e para Rodrigo.

—Primeiro que é orientação sexual, e você acha que só porque tem apenas uma vítima que teve seu ânus perfurado que ele é gay?— Questionei.

Fiquei entre os dois, ouvindo e tentando não surtar com as atrocidades que meu chefe, vulgo Sebastian estava falando.

Encerramos as investigações na casa dos Larson's mas a discussão durou a viagem inteira quando voltamos a delegacia. Eu não fiquei muito tempo, já era quase nove da noite e aquela cena ainda não saiu da minha cabeça.

—Vê se descansa viu, eu sei que aquilo foi horrível já que foi sua primeira vez— Rodrigo chegou perto do meu carro assim que eu o liguei.

—Tá tudo bem, eu só vou dormir um pouco.

Ele me dá um pequeno sorriso, e pisca um olho pra mim.

De volta ao meu hotel, mais-menos um dia nessa carreira que eu tanto queria, mas tenho que admitir... aquilo que aquele cara fez foi incrível.

A Impiedosa que saiu da Caixa de Pandora (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora