Capítulo 2 - Investigation Boba Faz

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—Fala sério, temos a gravação e é melhor você dizer a verdade.

—Eu preciso alimentar minha família tá bem, eu não tinha outra opção. Era isso ou assaltar um banco desarmado.

Escuto o sujeito falando quase em lágrimas. Não tenho o que fazer, eu sei esse tipo de situação, mas não vai ser eu quem vai decidir o destino desse cara.

—Tá bem, terminamos aqui— Falo desligando o gravador de voz que estava em cima da mesa de ferro  —Mas eu quero que você procure um advogado público e tente ser honesto com o juiz—

— É só isso? — O cara pergunta e eu apenas aceno saindo da sala.

Depois que entrei para esse trabalho, fizeram o favor de me colocar em casos de roubo ou furtos. Passei em todos os testes com cem porcento de aproveitamento, mas tudo o que veem é uma garotinha de 1,64 de altura e com vinte e quatro anos. Não posso reclamar já sabendo que iria passar por isso, agora é só aguentar o resto do ano. Esses velhos se sentem ameaçados quando uma pessoa mais nova recebe um cargo alto como esse, alguns pervertidos até gostam de mim, mas mantenho a postura de profissional e como sempre, acabam achando que sou exibida.

— Ortega, o Mango tá te chamando na sala dele.

Aceno com a cabeça e me levanto da cadeira que acabei de me sentar depois da longa caminhada do corredor da sala de interrogatório. Vou até o elevador apertando o andar da sala do chefe, e fico pensando em qual caso medíocre ele vai me colocar agora, sendo que qualquer policial comum poderia fazer aquele trabalho.

— Pode fechar a porta e se sentar por favor — Faço o que ele me pede enquanto ele retira os óculos e deixa em cima da mesa.

— Não quero que você fale agora, apenas escute. Eu tenho um trabalho para você — Ele dá uma pausa longa e se levantando — Um trabalho muito sério e muito importante pelo visto... Você vai ter que investigar alguns homicídios que vem acontecendo no nosso vizinho, no Canadá —

Ele termina me olhando me dando a oportunidade de falar agora. Tudo bem que sou investigadora, mas homicídios? No Canadá?

— Ok... Canadá, não é? Quando eu começo? — Falo para Mango, mas pela cara dele estava confuso ou algo do tipo.

— Você só chegou a um ano aqui e tá aceitando esse caso de primeira? — Aceno com a cabeça freneticamente.

Eu estava esperando essa oportunidade na minha vida antes de ter entrado na academia de polícia, não posso sair desperdiçando essa única chance.

A conversa com o Mango foi demorada, o homem branco, barrigudo e um pouco velho me falava cada detalhe do que estava acontecendo. Queria ter visto as fotos dos arquivos, mas ele disse que está em sigilo com a equipe de Ottawa, teria que me virar com a minha imaginação. Pode ser qualquer coisa vindo de um psicopata.

Depois da longa conversa, Mango me liberou para arrumar minhas coisas e ir direto para o Canadá, mas eu teria que atrasar meu voo por alguns minutos. Teria que passar em casa para me despedir, e chegando nela avisto o carro do meu marido, devido ao seu trabalho ser mais perto que o meu ele sempre chega primeiro.

— Dan! Dan cheguei, e eu tenho uma notícia.

Falo sorrindo assim que fecho a porta atrás de mim. Quase saltitando, vou procurando por ele até chegar na cozinha, onde vejo ele preparando o jantar, e mais uma vez o cheiro da comida invade toda a casa (eu sei cozinhar, mas o Daniel supera tudo).

— Amor, cheguei — Falo lhe abraçando por trás e balançando ele de lá pra cá.

— É, eu escutei.

Ele diz sorrindo e vira para me beijar, abraço seu pescoço e começo com os carinhos.

— Cuidado, vai queimar — Ele me solta e se vira rapidamente para o fogão começando a ficar perdido.

Daniel e eu nos casamos ano passado, me estabeleci primeiro no meu emprego para decidir se casaria ou não, ele já trabalhava antes de mim e sempre investiu na minha autonomia. Dan é um homem muito bonito, mas não é musculoso, ele nunca foi de academia. Percebo que é mais bonito ainda quando vem me servir com esse prato de macarronada com molho branco.

— Aí eu tava desejando tanto — Falo a ele enquanto me entrega o prato na mesa. Ele ri de mim, provavelmente da cara que fiz.

— E então, como foi passar o plantão?

Ele pergunta e lembro do quase péssimo dia que tive, ou dias. O plantão foi sempre a mesma coisa pra mim, nada de casos marcantes, apenas alguns com êxito como um idiota que eu prendi em flagrante roubando uma lojinha local.

— A mesma coisa, só estou cansada da mesmice... AI MEU DEUS, você não vai acreditar — Digo espantando Dan que estava comendo.

— Essa é a notícia boa?

— Você não tem ideia, eu fui designada para um caso, UM CASO — Falo com o sorriso maior do mundo e me levantando da cadeira indo até a geladeira.

— Achei que você fosse tomar quando fosse promovida

— Eu sei, mas isso realmente merece um brinde — Falo enquanto vou tentando abrir o champanhe.

— Mas e aí, o que aconteceu para comemorarmos? — Dan diz enquanto me abraça e me beija logo em seguida.

— Eu vou para o Canadá resolver um caso de homicídio.

— Aí meu... você conseguiu, você é incrível. Quando você vai viajar?

— Amanhã! — Digo na lata, mas vi claramente Dan me olhar surpreso e se sentar na cadeira novamente.

— É é... tão cedo né? Achei que fosse daqui a um mês — Sinceramente, eu já sabia onde essa conversa ia dar.

Já estava esperando uma resposta surpresa, mas Dan é um homem com mente aberta e sempre respeitou minhas decisões, assim como essa não foi diferente. Depois do jantar, e depois de toda a conversa nos organizando e planejando o nosso futuro, ele me abraçou e disse para pegar esse filho da puta sem coração, eu ri pela moral que ele estava me dando, mas esse pensamento não saiu da minha cabeça desde que deixei o escritório. Eu vou pegar esse filho da puta sem coração, eu Jenna Ortega, investigadora de crimes do FBI.

A Impiedosa que saiu da Caixa de Pandora (Jemma)Onde histórias criam vida. Descubra agora