No dia seguinte, tudo foi relacionado ao trabalho. Deixei a ressaca e as memórias de ontem de lado e fui direto para o necrotério, os corpos dos assassinatos estavam na geladeira e esperando os investigadores (como se eles fossem para algum lugar). No mês passado, dois homens foram encontrados, foram mortos perto da virada de ano, as famílias ficaram sem seus parentes ano passado, como uma pessoa tem coragem de dormir a noite?
Um dos homens foi empalado ainda vivo, já o outro foi decepado e ainda estava vivo... Esse cara já passou de todos os limites de um serial killer, é com certeza uma das coisas mais absurdas que já investiguei.
—Tudo o que eu posso dizer sobre esse aqui, é que ele foi jogado em cima da estaca de madeira — O legista aponta para o homem que foi empalado, e continuou — O ferimento começa pelo anus e o fim da estaca termina na boca, deixando ele morrer em segundos.
Sebastian olha para Rodrigo como uma cara de "eu disse", e Rodrigo olha para mim revirando os olhos. Ainda tenho dúvidas sobre o palpite de Sebastian... no caso, o assassino ser homossexual com distúrbios.
—Tem algum sinal de luta corporal nesses dois? — Pergunto ao legista apontando para os corpos.
— Não, e nem nos outros vinte e sete que mandaram pra cá.
Lá se foi parte do meu raciocínio.
— Quais os horários das mortes?
— Entorno de duas da manhã, tem outros que foram mortes demoradas, quase vinte e quatro horas depois.
Alguns ele se livra sem muito tempo, não gosta de trabalho difícil, mas gosta de homens com quase dois metros de altura, além de mulheres que parecem estar em uma dieta rígida. Vejo Rodrigo me olhando atentamente com a mão no queixo enquanto Sebastian fazia outras perguntas para o legista.
— Aaa já ia esquecendo, eu não sei por que, mas eu decidi guardar isso, eu sei que damos para os parentes depois do enterro, mas foram tantas...
O legista tira de sua gaveta um saco com no mínimo vinte alianças e alguns colares personalizados.
Alianças. Que doente.
— É, parece que ele gosta de casados — Rodrigo diz dando um sorriso nasal, mas é claro que nem ele estava achando graça.
Estamos lidando com um serial killer que é obcecado por... pessoas que são casadas, essa é nova pra mim.
Agradecemos ao legista pelas informações e seguimos de volta a delegacia. Diferente dos outros dias de investigação, o caminho até o departamento foi silencioso, eu estava absorta em meus pensamentos e com certeza Sebastian e Rodrigo também. Aquele saco com alianças muda todo o rumo que estávamos indo, até porque estávamos indo para o pensamento de que o serial killer só estava matando pessoas aleatórias com um método sádico criado por ele mesmo.
— Ortega — Olho para cima e Rodrigo está apontando para o relógio digital em cima da mesa. São uma da manhã.
Entendo sua ordem silenciosa e pego meu casaco me despedindo deles logo depois, saio da sala e vejo que a delegacia está quase vazia. As horas voaram enquanto estávamos discutindo e nem notei as pessoas indo embora. Eu também preciso descansar. Na porta da delegacia, escuto um barulho irritante vindo do meu bolso de trás da minha calça. O meu celular tocava pela primeira vez vendo o nome de Dan na tela.
— Dan?
— Oi amor, como você tá? Você disse que ia ligar, lembra?
— Eu sei... é que a investigação tá um caos e eu to me-
— Tá se dedicando muito, eu sei, espero não tá atrapalhando
— Eu acabei de sair, to indo pro hotel agora... tava com saudade de ouvir sua voz — Acabo confessando.
— Eu to saudade de você... espero que esteja se cuidando, quero você inteira quando voltar — Rio daquilo, puxei o ar esperando que qualquer palavra saia da minha boca, mas nada saia. Ficou aquele silencio na linha, ele com certeza estava esperando que eu falasse alguma coisa, mas eu não conseguia dizer, não depois que eu fiz...
— Bom, vou te deixar dormir, você tem muita coisa pela semana. Eu te amo Jenna.
— Eu também, tchau Dan.
Eu já estava dentro do carro quando desliguei a chamada. Isso nunca tinha acontecido antes, as nossas conversas sempre eram calorosas até mesmo pelo celular. O que eu fiz? Eu estraguei meu casamento.
Eu acho que nunca contarei a Daniel que eu... traí ele, e eu acho que nunca contarei a Emma que sou casada, estou com vergonha da reação dos dois. Dan, eu nem consigo imaginar e Emma vai se sentir usada, será?
Respiro fundo e dou partida no carro, seguindo para o hotel e com a cabeça girando ao contrário com tantos pensamentos.
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A Impiedosa que saiu da Caixa de Pandora (Jemma)
FanfictionEmma Myers dá aulas de História em uma universidade. Ela gosta da sua cidade, gosta da sua vida, e odeia segredos... mas ela guarda um muito macabro. A traição atrai a Perdição. *Fic Original Minha* _Plagio é Crime_