Já faz quatro semanas que não saio do meu apartamento. Não vou a universidade ver meus alunos e nem atendo as ligações da coordenadora pedindo para voltar ao trabalho, não fiz nenhuma morte nesse tempo também. Não estou deprimida, pelo contrário, faço exercícios todos os dias e não mudei minha dieta, até melhorei por causa das não idas aos bares a noite, e quatro semanas foram o suficiente para eu pensar também. Pensar sobre a investigação também, eles pararam de me ligar, Jenna certamente deve estar evitando que façam isso, e eu agradeço por ela ter feito.
Agora são dez e quatro da noite, foi a primeira vez que sai do meu apartamento depois daquela noite na delegacia, e agora estou parada em frente ao hotel da detetive Ortega, e não, ela não é minha prioridade, ela tem algo mais divertido do que o corpo dela e eu quero isso. Saio do meu carro e vou em direção a recepção, pergunto em qual quarto minha amiga Ortega está e eles me indicam, quarto trinta e sete. Antes de bater na porta, escuto passos e o barulho da tv, vai ser tudo perfeito se minha ideia funcionar.
— Ah... oi, que horas é pra gente ir? — Falo animada assim que o marido da detetive abre a porta. Ele parece confuso pela minha pergunta e é claro que é assim que eu quero.
— Éé... oi, doutora né? Do que você tá falando?
— Da festa né, a Jenna está?
— Na verdade ela saiu faz um tempinho... me desculpa, que festa? —Ele me pergunta balançando a cabeça negativamente.
— Ai meu deus, era surpresa, não é? Ai desculpa, eu estraguei tudo — Finjo estar decepcionada comigo mesma.
— Não, não, tá tudo bem, só que ela disse que ia trabalhar até tarde hoje. E não me falou de festa.
— É porque era surpresa... era sobre só ter vindo visitar ela, mas não tem problema se você não contar, não é? — Pergunto e ele balança a cabeça rindo.
— Então, vamos, eu te levo lá — O Ortega desliga a tv e pega seu casaco que estava em cima da cama e me segue até para fora do hotel e entrando no meu carro. A primeira etapa já foi.
Dirijo pela cidade e vou lhe ocupando com perguntas básicas. Falo que íamos a um bar mas faço um outro percurso, um que vai para fora da cidade.
— Então, o que você faz da vida? — Lhe pergunto sem tirar os olhos da estrada.
— Eu sou estilista em Nova York.
— Nossa, deve ser bem famoso né, Jenna me falou bastante de você — Escuto a sua risada de orgulho e de apaixonado.
— É, bom, eu diria que sim... mas e você?
— Eu sou professora da Universidade de Carleton.
— Uau! Você é muito nova pra ser professora.
— Igual a Jenna, ela é muito nova pra ser investigadora não acha?
— Mas ela é muito boa no que faz — Vamos ver, pensei — É, o caminho para o bar é esse mesmo?
— Na verdade não, eu só tenho que passar em um lugar antes de irmos, eu esqueci uma coisa importante... e sabe, com tudo que tá acontecendo aqui, eu gostaria que você me acompanhasse. Tá tudo bem pra você?
— Tá sim, claro, deve ser difícil viver com esse medo o tempo todo, principalmente com esse maluco a solta.
— Na verdade, a Jenna me contou que descobriram que é uma mulher fazendo isso, rá, dá pra acreditar nisso? —Estávamos chegando na trilha que dava para meu galpão.
— Nossa, a Jenna não me conta sobre os casos dela, bom, eu também nunca perguntei sabe, porque é muita tragédia que ela vê, não preciso lembrar ela sobre tudo no fim do dia — Rio de sua confissão, fofo até.
— Essa mulher deve ser louca — Ele diz e eu estaciono o carro tirando meu sinto de segurança.
— Ela deve ser sim... sabe Daniel, a Jenna é uma mulher de sorte, eu consigo ver isso agora.
— Obrigada doutora, ela é a mulher da minha vida — Confessou com orgulho nos olhos.
— Da minha também — Falo e ele ri, mas é um sorriso confuso e que começa a se transformar em dor depois que injetei uma seringa com sonífero em sua perna.
Ele foi olhando para baixo até encontrar a mesma, ele abriu a porta do carro e tentou caminhar, mas já não conseguia nem ficar em pé direito. Saio do carro e vejo ele se arrastando até a porta do galpão me dando menos trabalho pelo menos. Pego na gola de sua camisa e término de lhe arrastar para dentro. Ele não estava totalmente apagado, só está lesado o suficiente para não levantar um dedo sequer.
Tiro seu casaco junto com sua camisa e logo depois sua calça, pego algumas correntes que eu já tinha utilizado antes e amarro nos seus pés, jogando a corrente em um gancho que estava no teto do galpão, faço força puxando a corrente até uma coluna próxima, mas longe para que o homem ficasse suspenso no ar e de cabeça pra baixo. Ele resmungava coisas sem sentido, provavelmente os sentidos estavam tentando voltar ao normal, então teria que me apressar um pouquinho.
Vou até a sua calça que eu tinha jogado e procuro por seu celular, volto até o homem pegando sua mão e desbloqueando seu celular com sua digital. Olho as suas mensagens, algumas do trabalho, outras que parecem ser de amigos e familiares, e uma dele para Jenna que não foi correspondida e dizia: tá bom, eu te amo Jen.
Mas não é isso que eu quero ver, abro o aplicativo da câmera e coloco em um ângulo que mostra perfeitamente onde ele está. Vejo ele se mexendo, o que significa que o efeito já passou, mas isso não vai me impedir do que vou fazer. Pego uma capa de chuva preta que tinha ali, ela dava até meus calcanhares, volto até o celular e coloco para gravar sem mostrar meu rosto é claro, vou até uma prateleira de ferramentas pegando uma foice com cabo longo, era pesada e estava afiada apesar de ser a primeira vez que vou usar. Ando de costas até o homem para não ser pega pela câmera, e paro na sua frente dando uma distância considerável, ele olha para mim e olha para o que está na minha mão para logo depois começar a se desesperar, começa a implorar para eu não fazer isso e bla bla bla, não ouço mais nada, não quero ouvir nada além da foice rasgando tudo de uma vez. Boto meu pé esquerdo na frente e levanto a foice o mais alto que posso, e com uma força e velocidade que eu acumulei dias, parto o homem ao meio parando no seu pescoço. Tudo o que segurava o resto de carne na minha frente eram as correntes que amarravam seus pés.
Saio do ângulo da câmera parando a gravação. Jogo a foice no chão e tiro a capa de chuva, me sento no chão cansada e suspiro forte, não sei porque, mas uma vontade de chorar invade e não impeço, sinto as lagrimas quentes caírem no meu rosto, mas eu sei que não é pelo que fiz, mas pelo que vem depois. Eu gostava dela e ela mentiu pra mim, infelizmente. Enxugo as lágrimas e passo as mãos no meu cabelo tentando me acalmar, me levanto pegando o celular e saio do galpão deixando tudo para trás, o corpo pingando sangue pelo chão, as tripas e todos os órgãos caindo lentamente, a foice, a capa e tudo.
Entro no carro e boto o celular dentro de um plástico e tiro minhas luvas. Agora é só esperar o meu eu do futuro fazer o resto.
Nota da autorª: eu fiquei com tantaaaaa preguiça de passar a limpo, desculpa.
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A Impiedosa que saiu da Caixa de Pandora (Jemma)
FanficEmma Myers dá aulas de História em uma universidade. Ela gosta da sua cidade, gosta da sua vida, e odeia segredos... mas ela guarda um muito macabro. A traição atrai a Perdição. *Fic Original Minha* _Plagio é Crime_